Assisti ontem ao que
aconteceu (e continuará a acontecer) em Paris.
Tudo começou com o
aumento do preço dos combustíveis e rapidamente estendeu-se à questão do custo
de vida (dizem que de 100 euros ganhos por um trabalhador 48 vão para o
estado).
A maioria dos manifestantes são homens dos 30 aos 40 anos no meio dos quais se infiltraram jovens marginais dos subúrbios, vestidos de negro, encapuzados com capacetes, óculos, luvas reforçadas e botas de trabalho. Alguns armados com bastões ou barras de ferro. Estão lá à procura de uma "oportunidade".
A maioria dos manifestantes são homens dos 30 aos 40 anos no meio dos quais se infiltraram jovens marginais dos subúrbios, vestidos de negro, encapuzados com capacetes, óculos, luvas reforçadas e botas de trabalho. Alguns armados com bastões ou barras de ferro. Estão lá à procura de uma "oportunidade".
Contrariamente ao que é
hábito, o início do protesto não teve início em sindicatos ou partidos
políticos mas sim num escrito numa rede social.
Claro que depois as coisas
mudaram. Hoje há um claro apoio à manifestação por parte das extremas direita
(Marie Le Pen à cabeça) e esquerda, da oposição ao
governo de Macron e, de acordo com sondagens, tem a compreensão de 85% da população.
Exige-se agora a
dissolução do parlamento e a convocação de eleições legislativas.
Vi a bandeira francesa
ao lado de carros queimados, vitrines partidas, sendo os alvos preferenciais os
símbolos da riqueza: bancos, máquinas multibanco, vitrines de lojas de produtos
de luxo. Uma destruição própria de revoltados e de selvagens.
Um cenário de guerra e é
de admirar que haja responsáveis partidários que a ignorem ou que a aproveitem
para fins políticos.
O povo francês foi
sempre assim e tem com a violência uma afinidade quase patológica.
Lembre-se do “regime do
terror” (era assim denominado) do século XVIII que cortou, entre muitas outras,
as cabeças do rei e da raínha. Proclamou
a república e promoveu a guerra com os países mais poderosos da Europa. Por
outro lado, assim nasceram a declaração universal dos direitos do homem, o
sistema decimal e, talvez, os EUA. Durante quase 30 anos houve muito sangue e
mortandade.
Com natureza muito
diferente, esta selvajaria dos coletes amarelos traz à memória os
acontecimentos de Maio de 68. Iniciaram-se com protestos estudantis, alastraram-se,
rapidamente aos trabalhadores e o movimento mobilizou mais de 10 milhões de
manifestantes.
Foi a maior greve geral
da Europa e contou com o apoio dos sindicatos e do Partido Comunista francês.
A França esteve à beira
da guerra civil e o general de Gaulle refugiou-se numa base militar na Alemanha
onde, dizem, falou com o influente general Massu garantindo, caso necessário, o
apoio do exército. Regressou a Paris, dissolveu o parlamento e convocou
eleições gerais. Os tumultos cessaram e após as eleições o partido gaulista
tornou-se paradoxalmente o mais importante partido político francês.
Não é só o governo de
Macron que está em jogo é a Europa com o surgimento, por vezes violento, do
populismo. Veja-se o que se passa na Suécia, na Holanda, na Hungria, na Itália,
na Austria com o crescimento dos partidos de extrema direita.
Os “amarelos” acontecimentos
não pararam e já foram convocadas mais manifestações tendo sido marcada a próxima em Paris para o próximo Sábado.
Como será o futuro da
França e da União Europeia, não esquecendo o Brexit e a mudança de poder na
Alemanha? Preocupante.
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