sábado, 28 de dezembro de 2013

Justiça e corrupção.


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Transcrevem-se a seguir extractos do Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 9 de Abril de 2002 que em tempos me enviaram à laia de anedota (publicado na Colectânea de Jurisprudência, Ano XXVII (2002), tomo 2, pagina 142 e seguintes, segundo me garantiram).
O Ministério Público deduziu acusação pela prática de crime de ameaças
porque "durante uma discussão, o arguido ameaçou o ofendido, dizendo que
lhe dava um tiro nos cornos (...)".
O Juiz decidiu não receber a acusação "porque inexiste crime de ameaças (...)
simplesmente pelo facto de o ofendido não ter “cornos”, face a que se trata de
um ser humano. (...)”.
O Ministério Público recorreu da decisão, tendo o Tribunal da Relação de
Lisboa acolhido o seu recurso, dando-lhe razão, remetendo-se o processo para
julgamento, entre outros pelos seguintes motivos:
"(...) não se percebe quais as objecções colocadas à integração do crime. Se é por o visado não ter “cornos” estar-se-ia então perante uma tentativa impossível? Parece-nos evidente que não." (...). "Será porque por não ter
“cornos” não tem de ter medo, já que não é possível ser atingido no que não
se tem? (...) não é pouco vulgar dirigir a alguém expressão que inclua a
referida terminologia. Assim, quer atribuindo a alguém o facto de "ter cornos"
ou de alguém "os andar a pôr a outrem" ou simplesmente de se "ser corno"
(...) tem significado conhecido e conotação desonrosa, especialmente se o seu
detentor for de sexo masculino (...) também se utiliza a expressão "dar um
tiro nos cornos" ou outras idênticas, face ao corpo do visado, como "levar no
cornos", referindo-se à cabeça, zona vital do corpo humano. Já relativamente
à cara se tem preferido, em contexto idêntico, a expressão “focinho”(...)."

Textos desta natureza suscitam risonha perplexidade mas fazem parte de um
processo judicial. Creio que a Justiça não deve ser objecto de riso mas, neste caso, havendo queixa envolvendo adjectivação imprópria como julgar sem 
referir a mesma? Dificilmente e o resultado é aquele.
Seja como for, do que Portugal sofre é de um problema de falta de educação
(não confundir com instrução). Dêem-lhe tanta importância como ao deficit e
os resultados aparecerão. A educação está estreitamente ligada ao exemplo e
quando este falta ou é mau a educação é má.
E quem são os culpados deste mal de que Portugal sofre? Entre outros, pais,
professores, chefes, políticos.
Pais, que enfiam os filhos em escolas e que só os vêem, que só falam com
eles, aos fins-de-semana se tanto,e que educam pelo mais fácil ou menos
cansativo e são apáticos a todo o género de caprichos de pequenos tiranos.
Não há tempo para dar exemplos, para educar.
Professores, que cada vez têm menos educação e que pelo exemplo não
primam raiando o seu comportamento o limite da grosseria como se pôde ver
nas imagens televisas das suas recentes greves.
Quanto a alguns jornalistas, que daquele grupo fazem parte, escrevem mal, não sabem falar e escolhem e exploram temas para divulgação com critério próprios da imbecilidade e do sensacionalismo bacoco.
Chefes, que o são mais por automatismos e por confianças do que por
competência e dedicação ao trabalho, longe de dar o bom exemplo são
pródigos em violar as mais elementares regras da ética do profissional.
Políticos que, todos os dias e de todas as formas, nos revelam que o que
interessa é "o deles", que não têm a menor ideia do que é o bem-público, que
vagamente conseguem distinguir o que é honestidade, que não reconhecem
enquanto servidores do Estado situações de incompatibilidade e mergulhando
despreocupadamente no que é a corrupção embrulham-se em negociatas
vergonhosas.
Não?
Andam distraídos. Basta ligar a televisão, abrir um jornal, ouvir uma estação 
de rádio.
Oiçam o que disse Paulo Morais a 23 de Novembro do corrente ano na Sala do
Senado da Assembleia da República sobre “incompatibilidades e corrupção”.
Oiçam os nomes por ele denunciados e terão algumas (infelizmente poucas)
surpresas.
São 15 minutos muito elucidativos e a não perder.

 
Justiça onde estás?

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A Dívida Soberana e o relógio do Paulinho



Como é natural, muito se tem falado na questão da dívida soberana. Não só por cá, não só pelos países do Sul da Europa (pais da civilização ocidental), mas também nos EUA por exemplo. Enfim, sem qualquer exagero pode afirmar-se que a questão é objecto de particular interesse desde, pelo menos, 2008.
Por cá, quando ela é discutida ou simplesmente noticiada são recorrentes as referências à sua “reestruturação”, à sua negociação, aos seus juros, aos seus prazos .
         
