quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Os primeiros condes portucalenses



Nos primórdios da nossa nacionalidade, as figuras dominantes e que poderiam condicionar o futuro eram os condes e os ricos-homens.
Hoje, na era “anti-trevas” existem, entre outras espécies, os “senadores” (pais do regime
democrático), os “fundadores” (americanice), os “democratas” (que raramente seguem o povo
mas dele se servem), os “antifascistas” (termo muito políticamente correcto), os
“comentadores/analistas políticos” (máximas sumidades juntamente com os advinhos da
palma da mão ou com bola de cristal mas com diploma, por vezes de valor discutível), os
“mandantes” na política de hoje e que condicionam o nosso futuro (leia-se “chefes” da finança
ou da economia, os quais são quem mandam nos políticos - seus subordinados ou homens-
de-mão de amanhã, se Deus quizer e ele infalivelmente quer sempre).
Assim, tal como a seguir se apresenta uma listagem dos homens grandes da nossa história
nos séculos IX a XII, poder-se-ia fazer o mesmo para os tempos de hoje. Nesta listagem, no
entanto,  não figurariam políticos dignos desse nome mas apenas figuras gradas da nossa
sociedade e do mundo da finança e da economia.
Poderia, portanto, elaborar tal listagem mas não o faço. Sofro, hoje em dia, de enjôos  que me impedem de o fazer. As minhas desculpas por este hiato voluntário.
A nossa história é rica em ensinamentos os quais, dada a natureza humana, são fácil e
infelizmente esquecidos. Se assim não fosse não haveria deficit ou dívida pública ou privada.
Na memória do nosso passado esqueceu-se que a riqueza resulta do trabalho, da terra, de
excepcionais heranças ou, também, de criterioso aforro ou de cuidada gestão.
D. Pedro “O Cru” foi rico pelo aforro mas depois veio a pobreza, D. Manuel “O Afortunado” (considerado o merceeiro da Europa) herdou as ricas especiarias das Índias, mas, depois, veio a desgraça filipina. Veio o ouro do Brasil e dele se aproveitou D. João V (o príncipe mais rico da Europa). 
A seguir? Desgraças. Desgraças resultantes de reis imbecis (D.José), loucos (D.Maria I), “estranhos” (D. João VI), “varridos” (D.Miguel e o mano D. Pedro IV), “reféns” da autoridade das nobrezas europeias (D. Maria II, D. Pedro V), presos na decisão pelas redes partidárias (D. Carlos). Opiniões eventualmente erradas do que peço antecipadamente desculpas.
Não vou abordar a 1ª República nem a ditadura (de Sidónio ou de Salazar) porque, por um
lado sou republicano e, por outro, não gosto de vaidosos e tenho saudades da honestidade e da competência, venham elas de onde vierem. 

                                                          

Adiante.

Os primeiros condes em território português

A palavra conde vem do latim comes, comitis, que significa em latim “companheiro“.
No período imperial o comes, além de familiar do monarca, desempenhava funções precisas e fazia parte do conselho de estado do imperador.
“...nos cem anos que decorreram desde Constantino até aos filhos e netos de Teodorico o Grande, pode dizer-se com toda a verdade que todo o esplendor do Império estava nos Condes (…). No tempo dos romanos não se limitava a administração destes Condes a uma vila ou cidade, como depois praticaram os godos, mas estendia-se a toda uma grande região...”.
Nos reinos bárbaros mantém-se de início essa acepção e essa função, as quais evoluem
para a de senhor feudal, tenente de terras denominadas condado.
Nos reinos neocristãos da Península Ibérica os condes exercem funções públicas e estão na
dependência do rei.
Nos inícios da história portuguesa o título não foi usado, competindo ao rico-homem as
funções públicas do antigo conde leonês. De facto, só há notícia de um conde no reinado de D. Sancho I (D. Mendo de Sousa) e de D. Afonso III (D. Gonçalo Garcia de Sousa), os quais seriam os primeiros casos em que se deu o título independentemente do exercício de funções públicas, como passou a ser usado com frequência a partir do século XIV. 

