"Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?"
Nada do que se segue é da minha autoria. Trata-se de
apontamentos que tenho tirado de livros, da net, sobre esta língua que é a
minha e de que tanto gosto.
Portugal, país de poetas e de soldados.
Sim, de soldados e sei do que falo.
Estive na “Nó Górdio”
no norte de Moçambique e vi a bravura, a coragem dos soldados portugueses com
quem confraternizei, como alferes, durante dois muito difíceis anos (quando
falo de soldados, penso neles e não dos mercenários que hoje vão defender o
Ocidente de óculos escuros, “écharpe” colorida ao pescoço e uns bons euros no
bolso). E quando falo de poetas não falo nos políticos que “compaginam” muita
coisa nem dos do mundo do futebol que "parlapateiam" discursos inimaginavelmente
imbecis.
Somos, de facto, um povo que é estranho em muitas coisas do
dia a dia, desde a governação à língua, passando por paixões que "desrazoam" como
a do futebol.
Povo, no entanto, que eu não trocava por nenhum dos que
conheço.
Hoje, o serviço público de televisão, na sequência do
“acordo” ortográfico (“acordo” esse para o qual os cidadãos não foram ouvidos
nem chamados a pronunciar-se devidamente) teima, todas as
manhãs e através do canal 1 da televisão pública, em ensinar como se fala “em
bom português”. Aparentemente o outro, aquele que teimo em continuar a praticar,
é “mau”, como “mau” é para “eles” a 4ªclasse que os da minha geração felizmente
tiveram no ensino público, obrigatório.
Enfim, coisas da vida, como diria a minha Engrácia.
Não nego a inevitável e própria evolução das línguas
(leiam-se as crónicas de Fernão Lopes ou, para não se ir tão longe, textos do
século XVIII).
As línguas são como as cidades. São vivas e, por isso,
evoluem, mudam e por vezes radicalmente quando vistas com a distância própria
do tempo. Quando deixam de o ser passam, naturalmente, a “mortas”, como o latim e dos sítios arqueológicos
Outras línguas há, tão ou mais ricas como a nossa e com
uma expansão geográfica comparável, mas que evitaram sempre uma súbita e
forçada “modernização” que, de algum modo, as matasse.
Veja-se o caso do inglês.
Houve algum acordo da Grã-Bretanha com os EUA e com os
países da Commonwealth para a “oralidade”
(gosto deste vocábulo) e da língua
escrita, da uniformização de vocábulos?
Não.
E o francês?
Espalhado pela Europa como língua da cultura (ainda o
sendo na Rússia e noutros países daquela região) só recentemente foi gradual e fatalmente substituído pelo inglês, o qual é o latim do tempo contemporâneo,
principalmente na ciência e na comunicação. Procurou aquela língua adaptar a
sua escrita à “oralidade” (como gosto deste culto vocábulo), abandonando as
suas raízes latinas e gregas? Substituíram eles o “ph” pelo “f”, por exemplo?
Não.
Mas, em Portugal, uns especialistas de linguística
(adjectivação esta que não contesto) entenderam criar uma nova língua escrita,
embora com a clara oposição de muitos escritores e especialistas do ramo de
renome, cuja competência é indiscutível. Língua essa cuja escrita se aproximasse
da “oralidade” (que maravilha; desculpem a repetição) e que fosse mais conforme com
o facilitismo e a incompetência próprios duma sofisticada boçalidade e da
ignorância que se ouve e lê no dia-a-dia, nos jornais nos canais da televisão
portuguesa.
É assim. Nada há a fazer.
A Assembleia da República aprovou a proposta do Governo,
o Governo decretou e o Presidente da República assinou.
E pronto.
“O português é a sexta língua mais falada no mundo, indicam as
estatísticas da UNESCO que revela a existência de 6,7 mil línguas vivas no
mundo.
Segundo a
instituição, o português está atrás do mandarim, do hindu, do castelhano, do
inglês e do bengali.
Segundo o
documento "Língua Portuguesa: Perspectivas para o Século XXI",
elaborado polo Instituto Camões, a língua portuguesa tem ganho falantes de
forma contínua, desde o começo do século XX.
Em 2000, a UNESCO estimou em
mais de 176 milhões o número de falantes de português no mundo.
O português é a
língua oficial de oito países: Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
Desta forma, o português está presente nos quatro
cantos do mundo.
Utilizada diariamente por cerca de 200 milhões de pessoas,
longe dos cerca de três milhões que a utilizavam na sua forma arcaica no
século XVI, quando foi difundida espontaneamente por navegadores, guerreiros,
mercadores, marinheiros e missionários.
O galego e o
português eram a mesma língua até aos séculos XII-XIII, quando se iniciou um processo de afastamento devido ao qual em Portugal adquiriu o carácter de
língua nacional e na Galiza ficou submetida ao processo nacionalista que se
concluiria com a criação de Espanha.
Em Portugal a língua foi normalizada e
naturalizada. Na Galiza não, além do que o seu uso desapareceu na prosa legal
e na literária.
O esplendor
literário medieval foi desconhecido nos dois lados da fronteira até ao século
XIX por volta da década de 1920. Apesar disto, existem posições diferentes no
que respeita à unidade-separação do galego e do português, como é o caso, por
exemplo, do chamado reintegracionismo.
O
reintegracionismo é uma corrente de pensamento e de movimento social que
defende as seguintes proposições:
- O galego, histórica e internacionalmente, está
integrado na língua portuguesa ou, no âmbito científico, na língua
galego-português. As diferentes falas galegas são, como as portuguesas, parte
do mesmo dia sistema linguístico.
- Adopção da grafia histórica do galego que, no
essencial, coincide com a actual norma
portuguesa, se bem que mantendo algumas das particularidades das falas galegas".
Nota : No sec. XII, em 2100 vocábulos do
português primitivo, 1200 eram latinos (57%), 800 árabes (38%) e 100
germânicos (5%).
Sem comentários:
Enviar um comentário