A Irlanda, país com a dimensão de Portugal, cuja dívida se deveu ao sector financeiro (leia-se bancos), com uma produtividade bem melhor do que a de Portugal e assente em sectores diferentes vai “saír” do programa de “apoio” da Troika. Afirma orgulhosamente que reganhou a sua soberania. Será que sim? O facto é que os juros da sua ex-dívida (da ordem de grandeza da de Portugal, 120% a 130% do PIB) tiveram um valor de cerca de metade do que aqueles que os “mercados” impuseram a Portugal. Porquê? O “governo” de Portugal informa que só faltam duas avaliações por parte da Troika (a décima terminou ontem 16 de Dezembro) e que depois, lá para Junho do próximo ano, reganharemos a nossa soberania: A certeza é tanta que o vice-primeiro ministro Paulinho inaugurou um relógio de contagem decrescente para a data de regresso aos mercados. Além de ridiculo revela falta de bom-senso e de sentido de estado.
Mas, será que sim ou é outra aldrabice? Não me atrevo a botar palpite por falta de adequadas qualificações e de suficiente conhecimento sobre a verdadeira situação (quem é que o tem para além de um muito restrito círculo?).
No entanto, Mario Draghi na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu veio dizer que Portugal vai precisar de mais um programa quando o actual programa de resgate terminar...
Mas, voltando à questão da dívida soberana dos estados (em pé-de-página indica-se o link que conduz ao vídeo de uma conferência realizada na Turquia sobre o assunto.).
A dos EUA é enorme: em 2013 a dívida é de 17 triliões de dólares e os respectivos juros ascendem a 450 biliões de dólares (cerca de 2,7% do valor da dívida). Estudos recentes realizados pela Universidade da Califórnia (Prof. James Hamilton) afirmam que o actual valor da dívida não é aquele mas sim muitíssimo superior e da ordem dos 70 triliões de dólares (atenção que as normas de certos países não seguem a Convenção de Sèvres de 1948 segundo a qual um bilião é um milhão de milhões e um trilião um billhão de biliões. Um bilião são mil milhões e um trilião um bilião de milhões...).
A dívida soberana é condicionada, entre outros factores, pelos juros, claro, mas também pelo que se designou na conferência por controlo. Controlo, repito.           
  

Controlo por parte dos que emprestam.
E quem empresta? Os bancos. E se os bancos não concordarem com a política seguida pelo estado devedor? Deixam de emprestar.
Poderá concluir-se que a política de um estado devedor é a imposta pelas entidades credoras? Parece que sim porque não se dever esquecer o provérbio “ o devedor é escravo do credor”. Se um estado é devedor deixa de ser soberano. 
A reter da exposição do conferencista (que não consegui identificar) no “International Forum on Finantial Systems” realizado na Turquia: 
“(...) os bancos são empresas e requer-se que as empresas maximizem os seus lucros;
(...) os bancos nunca terão como objectivo o interesse público, é impossível“;
(...) o excesso de consolidação do poder mata uma governação sustentável porque mata a participação pública”; 
“(...) as dívidas nacionais estão a matar a sustentabilidade nacional: os juros sugam a economia, o o contrlo exercido pelo credor impede uma resolução do problema pela legislação”.
(...) nacionalizem o dinheiro, não nacionalizem os bancos (Irving Fischer-Yale University, 1936).” 
A questão é muito interessante e é pena que não seja explicada e discutida publicamente,  “academicamente” e não, como cá na terrinha, apenas partidariamente e só quando é conveniente.
Ref.: 
http://www.facebook.com/l.php?u=http%3A%2F%2Fwww.youtube.com%2Fwatch%3Fv%3DI6fImpY0jjw&h=PAQE4peK2&s=1

(Fundamental ver até ao fim).

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Engenharia é isto.



O afastamento dos engenheiros (os verdadeiros...) da política, o monopólio que nela passaram a ter os economistas e os juristas e a degradação das qualificações profissionais decorrentes de uma democratização estatística do ensino, cuja qualidade passou a ser aferida pelo número de licenciaturas e não pelo saber adquirido, são factos para mim induscutíveis mau grado as proclamações políticas em contrário. É estranha e interessante a coincidência daqueles factos com a mais do que evidente falta de qualidade dos actuais praticantes e dirigentes políticos.

Eis uma obra, nem sequer recente, da Engenharia. Há muitas mais que são o orgulho da minha profissão como, por exemplo, o Viaduto de Millau em França: 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Viaduto_de_Millau 
http://www.engenhariaeconstrucao.com/2011/02/viaduto-de-millau.html 
Esta mais alta ponte do mundo tem uma companheira na mais alta plataforma
marítima de exploração de gás que passo a apresentar resumidamente.