Nos primeiros trezentos anos da monarquia portuguesa não há nota que na corte houvesse
outro título que não o de conde. No tempo de D. Dinis, os Condes de Barcelos, no de D. Fernando, os condes de Ourém, no de D. João I, os condes de Arraiolos. Então, é criado o
primeiro título de duque na pessoa do seu filho bastardo, D. Afonso duque de Bragança.
Posteriormente, na pessoa do primogénito do duque de Bragança, é criado o primeiro título de marquês, o de marquês de Valença. Até à data em Portugal apenas havia seis condes e quando D.Manuel I criou o de conde de Portalegre não havia em Portugal senão oito deste título.
Desde então o título tenderá a integrar-se na hierarquia dos graus da nobreza na época
moderna: duque, marquês, conde, visconde (vice comes, aquele que representa o conde já
aparece no direito romano), barão. 

Ricos-homens

O rico-homem, com direito ao título de Dom (dominus), é o grau mais elevado da nobreza na estratificação social dos primeiros séculos da monarquia portuguesa (séculos XII a XV). 
Classe de enorme importância tinha o seu poder assente em avultados bens e na autoridade proveniente do exercício de cargos públicos.
Na maioria dos casos, o rico-homem era um nobre de linhagem, ou seja, de ascendência
fidalga pelo menos até aos bisavôs. No entanto, tal condição não era essencial podendo o rei “fazer“ ricos-homens, contrariamente aos infanções, grau de nobreza imediatamente inferior, fidalgos de linhagem por definição e que por isso não podiam ser “criados“ pelo monarca.
Etimologicamente o termo também se liga à ideia de poder: rico deriva da palavra germânica reik, poder.
As funções do rico-homem dentro do seu distrito (no qual exercia jurisdição completa e
gozava de total imunidade perante o fisco) equivalem às do conde na monarquia leonesa,
título que se oblitera nos primórdios da monarquia portuguesa.
No século XV o significado da expressão apagou-se por completo, constando o seu mais
antigo emprego nas “Ordenações Manuelinas“.

O Condado Portucalense 

Geralmente, é assim designado o território cujo governo foi confiado ao conde D. Henrique de Borgonha por D. Afonso VI rei de Leão e Castela, como dote de casamento da sua filha bastarda D. Teresa.
Afonso VI, que também se intitulava imperador da Hispânia, era o segundo filho de Fernando Magno, o qual, por testamento, deixou o seu reino dividido pelos seus três filhos: Sancho com Castela, Afonso com Leão, Garcia com Galiza e Portugal.
O condado confiado a D. Henrique (filho do duque de Borgonha, sobrinho de D. Constança mulher de D. Afonso VI, sobrinho-neto de S. Hugo abade de Cluny) tem uma extensão de difícil delimitação, com excepção da faixa ocidental, a qual ia desde o rio Minho até ao rio Tejo. 
A Norte, a fronteira só em parte seguia o curso do Minho e não era conhecida, com rigor, para lá dele. Provavelmente, passava a sul daquele rio e do território de Chaves. A Oriente, ao norte do Douro, estendia-se desde a Terra de  Bragança e a de Panóias. A sul do Douro, ficava entre Lamego e o Côa. A fronteira meridional dependia da posição dos muçulmanos. 
Este território, antes de entregue a D. Henrique, estava integrado na Galiza governada pelo conde. D. Raimundo.

Condes, ricos-homens e infanções no território portucalense.

