“Macron não duras até ao Natal”, “Macron Démission”, são escritos nas
paredes de monumentos em Paris.
Macron, no seu discurso ao país de 10 de Dezembro, declarou considerar inaceitável o comportamento dos
“amarelos” cuja violência condenou mas reconheceu as razões das manifestações que considerou justificadas...
Pode dizer-se que Macron, não tendo feito concessões de natureza política
(demissão do governo, eleições antecipadas, alteração da Constituição), aceitou
a grande maioria das reivindicações financeiras dos coletes amarelos (preço dos combustíveis, salário
mínimo, pensões, impostos).
No entanto, mau grado as cedências feitas, as manifestações, ainda que com
menos “coletes amarelos”, vão continuar e não se limitarão a Paris. Afectarão
as grandes cidades, como Bordéus e Toulouse e, também, as mais pequenas e a
província porque traduzem o grande apoio (mais de 80%) da população a uma
revolta (porque é de revolta que se trata) própria da violência francesa.
Revolta pela arrogância de Macron (hoje com uma popularidade inferior a
25%), pelo beneficio das grandes empresas com desprezo pelos sindicatos, pelo
empobrecimento da classe média, pela desigualdade fiscal entre pobres e ricos
que são considerados os protegidos de Macron (“se não partíssemos e não
incendiássemos não nos dariam ouvidos”).
As manifestações são uma violenta contestação à política em geral e beneficiam
politicamente os extremos, nomeadamente o partido antieuropeu do clã Le Pen.
O partido socialista e a esquerda moderada poderão apresentar uma moção de
censura mas enganam-se os que julgam que contam com a simpatia dos revoltosos.
Se houvesse hoje em França eleições não seria surpreendente a apresentação
de um programa eleitoral que incluísse uma proposta de saída da França da União
Europeia. Um “Frexit”.
O panorama político na Itália, no Reino Unido, na Hungria, na Holanda, na
Suécia, na Austria e…na Andaluzia, parece traduzir um esboroamento do chamado
sonho europeu.
O futuro próximo dirá.
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