A “Troll A”é uma plataforma de extracção de gás natural localizada no alto mar
na costa oeste da Noruega.
Está entre as obras maiores e mais complexas da história da engenharia e é a construção mais alta transportada pelo homem de um ponto a outro do planeta (200 km).
O início da construção ocorreu em Julho de 1991, sendo construídas
separadamente a plataforma propriamente dita e a sua base.
A plataforma da “Troll A” foi rebocada mais de 200 km de Cubas, na parte
norte de Rogaland, para o campo de Troll, 80 km a noroeste de Bergen. O
transporte levou 7 dias. 
A união das duas partes da estrutura efectuou-se em 1995 estando a base
parcialmente submersa com a fundação 35 metros enterrada.
A “Troll A” tem uma altura total de 472 metros, dos quais 303 metros abaixo
da superfície do mar, pesa 683.600 toneladas (1,2 milhões de toneladas, com
lastro) e o percurso por elevador do convés principal até à sua base, no fundo, leva 9 minutos.
A sua estrutura tem 100.000 toneladas de aço (o equivalente a 14 torres
Eiffel) e 245 mil metros cúbicos de betão.
A obra custou de 16 biliões de dólares e mobilizou 2.000 mil operários, dia e
noite, durante 4 anos.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

As pérolas de uma besta




...Sinto um enorme prazer com os pobres de espírito : aceleram o sono. São bem-aventurados, sobretudo quando se lhes dá sempre razão… (Nietzche).

Tive conhecimento das declarações de um preclaro economista da nossa praça de seu nome João Luís César das Neves.
Tem 56 anos, idade para já ter o juízo que não revelou nas suas declarações.
Tem um curriculum impressionante:
Professor Catedrático da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade Católica e detentor de graus menores, como o de mestre em várias coisas. Está muito bem neste país de doutores.
Escreveu mais de 30 livros e uma quantidade enorme de artigos científicos, o que não quer dizer nada porque, por um lado não é romancista e por outro a competitividade no meio universitário é enorme no que se refere ao número de “papers” publicados. Quantos mais se publicam melhor se é. Sei do que falo.
Foi assessor de Cavaco entre 1991 e 1995, contribuindo, portanto, para a
destruição do aparelho produtivo, nomeadamente a indústria, as pescas e a agricultura. Tinha 34 anos.
Foi assessor de Beleza com 32 anos, em 1990.
(E falam hoje da juventude e inexperiência dos assessores dos que nos governam. É preciso lata.).
Identificada a personagem, medite-se agora nas pérolas que botou, salvo erro em 17 de Novembro, na sua entrevista ao Diário de Notícias. 
- “A maior parte dos pensionistas estão a fingir que são pobres”.
Mais de 85% das pensões pagas em Portugal são inferiores a 500 Euros por mês. 
- “Subir o salário mínimo é estragar a vida aos pobres”.
Não comento por eventual errada experiência da vida ou porque não tenho os conhecimentos especializados e o brilhantismo intelectual da personagem. 
- “Obrigar os empregadores a pagar um salário maior estraga a vida aos desempregados não qualificados”.
É um imbecil absurdo. 
- “Ainda não se pediram sacrifícios aos Portugueses”.
A nossa realidade é a seguinte:
a) Um milhão de desempregados;
b) Mais de 10 mil portugueses partem todos os meses para o estrangeiro;
c) A falência das empresas pode traduzir-se assim: desde a chegada da Troika
faliram 13.843 empresas e de Janeiro a Junho de 2013 o ritmo de falências
rondou 500 por mês;
d) Casas são entregues aos bancos todos os dias e alguns pensionistas têm as suas reformas penhoradas por serem fiadores de filhos e de netos.
Isto são alguns factos, entre outros, que não se devem confundir com
sacrifícios segundo a besta económica. 
Ele é certamente consultor de bancos e/ou de grandes empresas de modo a
compensar os sacrifícios sofridos nas suas funções de professor e de técnico superior do Banco de Portugal.
Por aqui me fico para não entrar num merecedor e justificado insulto no qual figurariam entre outras a imbecilidade e a falta de vergonha.
Para um mais completo juízo consultar: 