Pode considerar-se que o período do primeiro condado portucalense se estende de 868 a 1071, com início no reinado de Afonso III das Astúrias e com fim no de Garcia II, rei da Galiza e de Portugal. 
O segundo condado portucalense inicia-se em 1096 com D. Henrique e termina em 1139 com a  aclamação de D. Afonso Henriques como rei na sequência da batalha de Ourique. 
Listam-se a seguir as personagens mais frequentemente citadas na bibliografia, no período de 868 (início do 1º condado portucalense integrado no reino de Leão e Castela) a 1128 (batalha de Ourique, aclamação de D. Afonso Henriques como rei):
868: D.Vímara Peres (1º conde do condado portucalense, sucede-lhe o seu filho Lúcido Guimarãis). 871: D. Hermenegildo Guterres 872: D. Odoário de Lugo. 878: D. Diogo Fernandes (conde portucalense, casado com a condessa D. Onega; pai de D. Mumadona **); D. Hermenegildo ou Mendo Gonçalves ; D. Guterres Mendes e D. Aires Mendes (filhos do conde D. Mendo Gonçalves); D. Gundesinho Eris. 950: D. Gonçalo Mendes. 960: D. Rodrigo Tedones. 1002: D. Mendo Gonçalves; D. Toda (condessa portucalense, mulher de D. Mendo Gonçalves); D. Nuno Alvitiz; D. Mendo Nunes “O Grande “ ; 1008: D. Alvito Nunes. 1017: D. Mendo da Luz (infanção). 1034: D. Gonçalo Trastamires da Maia (infanção). 1064: D. Sesnando Davides, nomeado senhor do condado de Coimbra por D. Fernando I. Moçárabe, natural de Tentúgal, ex-vizir de Sevilha, considerado como inimigo pela nobreza portucalense; casou com D. Loba Nunes filha de D. Nuno Mendes, último conde do 1º condado portucalense. 1068: D. Mónio Viegas de Ribadouro (infanção, tio-avô de Egas Moniz). 1071: D. Nuno Mendes, último conde do 1º condado portucalense. 1096: D. Raimundo. 1096: D. Henrique de Borgonha (conde portucalense). 1112: D. Teresa (condessa portucalense). 1128: D. Afonso Henriques (príncipe).


** Mumadona Dias foi com certeza uma das mulheres mais importantes da região portucalense. Foi a iniciadora da dinastia dos Mendes que governou o Condado Portucalense desde 950 até 1071. Filha de Diogo Fernandes e de Onega Lucides era, talvez, sobrinha de Afonso III de Leão. Casada com Hermenegildo (ou Mendo) Gonçalves, chamou a si, quando enviuvou, a governação de Guimarães e do território que se estende desde a Galiza até Coimbra e do mar até ao Tâmega (a ela se ficou a dever a construção do castelo de Guimarães e do mosteiro de S. Mamede). Quando Bermudo II de Leão morre (999), deixa a educação do seu filho (o futuro rei Afonso V) ao cuidado do conde Mendo Gonçalves, neto da condessa Mumadona Dias. Foi durante a dinastia dos Mendes que se criou a sul do Douro o condado de Coimbra, com população de maioria moçárabe.  

Ref. “Dicionário de História de Portugal” de Joel Serrão; “Origem do Título e da Dignidade dos Condes” de António Pereira de Figueiredo.                                                                                                                                        

sábado, 17 de novembro de 2012

A linha do horizonte e o fundo do túnel



Lembro-me de, à mesa de uma esplanada à beira-mar, me terem questionado sobre a distância a que estaria um barco que se via lá ao longe, junto à linha do horizonte. 


Utilizei as noções elementares da geometria e da matemática e, escrevendo na toalha de papel da mesa, concluí com a fórmula que abaixo apresento.
Pelas leis da geometria relativas ao círculo e ao triângulo, a distância “D“ (km) correspondente á linha do horizonte observada de uma altura “h“ (m) julgo que poder ser dada, a menos de infinitésimos de 2ª ordem, pela expressão:

           D = SQR (2 R x h : 1000) ~ 3.6 SQR (h)    (SQR= raiz quadrada)

na qual “R“ é o raio da Terra expresso em km (6.366 km) e “h“ é a altura de observação em metros (altitude do ponto de observação).

