segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Pacóvios e parolos.



“(...)o nosso país tem sido governado por um grupo de pacóvios com tiques de parolo.(...)”




No meio dos meus apontamentos descobri  este texto de 2012 da autoria de Tiago Mesquita e que foi publicado no semanário Expresso. 
O significado do termo “pacóvio” é o mesmo do  de “parolo”: ignorante, pouco inteligente, pouco evoluído, tolo, idiota, parvo.
O artigo foi escrito no tempo do governo de Pedro Passos Coelho mas, como nele se assinala, inclui sucessivas gerações de anteriores  “governantes”. Do chamado “Arco do Governo”, claro, ou seja dos partidos PS, PSD, CDS. É um “arco” falso porque apenas PS e PSD foram governo com significativa expressão parlamentar sendo o CDS apenas uma bengala ou o partido do “taxi” como era conhecido. Em boa verdade, o escrito aplica-se que nem uma luva ao governo do Sr. Pinto de Sousa, vulgo Eng. (?!) Sócrates, na minha opinião também ao governo do Dr. (?) Passos Coelho e ver-se-á se não se aplica ao actual governo do PS.
Verificou-se recentemente uma novidade: partidos à esquerda do Partido Socialista - o PCP e o BE -  têm hoje uma palavra a dizer, decorrente dos acordos com incidência parlamentar para a viabilização do actual governo PS - que perdeu as eleições - como alternativa a um governo da coligação PSD/CDS - que ganhou as eleições mas perdeu a maioria parlamentar - tendo essa nova maioria rejeitado nos termos constitucionais tal governo. O “Arco do Poder” alterou-se,  graças a Deus e à Constituição da República, com o ressabiamento da direita na qual, infelizmente, o PSD ultraliberal está  hoje integrado. O centro-direita desapareceu.
O futuro nos dirá se essas “palavrinhas” conseguirão alterar o cenário desolador e arrasador descrito no artigo de Tiago Mesquita, que passo a transcrever com a devida vénia:

“A dívida do nosso país pode ter muitas causas. Endógenas e exógenas, micro e macroeconómicas, conjunturais ou estruturais.  Há todavia um traço comum que, a meu ver, é a principal causa do estado a que chegámos, independentemente das dificuldades que todos os países enfrentam, da crise internacional e de tudo o resto que gostam de nos vender. A causa de que falo é simples e nada tem de rebuscada: o nosso país tem sido governado por um grupo de pacóvios com tiques de parolo. O novo-riquismo da política portuguesa é sem duvida o maior cancro da democracia partidária.
O dinheiro público, quando gasto de forma racional, não é contabilizável. A boa utilização destes recursos traduz-se em melhorias que, direta ou indiretamente, permitem à sociedade manter níveis de desenvolvimento elevado. E só com desenvolvimento o crescimento pode ser sustentável. E o pior é que isto nunca aconteceu neste país.
De que serve construir dezenas e dezenas de autoestradas se não temos dinheiro para nelas circular, nem tão pouco para as pagar ou sustentar? O maior centro comercial da europa? A maior ponte da europa? E ter alguma coisa à nossa medida, não pode ser? É coisa de pobre? De que serve gastarmos milhões em formação se não temos empregos? E aeroportos sem aviões? E dezenas de estádios de futebol às moscas? E escolas sem alunos? Submarinos ou cortes na saúde? Tanques ou reformas? E parcerias feitas para o Estado ser prejudicado? Privatizações em cima do joelho? E os dinheiro que jorrou da UE durante décadas, em que foi investido? Snack bares atrás do sol-posto? Jipes para passear nos montes alentejanos? Não querem gastar a próxima tranche da Troika em plasticina e paus de giz? Quem gastou o que não devia? Quem gastou o que não tinha? Quem gasta o que não tem? Que futuro pensavam estas alminhas iluminadas que iriamos ter? Imbecis.
A forma abusiva, parola, irresponsável, impune, pacóvia, descontrolada, despesista, acéfala e em muitos casos socialmente 'criminosa' como sucessivas gerações de governantes têm vindo a desbaratar o património de todos, os bens e o dinheiro que deveria ser alvo de uma gestão cuidada e rigorosa, é a principal causa do estado de falência em que estamos. O novo-riquismo, a falta de visão, a falta de formação, qualidade e competência dos políticos portugueses é a principal causa desta crise. A génese desta crise é política. Mas infelizmente a irresponsabilidade destas pessoas é directamente proporcional às responsabilidades exigidas pelos mesmos aos portugueses, com as quais são permanentemente confrontados, sem terem culpa alguma. Comemos e calamos. Gastassem menos, parolos.” (fim de citação).

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