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

CR 7, a austeridade e o campeonato do mundo de futebol



Portugal derrotou a Suécia e classificou-se para o campeonato do mundo no Brasil.
Por cá foi uma explosiva alegria, por lá foram protestos contra os milhares de reais gastos num país em que verbas essenciais aos serviços de saúde e de educação não são disponibilizadas pelo governo federal e a cidade de Santos revoltou-se com inhabitual violência contra o aumento dos custos nos transportes públicos.
Por cá era vê-los e ouvi-los, desde o cidadão anónimo aos profissionais e comentadores desportivos. Portugal, pindérico e de mão estendida ao FMI e ao BCE, passou a ser uma potência mundial, orgulhosa e sorridentemente afirmada.
Outra tristeza que me lembra tempos passados em que os democratas de hoje acusavam o governo de fornecer ao povo “ópio” para que ele se esquecesse da falta de liberdade, do analfabetismo, da mortalidade infantil, da pobreza, eteceteraetal. Enfim.
Temos pois remédio comprovado e alternativo às medidas aconselhadas por comentadores políticos de todos os quadrantes. Em vez de comunicação e explicação das medidas de austeridade, os Srs. Maduro ou Marques Guedes poderão prescindir das suas conferências, diárias ou semanais ou mensais ou trimestrais, vá lá saber-se. Eles, ou outros, que ponham em nome do governo toneladas de açúcar na amargura desta austeridade que está a matar Portugal.
Os sindicatos e confederações patronais que parem com essa ineficaz e irritante reivindicação de reuniões de concertação social. Qual concertação qual quê, uns bons quilos de “açúcar” e as discordâncias laborais desaparecem como por magia. Com o “açúcar” do triunfante futebol, as questões arredondam-se, tornam-se em golos, foras-de-jogo, êrros de arbitragem.
Qual Passos Coelho, Seguro ou Cavaco! Quais greves, congressos de esquerda!
Qual Tribunal Constitucional!
Quais quês.
Que o “El Comandante” tome as rédeas do jogo.
CR7 ao poder, já.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Muene Puto



“Nós ficaremos aqui, me disse a orgulhosa Ambuela (...) e só te digo, branco, que se tu és secúlo do Muene Puto eu sou filha do sova”.

(do Atlântico ao mar Índico - Serpa Pinto)


“Baixa a tola caloiro” e eu, com dez anos, o puto, baixava e levava um caldo. Dois anos depois, eu, um puto, era autorizado a participar na cerimónia com os novos caloiros, também putos. Passava-se no Liceu Normal de Pedro Nunes em Lisboa.
E durante alguns anos fiz parte desses “...bandos de pardais à solta; os putos, os putos; são como índios, capitães da malta; os putos, os putos “.
Mais tarde, muito mais, tinha eu barba cerrada preta, no mato de terras de África, alferes em guerra, ansiava pela minha viagem ao “puto” como o meu mainato chamava a Portugal continental.
Nunca a palavra “puto” teve para mim outro significado que não fosse coisa pequena ou, mais propriamente, “menino, garoto, miúdo pequeno...”. Até que a ânsia de saber e de saber cada vez mais em cada vez mais coisas me marcou novo encontro com a palavra “Muene Puto”.
O acumular do saber é, para mim, fonte de enorme prazer seja qual for o domínio. Que maravilha é o saber e que tristeza é para mim a perda de memória. Nunca morrer? Sim se. Se for para saber mais e mais de mais e mais coisas, das mais pequenas às maiores, das mais insignificantes às mais importantes e mesmo que a morte fosse no infinito do tempo nunca eu conseguiria saber tudo o que gostaria de saber.
Pela Conferência de Berlim (1884-1885) as potências europeias dividiram entre si África pintando o seu mapa com várias cores: rosa para Portugal (de Angola a Moçambique); encarnado para a Inglaterra (do Cairo ao Cabo), azul para a França (do Niger ao Mar Vermelho). Posteriormente, a Itália apoderar-se-ia do norte de África e da Etiópia e a Alemanha dos Camarões, do Togo, da Namíbia e da Tanzânia.
A Conferência catalizou as expedições de H. Capelo, R. Ivens, Serpa Pinto e Henrique de Carvalho, mas antes dela , de 1798 a 1879, já os portugueses exploravam o interior de Angola e o de Moçambique sendo os primeiros “muzungos” (como eram designados os brancos pelos povos do litoral atlântico) a contactar com os reis e imperadores do interior, a mando do nunca visto, muito imaginado, muito poderoso e muito rico rei de Portugal. Como exemplo desse pioneirismo, é interessante referir que pouco antes de 1853, data da morte da raínha D. Maria II, o rei Musiri do Garanganja (região próxima do actual Katanga) escreveu a Capelo (Sr. Branco Manjor) assinando no fim como “Muxiré Maria Segunda”.  
(...) que o que procura esteja sempre em busca até que encontre (...) não existe nada de escondido que não se revele ( ..) procurem e encontrarão (...).
 
