terça-feira, 30 de abril de 2013

"merde!"



                           
Dizem que, em Waterloo, Pierre Cambronne comandante da “Velha Guarda” intimado pelos ingleses a render-se teria respondido: “A Guarda morre mas não se rende”. Depois, novamente instado, respondeu simplesmene “merde!”. 
Respeitado e admirado pelo seu inimigo foi preso. Gravemente ferido teria negado a sua primeira resposta: “Não é possível eu ter dito isso. Não estou morto e não me rendi”.
Por cá e nos tempos que correm é quase tudo “une merde”.
Os políticos? "Une merde".Os senhores deputados? "Une merde". O governo (do PS, do PSD, daqueles mais CDS)? “Une merde”. Os autarcas (Isaltinos, Fátimas, Valentins, “Limianos”, etc)? “Une merde”. As administrações das empresas públicas? “Une merde”. A oposição? “Une merde”. Os processos judiciais que correm há uma dezena de anos (submarinos, facturas falsas, Freeport, Casa Pia e tantos outros) ? “Une merde”. O meu Sporting? “Une merde” (fizeram dele isso). Claro que há honrosas excepções.
Nós, cidadãos ignorantemente democráticos e medrosos dos papões (trazidos nos inícios do século passado pelos ventos do leste) estamos, de facto, mortos e fazemos de conta que nunca nos renderemos quando já estamos derrotados. Continuaremos a votar, ignorando a força avassaladora da grande abstenção, sempre na estulta esperança de que os que virão serão mais competentes, mais honestos, do que os que foram. Continuaremos a clamar “fascismo nunca mais”, não sabendo sequer o que “fascismo” é. Continuaremos a vitoriar uma revolução corporativa (porque o foi com ou sem cravo) confundindo-a com a conquista de uma liberdade que não necessitava dela para existir, como em Espanha se demonstrou.
Estamos cegos e surdos à “merde” que nos rodeia mas muito sensíveis, pela sistemática e programada lavagem ao cérebro levada a cabo pelas forças politicas hoje dominantes (nomeadamente em vésperas de eleições), ao que é considerado politicamente correcto (o que este texto não é).
E amanhã? Serão aquelas as detentoras do poder? Talvez não. Mas tudo continuará infelizmente na mesma com um novo mas novamente podre regime também baseado no proveito próprio de novas “élites”, de novos agentes e com a continuada e total ausência do espírito de servir. Votar na “merde” ? Olhem que não olhem que não, diria a sensatez, mas voltará a vir - pelo “voto democrático” ou pela “revolução”, pouco importa porque tudo diletantemente e prepotentemente decidido em nome do povo - um novo regime, provavelmente uma nova "merde".
Então qual é a solução? A criação de um “homem novo”  (como Niezsche dizia) porque os que hoje existem não prestam.
Levará uma geração ou mais e depois se verá.

                                         

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