“Srª D. Anica? Sr. Queiróz! Onde ides vós? Ao campo d´aviação ver o
aeroplano subir ao ar. Deve ser um espectáculo soberbo mas eu cá não me atrevo
a ir lá assistir porque quando começa a subir toda a gente começa a fugir e eu
cá tenho medo!”.
Era assim que se cantava numa revista do Parque Mayer de há uns bons 60
anos.
- Srª D. Anica caíu o helicóptero.
- Mas porquê Sr. Queiróz?
- Ai isso não sei, só sei que o socorro levou demasiado tempo a chegar.
- Sr. Queiróz isso merece um inquérito!
- Mas, D. Anica, e se não houver ninguém para salvar, isso interessa
para o caso? Porque é que caíu? Isto
sim é muito importante.
- Ai isso não sei, Sr. Queiróz, mas, como disse o nosso querido
presidente Marcelo, o que
interessa é a segurança dos cidadãos e
houve 4 (quatro) falhas.
Os media durante dias bateram nas 4 (quatro) teclas. O governo também.
Nesta tragédia morreram, infelizmente, quatro cidadãos mas não por causa daquelas
quatro falhas. Morreram porque, de acordo com o relatório de inquérito, o embate
da aeronave com um poste metálico de transmissões, com 66 metros de altura
colocado no alto do monte, foi violentíssimo.
Houve um violento embate. Porquê?
Houve um violento embate. Porquê?
O tema não foi explorado mas apenas abordado com alguma relutância e
parcialidade quando, há falta de melhor (foi o que pareceu), se duvidou da
existência de iluminação do topo da torre.
Houve uma alteração do plano de vôo do helicóptero (pedida pelo piloto) sem
o qual qualquer aeronave não pode cruzar os céus.
Mau grado as muito más condições atmosféricas, com cerrado nevoeiro e
chuva, essa alteração foi autorizada. Houve uma redução da altitude do vôo para
1500 pés (cerca de 495 m).
Se a este valor for deduzida a altura da torre com cerca de 200 pés, restam
1300 pés.
Qual a altitude da crista do monte? É inferior a 1300m ou superior? Se for superior, a possibilidade de um embate numa trajectória que inclua a torre é
elevada.
Por outro lado, foi com muita naturalidade que se afirmou que naqueles
locais é habitual a perda de controlo pelos radares. Poderá ser habitual mas
não é aceitável de um ponto de vista da segurança. Estes dois pontos que, na
minha opinião, são relevantes falhas de segurança não foram objecto de qualquer
análise.
É aceitável para uma correcta informação?
É aceitável numa garantia global de segurança?
Julgo que não.
É aceitável para uma correcta informação?
É aceitável numa garantia global de segurança?
Julgo que não.
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