Foi no meio da minha habitual pilha de livros para ler que escolhi
“Exploradores Portugueses e Reis Africanos” de Frederico Delgado Rosa e Filipe Verde. O livro recupera os relatos dos exploradores portugueses,
nomeadamente de Silva Porto, Hermenegildo Capelo, Roberto Ivens, Serpa Pinto e Henrique de Carvalho, focando, comentando e enquadrando temas e situações. Lá aparece a explicação de “Muene Puto”.
Em várias línguas de Angola Muene Puto designava o "senhor branco" ou o rei de Portugal e por extensão o próprio país ou as autoridades locais. Mas, literalmente, “Muene Puto” significa “Senhor dos Mortos” e esta designação resultou do comércio de escravos entre Portugal e os potentados africanos. Os escravos eram por estes vendidos aos muzungos e como nunca mais eram vistos era crença que chegados ao seu destino eram mortos.
O Muatiânvua Quinaueti, senhor da Lunda, disse ao morrer ao seu povo: “...Eu não morro, transformo-me em morto para ir visitar o Mueno Puto...”.
      

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Eternidade

“...que nenhum de todos... se perca...”
Lembro-me de um céu ameaçador no fim de uma tarde de Inverno. Lembro-me de nuvens mascaradas sob estranhas e fantasiosas formas, cavalgando
atabalhoadamente o céu, fugindo tão depressa quanto podiam. Lembro-me do vento que as enxotava arrogante, com a impunidade que a força dá. E elas, coitadas, corriam. 
Pobres é o que todos somos mesmo os poderosos, cães que ladram e uivam
como o vento, merdosos e arrogantes com os fracos, medrosos e cautelosos
com os mais fortes.
A trovoada aproximava-se e o vento soprava anunciando a chegada da força
que lá de cima cai, racha e queima a terra para a qual voltaremos todos.
Todos: fortes, fracos, medrosos e merdosos.
Lembro-me dos ramos dos pinheiros que se agitavam inquietos num
gesticulado discurso e que pareciam assinalar uma misteriosa presença.
De repente, a chuva tombou torrencial e no furioso assobio do vento pareceu-me ouvir uma mistura de confusas vozes: “...nós as nuvens, nós o vento, nós as ervas, nós as árvores, nós a chuva, nós as pedras...”. Lembro-me de então ter pensado estar a ouvir o grito da eternidade, da eternidade em que creio.
Acredito na metamorfose pelos átomos que hoje estão em mim e amanhã
numa erva, numa árvore, num riacho, numa nuvem, na chuva, numa abelha,
numa águia, em todas as parcelas deste maravilhoso mundo no qual me
confundirei no tempo, em todo o tempo.
Também acredito que o meu princípio e fim estão nos meus, na árvore da minha vida. Acredito que sou a eternidade dos meus que cá estiveram antes de mim e que ficarei para a eternidade nos meus que depois de mim vierem.
Não, não acredito na ressurreição da carne e na louca e terrível imagem de milhões de esqueletos saltando das campas ao som de celestiais trombetas, aguardando a chamada de um severo, implacável e supremo juíz.
Acredito na pacífica vida eterna, pela contínua transformação e mudança que é a corrente da existência de que faço parte para sempre, para todo o sempre. 
Sim acredito em ti Eternidade, eu na natureza, eu pelos meus e nos meus, para sempre.   
                          

