terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Movimento "Cinco Estrelas" precisa-se

“Itália ingovernável”. A preocupação instalou-se nos governos europeus.
 
Itália ingovernável? Claro que não. Qualquer país é governável excepto se a sua governação for inconveniente para os poderosos (antigamente eram as armas que falavam, hoje é o dinheiro).
Veja-se o caso do Zimbabwe e da inacreditável criatura Mugabe, seu supremo líder (na opinião dele excelente governante, para não fugir à regra, lá como cá). A comunidade internacional mantém-se serena com esta situação e com outras mais recentes. Mas a Itália é diferente: faz parte da Europa, da “civilização”.
Corrupção, compadrio, malandros à solta, justiça inoperante, incompetência generalizada, riqueza de governantes e de “boys”, pobreza do mexilhão, total ausência de transparência nos actos do Governo (democracia? Vou ali e já volto). Lá como cá, em escalas e dores diferentes é certo.
O resultado das eleições na Itália e o “downgrade” do Reino Unido tiveram um impacto económico muito significativo, nas bolsas e nos mercados. É um pertinente exemplo porque aqueles comportamentos nada mais são do que reflexos/avisos de quem realmente manda na “civilização”: a finança. Esta manda nos que nós pensamos que mandam: nos governos.
No Zimbabwe a situação foi mais sangrenta, é mais aflitiva para os de lá e menos grave do que a que existe cá. Que diabo, nós somos “civilizados”. Em vez de sangue, tortura, prisões e puro despotismo, por cá existe desemprego galopante, quase-miséria na classe média, dívida para além do razoável, esmagamento do contribuinte em geral e dos reformados em particular, nepotismo, corrupção, incompetência, indecência cívica.
A terceira força italiana resultante das eleiçõe de ontem é um movimento cívico denominado,
“Movimento Cinco Estrelas”. É eurocéptico, contra o euro, contra os partidos. Obteve 25,55% dos votos. A coligação da esquerda e a de centro-direita obtiveram na Câmara dos Deputados, respectivamente, 29,55% e 29, 18% dos votos. Contra os partidos? Fico curioso quanto ao futuro. Não seria estranho se se transformasse em mais um partido...
O que aconteceu em Itália deveria ser um exemplo para nós: que se crie cá um movimento com as bandeiras “Decência”, “Honestidade”, “Competência”, “Dever de Serviço Público”.
O movimento italiano, que reuniu dezenas de milhares nas ruas e nas redes sociais e não em teatros, hóteis e restaurantes fechados ou com “reserva do direito de admissão”, classifica-se como “anti-político”. Acho que esta afirmação resulta da revolta. Toda a governação é, por definição, política. Governo tecnocrata? Não existe e se existe é mau.
O movimento “Cinco Estrelas”, fundado em 2009, entende, pela voz do seu fundador (que não dá entrevistas, ele lá sabe porquê e eu também) Beppe Grilo, que “ser honesto está na moda”. Novamente não estou de acordo.
Ser-se honesto não é uma questão de moda mas sim de carácter e de educação (hoje, 26 de Fevereiro, li no DN: “desde que tomou posse, o ministro da Administração Interna já assinou 58 despachos para expulsar elementos da PSP e da GNR, 13 da primeira força de segurança, 45 da segunda. A maior parte é devida a casos de crimes de corrupção, com a GNR a dar o maior contributo”). Só ali, naquelas duas? E no governo do Estado, das Autarquias, das Juntas, dos clubes de futebol, etecetera? Não? A corrupção não invadiu tudo? Claro que sim, basta “parar, ver e escutar” junto às cancelas que nos rodeiam no dia-a-dia. Mas a onda de m...em que mergulharam este pobre povo tem que ser negada. Tem que haver “discurso de estado”, que somos tão bons como os melhores. “Não só no futebol e na música, na economia também”.
E na política? Como está o povo neste regime partidocrático? Bem? A democracia é o melhor regime até que se descubra/invente outro? Sim, eventualmente sim, mas os romanos suspendiam-na nas ocasiões graves e perigosas para o Estado. Ou não? Democracia? Qual? A presidencial, a parlamentar, a para lamentar, a participativa, a popular, a directa, a eteceteraetal? Ora, ora, pois pois.
Pois. O que nos falta é um movimento daqueles e escusa ser de cinco estrelas. Por mim contentava-me com duas.
                                     

Sem comentários:

Enviar um comentário