terça-feira, 18 de abril de 2017

Portela "Out"!


Ontem, 2ª feira, caiu em Tires uma pequena aeronave.
Morreram 5 pessoas, a tragédia poderia ter sido muito maior dada a densidade populacional da zona. 
O pequeno avião despenhou-se por cima de um supermercado e, julgo, teve um vôo rasante sobre habitações e, finalmente, ao despenhar-se embateu num camião de abastecimento a um supermercado.
Entendo que foi um milagre se é que eles existem.
O que existe, por demais, é o encolher de ombros, o olhar sobranceiro sobre evidências "pouco prováveis", a assassina ignorância de tragédias em aeroportos espalhados no mundo. 
Há poucos anos, foi no Brasil, nos EUA e se tivesse paciência para enlencar o óbvio que o tempo apaga da memória do homem, a lista seria detalhada e muito maior.
Mas o homem chora e lamenta no momento e depois esquece, manda investigar e averiguar para depois manter uma passividade criminosa com o que não é de maneira nenhuma "pouco provável", como é o caso das consequências da queda de um avião no centro de uma povoação, numa zona densamente povoada.
Vem isso a propósito de uma crítica que defendi convictamente em 2008 no caso da controversa questão do Novo Aeroporto de Lisboa na Ota. 
A Portela tem que ser desactivada faseadamente e o novo aeroporto construído, também faseadamente, para outro local o qual, na minha opinião não é de modo nenhum o Montijo, mas isto é outra história.
"Portela +1"? Nunca, é um êrro político com o espesso manto da justificação económica, da austeridade, a cobri-lo.
"Portela Out"!
Haveria muito a escrever e a dizer sobre o assunto mas as fontes são poucas e as que existem não são, como o deveriam ser, divulgadas. A construção de um novo aeroporto internacional para servir Lisboa tem-se desenvolvido sem a necessária e obrigatória transparência. 
O êrro e o secretismo político continuam a medrar (como meio francês adoro esta portuguesíssima palavra).
Sobre a questão da "Portela+Montijo", existe um relatório da empresa Roland Berger. Alguém o conhece, o comum dos mortais tem a ele acesso? Nem a Ordem dos Engenheiros que contactei expressamente ao mais alto nível o tem (segundo me garantiram desoladamente). No entanto, houve no LNEC e na RTP debate sobre o assunto. Como, com quem? "A bon entendeur un demi-mot suffit", porque assim ficará provado que houve informação, que houve debate com peritos e público.
Mas, pensando bem, debate para quê? Está decidido!
Quando, em vez da pista 17 de Tires, do LIDL, de uma avioneta e de 5 mortos a tragédia for na Portela, no Areeiro, na avenida de Roma e arredores, com um Boing ou um Airbus e centenas de mortos será tudo fruto do azar, do "pouco provável", da falha mecânica, do êrro humano.
Da governação e da decisão de um qualquer ministro? Nunca de forma alguma.

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