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

A intelectualidade no vocabulário de hoje


           
Nos EUA decidiu-se há anos eliminar formalmente o racismo por via gramatical. Apenas formalmente.
De facto, é minha convicção que, no mais fundo do mais aberto espírito norteamericano, haverá sempre, na sua maioria, o “superior” white anglo-saxon versus os outros: os latinos e os negros. Apenas por conveniência política e hipocrisia social o negro passou a ser designado por afroamericano. Não são dificéis de encontrar provas disto nos filmes e na imprensa do lado de lá do Atlântico e não se deve tomar a nuvem do Tea Party por Juno.
A eleição de Obama é uma excepção que, confesso, me encantou e surpreendeu mas que certamente irritou os conservadores de lá e de cá. Sim, de cá. Ainda esta semana ouvi na TV um conceituado economista, ex ministro cavaquista classificá-lo como sendo o pior presidente dos EU dos últimos anos. E a besta do Bush filho? Não conta? E as mentiras do Bush pai (“read my lips”) esquecem-se? E o escândalo WaterGate nixoniano? Nunca aconteceu? Claro que não para o génio de cá. Eram todos republicanos... E não houve ninguém, do entrevistador ao “painel”, que confrontasse aquela beleza (a quem eu acho piada) com essa sua afirmação própria da ligeireza raivosa.
Claro que o mandato de Obama está marcado por falhanços, desde Guantanamo a outra promessas. E por cá? Alguém comenta as desgraçadas políticas de Cavaco que destruiram o nosso aparelho produtivo? A vergonhosa atitude de Durão Barroso na questão do Iraque (à qual deve o seu actual estatuto)? A falhada governação de Santana Lopes? As mentiras eleitorais de Passos Coelho? Ninguém. São todos de direita (hoje)... A nuvem do esquecimento envolve comentadores políticos e a maioria dos jornalistas.
Pobre Portugal entregue aos bichos governamentais, parlamentares e sindicais. Tudo na mesma panela, tudo à manjedoura do Estado invocando os superiores interesses da Nação.
Mas voltando à nova semântica que nos avassala todos os dias. Julgo que uma  ânsia de demarcação do passado  levou a  democracia a introduzir uma “revolução  vocabulária” inútil e que por vezes raia a imbecilidade. Revolução essa que se quer politica ou socialmente correcta por conceder ao vocábulo transformado uma aura de superioridade ou pretender ser intelectualmente brilhante pela utilização de expressões rebuscadas ou não compreensíveis pelo vulgo.
Como exemplo flagrante do primeiro caso, já não existem para os trabalhos de uma casa ou de uma empresa “criadas” ou “mulheres-a-dias” ou nem mesmo “auxiliares de limpeza” mas sim “empregadas” ou “assistentes técnicas”,  os  “contínuos” passaram a ser designados  nos estabelecimentos de ensino por “auxiliares de educação educativa” e nos escritórios as “secretárias” foram promovidas a “assistentes”. Os drogados transformaram-se em "toxicodependentes".
Como vocábulos próprios da intelectualidade, tem-se, por exemplo, a palavra abortar hoje repudiada como tal (parir antes do tempo da gestação) passando o assunto a ser discutido como "interrupção voluntária da gravidez". Os gangues vandalizadores e, não raras vezes mortíferos, são bondosamente apelidados de "grupos de jovens desenraizados, não integrados”. O “analfabetismo” desapareceu cedendo o passo à "iliteracia" (de facto são termos que designam realidades diferentes mas não foi essa a razão da substituição). Uma raínha do pimba chorosa deveria alterar a letra da sua cantigueta de “sou mãe solteira” para “sou de família monoparental” ou coisa do género. As crianças que serão para nossa desgraça os “homens de amanhã” são insuportáveis e incomodam pelos seus gritos, atitudes e exigências os que as rodeiam mas não são “mal educadas”, têm simplesmente um "comportamento disfuncional hiperactivo” e em vez de um par de estalos são apaparicadas pelos pais com a condescendência carinhosa de alguns adultos. Para sossego e satisfação da maioria de "encarregados de educação", foi eliminado do vocabulário escolar a palavra “cábula”, o qual, no limite não é mais do que um adjectivo significando "aluno de desenvolvimento instável", o qual,  longe de merecer crítica ou castigo (nunca!), é alvo de condescendente compreensão e apoio por parte dos pais que, frequentemente criticam de mão na anca os professores quando não chegam ao ponto de os ameaçar ou de lhes bater.
Ainda há cegos, infelizmente. Mas como a palavra foi considerada desagradável e até aviltante, quem não vê é considerado "invisual" (o termo é gramaticalmente impróprio, como impróprio seria chamar inauditivos aos surdos, mas é o "socialmente correcto").
A intelectualidade da nossa praça para se dar ares, desboca-se em "implementações", "posturas pró-activas", "políticas fracturantes", “sinergias”, “valências”, “análises contextuais” e outras barbaridades.
Assim linguajamos o português, vagueando entre uma “correcção social ou política” e um novo-riquismo linguístico. Hoje, o vocábulo desempenha o papel da farda dos tempos muito antigos: dá a importância que falta a quem o utiliza.
À margem desta revolução  ficaram as putas. Desculpem,  as “profissionais do sexo”. Elas, agora, são ainda as que melhor cultivam a língua. Não há "socialmente correcto" que lhes dobre o modo de expressão ou lhes imponha a terminologia nova. Os amantes do idioma pátrio (e não só, claro) se o quiserem ouvir no pleno da sua vernaculidade, que se dirijam a uma casa de putas, agora designadas pudicamente por “casas de alterne”. Aí sim, o português mantém a sua verdade. “Disfunção eréctil” o que é isso? Poderia traduzir para um português a todos compreensível...
A propósito, o que dizer da “obra” de  escultura que se encontra no alto do parque Eduardo VII em Lisboa? “Pirilau” (não vou mais além entrando no domínio da crueza) ou “homenagem à virilidade” dos capitães?
Fico-me por aqui com esta belíssima escultura de homenagem ao 25 de Abril (carago!). 

Ainda hoje, passados quase 40 anos, não percebo porque é que foi destruído um simples pedestal sem qualquer estilo (sobre o qual deveria estar a estátua de D. Nuno Álvares Pereira, actualmente em frente ao mosteiro da Batalha) e foram mantidas duas colunas com coroas fascizantes. Facilidade versus dificuldade? Diletantismo intelectual versus arte?

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Se...

