Como docente convidado do Instituto Superior Técnico, durante mais de dez
anos, tive milhares de alunos, sem exagero. Tenho saudades daqueles tempos em
que a esses alunos
dedicava toda a minha atenção, toda a minha exigência, todo
o meu rigor e, também, amizade.
Eram 35h semanais? 40h? Não. Foram certamente menos porque acumulava aquela
função com a de engenheiro numa empresa privada. Mas foi assunto que nunca me
preocupou, eram as que deveriam ser para uma correcta e, se possivel, sem
falhas transmissão do conhecimento e de uma experiência real. Digo real porque
as restantes horas semanais (num conjunto superior a esse número imbecil de 40
- objecto de disputa e de negociação entre o governo e as estruturas sindicais
-) eram utilizadas no projecto de estruturas reais (não teóricas).
Segui sempre o conselho que um dos meus mestres me deu depois da minha
licenciatura:
“Agora você tem licença para continuar a estudar sózinho.
Continue a estudar”. Foi o que fiz durante toda a minha muito feliz vida
profissional, contrariando o dito popular “quem sabe faz,quem não sabe
ensina”.
Ensinava os meus alunos a aprender e sabia e os meus alunos sabiam que eu
sabia.
Muitas histórias poderia contar sobre essa relação com os meus alunos que
tão gratas
recordações me deixou, mas vou apenas transmitir uma constatação que
esse
relacionamento revelou: entre os bons alunos houve uns de 17/18 e outros
de 13/15. Os
alunos médios/bons tornaram-se, em significativa percentagem,
muito bons profissionais do
projecto ou da construção, mas os muito bons alunos
raramente se revelaram “engenheiros
com mão certa e conhecedora”. Tiraram
mestrados e doutoramentos e dedicaram-se à investigação ou ao ensino.
O que hoje em dia me choca é ver alguns sem experiência digna desse nome
ensinarem.
Como é possível? Será que basta ser um crânio, escrever centenas de
artigos, achar que
nada pode aprender com um pedreiro ou um carpinteiro, ignorar,
por o achar objecto indigno, um balde de cimento, nunca ter visto uma talocha ou
uma colher de pedreiro, nunca ter tocado numa tábua de cofragem, nunca ter ido
a uma obra, ser um doutor na teoria das estruturas mas um pequeno aprendiz na
experiência? Acho que não.
O mesmo acontece na política: os governantes de amanhã (de hoje) começaram,
em geral, nas juventudes partidárias (do PCP ao CDS) onde, primeiro, aprenderam
os truques e golpes partidários e a oratória parlamentar e, depois, quando eram
jeitosos para a coisa,
dedicaram-se a conhecer a máquina do seu partido e,
sobretudo, a como dominá-la.
Foi o caso de Guterres - excelente aluno do IST que pouco ou nunca praticou
engenharia -, de Sócrates - criatura
com bacharelato, licenciatura no limite da fraude e, hoje, “estudante” deuma
das mais prestigiadas escolas superiores francesas, as denominadas “Grandes
Écoles”– (como foi isso posível, meu Deus!), de Coelho, de Seguro. Óptimos ou
medíocres na teoria do que conseguiram estudar mas péssimos na prática política
por falta de experiência.
Hoje, os nossos governantes não passam, na sua maioria, de miúdos, de imaturos, ou de
iluminados doutores a que Portugal, para sua desgraça, está entregue. (Ontem, depois de Gaspar, o Paulo bateu com as portas, Cavaco deu, mesmo
assim, posse à Maria Luís e o Coelho declarou: “Eu, fico”. Patético,
surrealista e muito mau para Portugal)
Por vezes há uns que sobem muito alto na roda mundial. Guterres é um
exemplo pela positiva e Barroso pela negativa. Uns, como o primeiro, mantiveram
as suas escolhas políticas de estudantes, outros (e o seu número na política
não é irrelevante) mudaram 180º (sempre para a direita...), como o último.
Durão Barroso foi presidente do PSD, primeiro-ministro e é actualmente
presidente da Comissão Europeia sendo, também, um putativo candidato
presidencial.
Olhem p´ra ele antes e depois:
Nos tempos do PREC era do MRPP (de onde foi expulso). Foi-me enviado um texto alegadamente da sua autoria que aqui transcrevo com as reservas que daquele facto decorrem:
"As obras teóricas do grande Estaline são contribuições valiosas. Por elas estudaram e
estudam o marxismo-leninismo
milhões de operários em todo o Mundo. Com elas o Partido
Comunista da China e o
Partido do Trabalho da Albânia educaram os seus quadros, com
elas formaram
milhares de bolcheviques na União Soviética. (...). O camarada Estaline está
demasiado vivo nos corações de todos os explorados e oprimidos do mundo inteiro
para
que oportunista algum o possa fazer esquecer. A vida, a obra, a atividade
do grande
Estaline pertencem aos Comunistas de todo o mundo e não apenas aos
soviéticos,
pertencem à classe operária e não apenas ao povo da URSS.
Na pátria do Socialismo, a União Soviética, o
Socialismo vencerá, uma nova revolução
surgirá tarde ou cedo. Os autênticos
comunistas soviéticos já se organizaram e, juntamente
com a classe operária e o
povo da URSS, erguerão bem alto a bandeira vermelha de
Estaline, instaurando de
novo o poder proletário.Força alguma o poderá evitar. QUE VIVA
ESTALINE!"
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