Da expressão anterior pode construir-se o seguinte quadro:

h (m)
D (km)
2
5
5
8
10
11
20
16
50
25
100
36
200
51
530 
83                
2000
160



                                            

                                  
                                              
                                                     
                            
Depois, empurrado pelo orgulho e pela miragem do conhecimento absoluto, decidi criar a

“Lei do Pinto” para resposta à questão: daqui a quantos anos se sai do “túnel”?



a) Admita-se que os governos são classificados numa escala de 0 (zero, nunca deveriam ser nomeados e muito menos eleitos) a 20 (excepcional, coisa que não existe, excepto nalgumas já identificadas “universidades” de hoje).

b) Considere-se que se mantém a actual política para a redução do buraco orçamental português, o qual atinge números muito díspares consoante as tendências partidárias dos especialistas na matéria (e não só), mas sempre da ordem dos milhares de milhões de euros.

c) Oiçam-se os apelos do povo ou as reflectidas considerações dos actuais governantes e dos seus opositores ou putativos sucessores no que se refere a uma luz no fundo do túnel ou ao fim de um “pacto de agressão”.

d) Seja-se um cidadão exemplar e, sobretudo, participativo na resolução dos problemas nacionais.

Hipóteses:

1 - Um governo que reúna, entre outras, as qualidades de competência, de honestidade, de rigor, de independência em relação a interesses financeiros e/ou económicos, de sentido do dever e do bem público, de coragem e que seja patriota (adjectivo que no passado era associado a uma ideologia fascizante mas que nos tempos que correm já não o é) tem uma competência de 18 (dezoito) valores.

2 – De acordo com declarações públicas nacionais (governo) internacionais (Comissão Europeia, Banco Central Europeu, FMI), Portugal voltará aos mercados em 2013 (vá lá em 2014 e porque não “refundar-se” já, amanhã, o annus mirabilis para 2015 ou, espante-se, para 2032, como já ouvi). Assim e de acordo com a perspectiva mais optimista, isto é 3 anos após a tragédia socratiana - para não referir a cavaquista que lhe é anterior mas talvez mais marcante (se é que tal é possível) -  Portugal terá contas públicas “equilibradas” num futuro próximo (hipótese muito discutível, mas que não deixa de ser por isso uma “hipótese de trabalho”).

3 - A parábola, que é sempre a melhor e por vezes obscura resposta às perguntas mais difíceis, é considerada, por pura e assumida arbitrariedade, a função matemática que melhor traduz o problema, adoptando-se, por simplificação, a sua equação do 2ºgrau, ou seja:

A = 3 + 0,1175 (20 – C) E2

na qual “A” é o número de anos (contados a partir de 2011) até se ver luz ao fim do túnel, “C” a competência do governo e E2 o símbolo de “ao quadrado”.

Obtém-se a seguinte tabela:

C (competência governativa) A (anos, luz ao fim do túnel)
0 (a expulsar) 50
5 (mau) 29
8 (medíocre) 20
11 (sofrível) 13
14 (bomzito) 7
17 (muito bom) 4
20 (excepcional) Ora, ora, pois, pois.

Sugestões:  

Aceite-se como informação com algum interesse a tabela da “Linha do horizonte” e considere-se a segunda tabela como simples e muito optimista “brincalhotice” (talvez  substituindo a vírgula na identificação de A por um hífen a previsão resultasse muito mais correcta). 





quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A Grande Pirâmide de Giseh e os protestos

A Grande Pirâmide de Giseh também conhecida como a de Khufu (Chéops em grego), rei da 
4.ª dinastia (2650 a.C.), tinha uma base quadrangular com cerca de 230,56m de lado e uma altura de cerca de 146, 6m (actualmente, a altura reduziu-se para 130,80 m devido à erosão.
O seu volume é estimado em 2.500.000 m³ (dois vírgula cinco milhões de m³.


O território da França continental, "l´Hexagone como aquele país é apelidado, tem uma área de 543.030 km².
Por medição expedita à escala, as suas fronteiras têm uma extensão da ordem de 3.900 km.
Como número aferidor deste número, o perímetro de um hexágono regular com aquela área, é de 2.740 km.
Para aqueles números (2.500.000 m³ e 3.900 km) seria possível construir com o material da pirâmide de Chéops um muro com uma secção de 0,60 m² de área ao longo da fronteira francesa, isto é, por exemplo, um muro com 2,00 m de altura e 0,30m de espessura. 
Com os seus blocos de pedra poderiam ser fabricados 2.500 milhões de pedras da calçada, para efeitos de pavimentação das ruas das nossas cidades ou para outros de natureza protestativa.