Tradução livre de uma versão em língua francesa do poema " If " de Kippling (que me deram quando muito novo e que em mim sempre esteve presente). O texto original é muito diferente e transcreve-se no fim.
Se consegues ver a obra da tua vida destruída
E, sem dizeres uma única palavra, voltares a reconstruí-la,
Se consegues perder, de uma só vez, o lucro de cem coisas
Sem um gesto e sem um suspiro;
Se consegues ser amante sem ser louco de amor,
Se consegues ser forte sem deixar de ser terno
E, no entanto, sentindo-te odiado não odiares
Mas lutares e defenderes-te;
Se consegues aguentar ouvir as tuas palavras
Adulteradas por gentalha para engano de idiotas,
E de ouvir das suas desvairadas bocas mentiras sobre ti
Sem tu próprio mentires com uma única palavra tua;
Se continuas digno sendo popular,
Se consegues ser humilde sendo conselheiro de reis,
Se consegues amar os teus amigos como irmãos
Sem que nenhum deles seja tudo para ti;
Se sabes pensar, observar e conhecer,
Sem nunca seres céptico ou destruidor;
Sonhar mas sem deixar que o sonho seja o teu dono,
E meditares sem que os pensamentos sejam o teu propósito,
Se consegues ser duro sem nunca teres raiva;
Se consegues ser corajoso sem seres imprudente,
Se sabes ser bom, se sabes ser sábio,
Sem seres moralista ou pedante;
Se consegues encontrar o Triunfo depois da Derrota
E enfrentares do mesmo modo esses dois impostores,
Se consegues manter a coragem
Quando todos a perderam;
Então, os Reis, os Deuses, a Sorte, a Vitória,
Serão, para sempre, os teus submissos escravos,
E, o que é bem mais valioso do que reis e glória,
        Serás um homem, meu filho.            
(tradução livre do francês, LLP).



"IF" de  R. G. Kippling 
If you can keep your head when all about you
Are losing theirs and blaming it on you;
If you can trust yourself when all men doubt you,
But make allowance for their doubting too:
If you can wait and not be tired by waiting,
Or, being lied about, don't deal in lies,
Or being hated don't give way to hating,
And yet don't look too good, nor talk too wise;

If you can dream---and not make dreams your master;
If you can think---and not make thoughts your aim,
If you can meet with Triumph and Disaster
And treat those two impostors just the same:.
If you can bear to hear the truth you've spoken
Twisted by knaves to make a trap for fools,
Or watch the things you gave your life to, broken,
And stoop and build'em up with worn-out tools;

If you can make one heap of all your winnings
And risk it on one turn of pitch-and-toss,
And lose, and start again at your beginnings,
And never breathe a word about your loss:
If you can force your heart and nerve and sinew
To serve your turn long after they are gone,
And so hold on when there is nothing in you
Except the Will which says to them: "Hold on!"

If you can talk with crowds and keep your virtue,
Or walk with Kings---nor lose the common touch,
If neither foes nor loving friends can hurt you,
If all men count with you, but none too much:
If you can fill the unforgiving minute
With sixty seconds' worth of distance run,
Yours is the Earth and everything that's in it,
And---which is more---you'll be a Man, my son!

 












quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Falir e as eleições autárquicas

Os partidos do "arco do poder" faliram.

Foi-me dito que os blogues, por norma estabelecida não sei por quem em particular mas certamente pelos donos deles, têm que ser "originais". É como nas teses para doutoramento: têm que ser originais. A questão é de saber como é que tal é possível num mundo "supermaioritariamente" vulgar. 
Lembra-me uma afirmação de um professor catedrático da Universidade Técnica de Lisboa (hoje, e bem a meu ver, não há universidades técnica e clássica há apenas a de Lisboa) que eu ouvi, ainda aluno, quando da arguição de uma tese de doutoramento no IST: “na sua tese o que é bom não é original e o que é original não é bom” e sorria amigavelmente neste “jogo floral” consciente de que o bom original quando de dimensão  importante fica registado na história da ciência.
Os normais se querem ser doutores (ambição de muito imbecil) têm que se limitar ao original corrente o qual, geralmente, encontra-se no domínio do suficiente.
Por outro lado, acho que um dos objectivos fundamentais de um blog é, entre outros, a transmissão de conhecimentos e de informação. Assim, transcrevo, com deleite e a devida vénia, um texto de Ricardo Araújo Pereira sobre o verbo “falir” que além de ser original é muito bom.  


