terça-feira, 16 de julho de 2013

O Presidente Silva e a crise política



   
                                        

O Sr. Presidente Silva, no seguimento do pedido de demissão de Paulo Portas apresentado na terça-feira dia 2 de Julho e depois de ter recebido oficialmente todos os partidos com assento na Assembleia e as confederações patronais e sindicais e, também provavelmente mas de modo informal e privado, sabe-se lá que outras entidades e personalidades, falou ao País.
Foi no dia 10 de Julho, passados 8 (oito) dias de calendário após a abertura da chamada “crise” (“manifestação fatal de total irresponsabilidade” seria o qualificativo mais adequado). O discurso pode ler-se na íntegra em: 
http://www.dn.pt/politicainterior.aspx?content_id=3316216&page=-1.
Para um juízo do compromisso de “salvação nacional” proposto, destacam-se as seguintes passagens do discurso: 
(…) impõe-se que todos actuem de forma serena e ponderada, avaliando com bom senso e sentido de responsabilidade quais as soluções que, pela sua credibilidade e pela sua consistência, melhor servem o interesse nacional.(…). A solução apresentada pelo Presidente Silva não foi o resultado de ponderação serena, não é sensata, nem é, sobretudo, praticável tendo em atenção o público desacordo entre PS, PSD e CDS quanto à natureza das medidas de austeridade. 
(…) os Portugueses puderam ter uma noção do que significa associar uma crise política à crise económica e social que o País atravessa (…). Os portugueses hoje podem hoje afirmar que o Presidente Silva prolongou e agudizou a crise política tendo eliminado qualquer das alternativas que lhe foram apresentadas para a sua superação não contribuindo para uma sua solução rápida como lhe competia. 
(…) desde que estes coloquem o interesse nacional acima dos seus próprios interesses (….). O Presidente Silva não colocou o interesse nacional acima da sua vaidade sendo a sua
proposta de “compromisso de salvação nacional” um autêntico pagar de contas: entala o PS que lhe foi sempre hostil e dá uma estalada aos ingratos partidos da coligação. 
(…) Chegou a hora da responsabilidade dos agentes políticos. As decisões que forem tomadas nos próximos dias irão condicionar o futuro dos Portugueses durante vários anos (…). O Presidente Silva actuou de forma incompetente: no tempo e na forma da solução proposta. Tempo atrasado, solução que não o é por criar novo e maior problema. Provavelmente ocorrerão eleições antecipadas não agora, como a oposição propôs, mas em meados de 2014. Qual a diferença? Nas dificuldades que se perfilam nenhuma, nomeadamente nas que figuram no discurso presidencial. É o adiar da situação. 
(…) os Portugueses irão tirar as suas ilações quanto aos agentes políticos (…). O índice de popularidade do Presidente Silva já traduz ilações dos portugueses e a História (em nota de roda-pé) julgá-lo-á como merece. 
(…) os Portugueses têm o direito de exigir que os agentes políticos saibam estar à altura desta hora de emergência nacional (…). Os partidos políticos que assinaram o “memorando” não têm estado à altura das dificuldades que o Estado atravessa e a “verdadeira esquerda” navega num mar irrealista. O Presidente, que só olha para o seu umbigo, tem "desactuado" de forma desatrosa. Ninguém esteve ou está à altura dos gravíssimos problemas com que o País se confronta. O Sr. Presidente Silva agiu como um homem de partido e não como um homem de estado. 
(…) as forças políticas colocarão o interesse nacional acima dos seus interesses (…). Não é esta a realidade desde há muito tempo e não é por acaso que o cidadão tem tão má opinião dos agentes políticos . “São todos iguais”, como se ouve por todo o lado. O Sr. Presidente Silva não é excepção e deveria sê-la.

A história pode resumir-se na seguinte sequência: 
“remodelação governamental” com a demissão de Victor Gaspar (a qual não constituiu, aparentemente, surpresa quer para o PM quer para o Presidente Silva) »»» “crise governamental” com a publicação da carta de Victor Gaspar e o irresponsável pedido de demissão de Paulo Portas (para todos inesperada, incluindo os órgãos do CDS) »»» “gravíssimo impasse político” criado pelas “medidas de salvação nacional” preconizadas pelo Presidente Silva. 
Como barómetro desta sequência bastará ler não só as sequentes declarações de responsáveis da CE mas também analisar o seu paralelismo com a evolução das taxas de juro (yelds das OT a 10 Anos: 28 Junho, 6,46%; 4 Julho, 7,27%; 12 Julho 7,51%).
O Sr. Presidente Silva criou um “molho de bróculos” e não só está a extravasar as suas competências constitucionais como está a ser um agente desregulador do “funcionamento das instituições”, cuja regularidade deveria assegurar.                 
Após o seu discurso e no dia do debate do estado da nação na Assembleia, o Sr. Presidente Silva comunicou dar uma semana para a conclusão das conversações entre os três partidos. Uma semana para o quase impossível! Terá eventualmente caído de uma cadeira, o que ninguém sabe com excepção da D. Maria.
                                              

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