Clara falta de material e evidente manifestação de selvajaria e ausência de educação cívica.
Enfim, energúmenos.

domingo, 11 de novembro de 2012

O povo português e a sua língua.

"Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?"
Nada do que se segue é da minha autoria. Trata-se de apontamentos que tenho tirado de livros, da net, sobre esta língua que é a minha e de que tanto gosto.
Portugal, país de poetas e de soldados.
Sim, de soldados e sei do que falo. 
Estive na “Nó Górdio” no norte de Moçambique e vi a bravura, a coragem dos soldados portugueses com quem confraternizei, como alferes, durante dois muito difíceis anos (quando falo de soldados, penso neles e não dos mercenários que hoje vão defender o Ocidente de óculos escuros, “écharpe” colorida ao pescoço e uns bons euros no bolso). E quando falo de poetas não falo nos políticos que “compaginam” muita coisa nem dos do mundo do futebol que "parlapateiam" discursos inimaginavelmente imbecis.
Somos, de facto, um povo que é estranho em muitas coisas do dia a dia, desde a governação à língua, passando por paixões que "desrazoam" como a do futebol.
Povo, no entanto, que eu não trocava por nenhum dos que conheço.
Hoje, o serviço público de televisão, na sequência do “acordo” ortográfico (“acordo” esse para o qual os cidadãos não foram ouvidos nem chamados a pronunciar-se devidamente) teima, todas as manhãs e através do canal 1 da televisão pública, em ensinar como se fala “em bom português”. Aparentemente o outro, aquele que teimo em continuar a praticar, é “mau”, como “mau” é para “eles” a 4ªclasse que os da minha geração felizmente tiveram no ensino público, obrigatório.
Enfim, coisas da vida, como diria a minha Engrácia.
Não nego a inevitável e própria evolução das línguas (leiam-se as crónicas de Fernão Lopes ou, para não se ir tão longe, textos do século XVIII).
As línguas são como as cidades. São vivas e, por isso, evoluem, mudam e por vezes radicalmente quando vistas com a distância própria do tempo. Quando deixam de o ser passam, naturalmente, a “mortas”, como o latim e dos sítios arqueológicos
Outras línguas há, tão ou mais ricas como a nossa e com uma expansão geográfica comparável, mas que evitaram sempre uma súbita e forçada “modernização” que, de algum modo, as matasse.
Veja-se o caso do inglês.
Houve algum acordo da Grã-Bretanha com os EUA e com os países da Commonwealth para a “oralidade” (gosto deste vocábulo) e da língua escrita, da uniformização de vocábulos?
Não.
E o francês?
Espalhado pela Europa como língua da cultura (ainda o sendo na Rússia e noutros países daquela região) só recentemente foi gradual e fatalmente substituído pelo inglês, o qual é o latim do tempo contemporâneo, principalmente na ciência e na comunicação. Procurou aquela língua adaptar a sua escrita à “oralidade” (como gosto deste culto vocábulo), abandonando as suas raízes latinas e gregas? Substituíram eles o “ph” pelo “f”, por exemplo?
Não.
Mas, em Portugal, uns especialistas de linguística (adjectivação esta que não contesto) entenderam criar uma nova língua escrita, embora com a clara oposição de muitos escritores e especialistas do ramo de renome, cuja competência é indiscutível. Língua essa cuja escrita se aproximasse da “oralidade” (que maravilha; desculpem a repetição) e que fosse mais conforme com o facilitismo e a incompetência próprios duma sofisticada boçalidade e da ignorância que se ouve e lê no dia-a-dia, nos jornais nos canais da televisão portuguesa.
É assim. Nada há a fazer.
A Assembleia da República aprovou a proposta do Governo, o Governo decretou e o Presidente da República assinou.
E pronto.