"E quando o leitor pensava que já tinha ouvido tudo acerca da crise, de repente fica a saber que, gramaticalmente, é muito difícil que Portugal vá à falência. E, enquanto for gramaticalmente impossível, eu acredito. Justifico esta ideia com a seguinte teoria fascinante: normalmente, considera-se que o verbo falir é defectivo. Significa isto que lhe faltam algumas pessoas, designadamente a primeira, a segunda e a terceira do singular, e a terceira do plural do presente do indicativo, e todas as do presente do conjuntivo. Não se diz "eu falo", "tu fales", nem "ele fale". Não se diz "eles falem". Todos os modos e tempos verbais do verbo falir se admitem, com excepção de quatro pessoas do presente do indicativo e todo o presente do conjuntivo. Em que medida é que isto são boas notícias? O facto de o verbo falir ser defectivo faz com que, no presente, nenhum português possa falir. Não é possível falir, presentemente, em Portugal. "Eu falo" é uma declaração ilegítima. Podemos aventar a hipótese de vir a falir, porque "eu falirei" é uma forma aceitável do verbo falir. E quem já tiver falido não tem salvação, porque também é perfeitamente legítimo afirmar: "eu fali". Mas ninguém pode dizer que, neste momento, "fale".
Acaba por ser justo que o verbo falir registe estas falências na conjugação. Justo e útil, sobretudo em tempos de crise. Basta que os portugueses vivam no presente - que, além do mais, é dos melhores tempos para se viver - para que não "falam" (outra conjugação impossível). Não deixa de ser misterioso que a língua portuguesa permita que, no passado, se possa ter falido, e até que se possa vir a falir, no futuro, ao mesmo tempo que inviabiliza que se "fala", no presente. Se eu nunca "falo", como posso ter falido? Se ninguém "fale", porquê antever que alguém falirá? Talvez a explicação esteja nos negócios de import/export. Nas outras línguas, é possível falir no presente, pelo que os portugueses que têm negócios com estrangeiros podem ver-se na iminência de falir. Mas basta que os portugueses não falem (do verbo falar, não do verbo falir) acerca de negócios com estrangeiros para que não "falam" (do verbo falir, não do verbo falar). Eu tenho esse cuidado, e por isso não falo (do verbo falir e do verbo falar).
Bem sei que o prof. Rodrigo Sá Nogueira, assim como outros linguistas, se opõe a que o verbo falir seja considerado defectivo. Mas essa é uma posição que tem de se considerar antipatriótica. É altura de a gramática se submeter à economia. Tudo o resto já se submeteu.".

Verbo defectivo…a gramática de hoje não é a do meu tempo. Desconhecia a existência de verbos defectivos. Coisas defectivas sim: coisas defeituosas, a que falta qualquer coisa.
Por exemplo, a ONU, a CE, a Troika, eteceteraetal e, também, os governos do presente e do próximo passado, os partidos do presente e quase certamente do próximo futuro e os políticos de hoje.
No passado os políticos eram, na sua maioria, experientes, não viviam da política porque exerciam uma profissão e tinham, em geral, uma ideia da causa pública. Foram substituídos por novatos incompetentes, inexperientes, sem profissão, preocupados apenas com a sua ascenção social e política e com a situação das suas finanças. Criados nas "jotas", tendo como objectivos o controlo das máquinas partidárias e o apadrinhamento de interesses, comandam hoje e provavelmente amanhã, directa ou indirectamente, o governo de Portugal. É ouvi-los e vê-los a “botar sabedoria” nos órgãos de comunicação social, sem o mínimo grão de humildade. Só à estalada. 
Esta miserável situação partidária, que afecta muito em particular os partidos do denominado "arco do poder", mereceu a rejeição dos cidadãos como é traduzido por uma análise dos resultados numéricos destas eleições autárquicas: 
PS/PSD/CDS obtiveram 4.324.534 votos em 2009 mas nestas eleições perderam no seu conjunto mais de um milhão e quinhentos mil votos e a abstenção de 47,4% foi a maior dos últimos trinta anos (28,6% em 1982, 40,99% em 2009).
O Grupo de Cidadãos Independentes recolheu 6,90% dos votos obtendo, assim, o quarto melhor resultado à margem de qualquer partido;
Os votos brancos e nulos (2,97% em 2009; 6,82% nestas eleições, ou seja, 130% mais) tiveram uma expressão dupla dos votos recolhidos pelo CDS (3,04%);
O PSD obteve apenas 16,5% dos votos e as coligações de outros partidos com o PSD recolheram 14,74% de votos, quase tantos como os obtidos pelo PSD;
O resultado obtido pelo PS (36,25%) foi em percentagem de votos inferior ao de 2009 (37,67%), o que “sabe a pouco” e está longe de poder ser considerado como uma vitória esmagadora.
Tendo em atenção o valor record da abstenção, o aumento exponencial dos votos brancos e nulos (os quais em conjunto representam um aumento de 10,3% em relação aos resultados de 2009), a vitória das listas de independentes (três conjuntos que totalizam 61,12% do número total de eleitores inscritos), a derrota do PSD e o semi sucesso do PS, de que côr é o cartão mostrado pelos eleitores aos partidos? Vermelho e isto sem ser necessário referir a clara vitória da CDU (11,06%)...


A este propósito consultar: www.eleicoes.mj.pt