O Português (apontamentos tirados em 2007 e cuja autoria hoje desconheço).     
   
“O português é a sexta língua mais falada no mundo, indicam as estatísticas da UNESCO que revela a existência de 6,7 mil línguas vivas no mundo.
Segundo a instituição, o português está atrás do mandarim, do hindu, do castelhano, do inglês e do bengali.
Segundo o documento "Língua Portuguesa: Perspectivas para o Século XXI", elaborado polo Instituto Camões, a língua portuguesa tem ganho falantes de forma contínua, desde o começo do século XX. 
Em 2000, a UNESCO estimou em mais de 176 milhões o número de falantes de português no mundo.
O português é a língua oficial de oito países: Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. 
Desta forma, o português está presente nos quatro cantos do mundo. 
Utilizada diariamente por cerca de 200 milhões de pessoas, longe dos cerca de três milhões que a utilizavam na sua forma arcaica no século XVI, quando foi difundida espontaneamente por navegadores, guerreiros, mercadores, marinheiros e missionários.
O galego e o português eram a mesma língua até aos séculos XII-XIII, quando se iniciou um processo de afastamento devido ao qual em Portugal adquiriu o carácter de língua nacional e na Galiza ficou submetida ao processo nacionalista que se concluiria com a criação de Espanha. 
Em Portugal a língua foi normalizada e naturalizada. Na Galiza não, além do que o seu uso desapareceu na prosa legal e na literária.
O esplendor literário medieval foi desconhecido nos dois lados da fronteira até ao século XIX por volta da década de 1920. Apesar disto, existem posições diferentes no que respeita à unidade-separação do galego e do português, como é o caso, por exemplo, do chamado reintegracionismo.
O reintegracionismo é uma corrente de pensamento e de movimento social que defende as seguintes proposições:
- O galego, histórica e internacionalmente, está integrado na língua portuguesa ou, no âmbito científico, na língua galego-português. As diferentes falas galegas são, como as portuguesas, parte do mesmo dia sistema linguístico.
- Adopção da grafia histórica do galego que, no essencial, coincide com a actual norma portuguesa, se bem que mantendo algumas das particularidades das falas galegas".

Nota : No sec. XII, em 2100 vocábulos do português primitivo, 1200 eram latinos (57%), 800 árabes (38%) e 100 germânicos (5%).                                                                                                     


                       

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Israel e a Palestina

Há já algum tempo que não leio ou oiço notícias nos meios de comunicação sobre o conflito Israel-palestiniano.
Em Julho deste ano, o Presidente da Comissão Europeia afirmou em Ramallah que a União Europeia manterá o apoio aos palestinianos. Dois dias depois recebia o grau de doutor "honoris causa" pela Universidade de Haifa.
Amanhã é eleito o novo Presidente dos E.U.A. Seja eleito Obama ou o seu opositor republicano, caso seja apresentado no Conselho de Segurança qualquer projecto condenando Israel, ele terá, não tenho dúvidas, o veto dos E.U. Desde 2011 foram 11 (onze) e o último, que condenava Israel pela construção de colonatos em território palestiniano, foi da administração de Obama. Nada indica que, no futuro próximo. as coisas se alterem e que o "lobby" judaico naquele país manterá a sua influência.
Há muita desinformação sobre o assunto e para um esclarecimento cabal e fundamentado só escrevendo um livro.
Aqui deixo umas breves notas para reflexão.

Palestina: Parte meridional da antiga região de Canaã (de Cham, neto de Noé), de fronteiras imprecisas a Nascente do rio Jordão mas que, a Sul e Norte, se pode considerar limitada, respectivamente, pelo Sinai e pelo rio Orontes. A antiga Canaã integra, actualmente, o que são, territórios do Líbano, do Egipto, da Jordânia, da Siria e, claro, de Israel. O primeiro povo de Canaã, os canaanitas, era cultural e religiosamente heterogéneo com influências do Egipto, da Mesopotamia, da Anatólia, do Egeu. Dizem que lá se estabeleceu por volta de 2000 AC. A  Palestina deve o seu nome ao povo dos Filisteus, povo originário de Creta, que invadiu a parte meridional de Canaã cerca de 1300 a.C., assim como outro povo: os Hebreus.

Hebreus: Designação que vem de “heber“, que designa  “do lado de lá“ porque vieram do outro lado do rio Eufrates, de Nascente do rio Jordão. O povo, que a ele próprio se denominava “Ben-Israel“, era constituído por 12 tribos (10 de Jacob e 2 de José) agrupadas em 4 famílias as quais, posteriormente (em 928 a.C.) e no seguimento de uma guerra civil, deram origem a dois reinos, o de Israel (a Norte entre Jafa - ou Joppa -  e Sidon e com capital em Samaria) e o de Judeia, cujo nome vem da tribo preponderante no  território, a de Judas (a Sul entre o Egipto e Jafa e com capital em Jerusalém). No século IX (a.C.) as relações entre os dois estados eram hostis, tendo a Judeia beneficiado do apoio militar de Damasco (Assíria).

A conquista: Os hebreus levaram 3 séculos a conquistar a terra aos povos aborígenes, Idumenos e Amalecitas a Sul, Moabitos, Ismaelitas e Amonitas a Este. A maior oposição foi dada pelos Filisteus que bloquearam a expansão para SO. A ocupação, iniciada por Joshua, foi sempre feita com base na soberania das tribos, as quais, no entanto e devido á forte oposição dos filisteus, reuniram-se numa monarquia cujo primeiro rei foi Saul (1006 a.C.).

Os reis: A Saul sucedeu David o qual, após ter submetido os povos aborígenes, criou o 1º estado hebreu. David abandonou a capital da sua tribo (Hebron) e conquistou, 300 km a Norte, a fortaleza de Sion capital dos autóctones cananitas, os jebuseanos. Sion seria baptizada (965 a.C.) como Jerusalém. A  David sucedeu o seu filho Salomão que mandou construir o “Templo“. O filho de Salomão, Rahoboam, não conseguiu manter a unidade entre as tribos e a guerra civil estalou entre judeus (que incluía as tribos mais populosas de Judas, de Benjamim, de Isau e de Simão) e israelitas. Depois de Rhoboam, foram 20 os reis da Judeia (até Sedécias, 587 a.C.).

O estado de Israel: A desunião e conflitualidade com a Judeia, assim como o poder crescente dos Assírios, conduziu ao enfraquecimento do estado de Israel, o qual no século.VIII a.C. era um reino vassalo do império assírio com capital em Samaria. Em 727 a.C. uma revolta conduzida por Hoshea foi esmagada. Israel foi anexado e a sua população deportada para território assírio. O estado da Judeia: Em 701 a.C., o império assírio conquistou, também, a Judeia . Em 612 dá-se a queda do Império e a Judeia fica sob domínio do Egipto. Por pouco tempo, já que em 605 o rei Nabucodonosor captura Jerusalém e, anos mais tarde, deporta os judeus para a Babilónia. Em  539, o grande rei Cyrus da Pérsia destrói a Babilónia e autoriza o regresso dos judeus ao território entre a fronteira com o Egipto e Jerusalém. Nem mais, nem menos. Era o início da Diáspora.

Acima estão factos históricos, podendo os mais relevantes serem resumidos nos seguintes pontos:
1 - Os hebreus invadiram um território que não era o deles em 1300 a.C. 
2 - Os hebreus eram 12 tribos desavindas.
3 - Os hebreus organizaram-se em dois estados distintos: Judeia e Israel.
4 - Há que considerar na História duas capitais: Jerusalém (Sion ) e Samaria.
5 - O que se pode designar como “Grande Israel“, não durou mais do que 80 anos (de David a Rahoboam).
6 - O regresso de judeus no século VI a.C. limitou-se, até ao século XX d.C., ao território entre a península do Sinai e Jerusalém.