quinta-feira, 14 de novembro de 2019

A questão do lítio


Há petróleo na zona marítima de Portugal Continental.
Há lítio em Portugal Continental (jazigos conhecidos há 100 anos).
Há “ouro negro” e “ouro “branco” em Portugal.
Durante a 2ª Guerra mundial Portugal exportou para os nazis e para os aliados outra espécie de ouro: o volfrâmio. Enriqueceu com isso. “Isso” que hoje, e só hoje depois de mais de 40 anos do regime democrático, é criticado, embora as minas de cobre da Panasqueira da Beira Interior onde o volfrâmio existe tenham sido objecto de sucessivas transacções e ainda hoje estejam em exploração.
Regime que hoje “ferra” com a ignorância o passado e que é indiferente ao “hoje”.
 


Comece-se pelo ouro negro.
É dito que uma eventual perfuração se realizará a 30km-40km de distância da costa, ou seja só visível a cerca de 70 m (10 pisos de um edifício) ou a 120 m de altura (40 pisos).
É muito, não perturba qualquer actividade turística, em particular, a balnear. Poderá haver catastróficos derrames? Com certeza, cá e em qualquer ponto do mundo (no Mar do Norte, na Noruega, na Escócia, no México,etc).
O “ouro branco”? Portugal poderá ser o 1º produtor de lítio na Europa e ser nesta o que a Arábia Saudita é na Ásia. Por esta possibilidade, devem ser cuidadosamente tratadas as recentes desconfianças e suas manifestações.
O lítio é um material leve e cuja densidade é inferior à da água. Flutua. É corrosivo, altamente inflamável e explosivo quando exposto ao ar e à água. Especiais precauções devem por isso ser tomadas no seu transporte pelo ar ou pelo mar.
Qual a diferença entre a exploração de uma pedreira de mármore da qual decorreu o desatre mortífero de Borba (resultante de desleixo e de incompetência) e de uma de “feldspato+granito+lítio”? Poucas ou nenhumas.
De acordo com dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos, Portugal é o país europeu com maiores reservas de lítio e o sexto a nível mundial.
“Em Portugal, as reservas serão na ordem das 60 mil toneladas (...) O grande motivo de críticas à extração de lítio tem a ver com as implicações ambientais da atividade mineira, não só pelos danos provocados na paisagem, mas sobretudo pela possibilidade de contaminação de águas, (…) e pela previsível degradação do ar nas zonas adjacentes à exploração”. 
As reservas de lítio em Portugal são um grão de pó quando comparadas com as do “triângulo” Chile, Argentina, Bolívia que têm 75% das reservas Mundiais. Só o deserto de Uyun na Bolívia alberga 5,4 milhões de toneladas de lítio o que lhe confere o título da maior reserva do mundo. 
 

            COBRE                               VOLFRÂMIO                      LÍTIO

A recente revolução energética nos automóveis, nos quais o depósito de combustível fóssil é substituído por baterias de lítio, valorizou este mineral. No entanto, em Portugal o lítio é um composto natural, não se apresentando como carbonatos de lítio, forma sob a qual é utilizado em baterias. Tal facto conduz a uma produção para aquele fim mais difícil e mais cara.
Seja como for, o problema central na recente polémica é o da competência. Que se planeie e que se fiscalize, como é exigível para qualquer outro tipo de exploração mineira um investimento que a prazo poderá atingir os 400 milhões de euros.
Que habilitações tem o actual Secretário de Estado da Energia, para debitar explicações e justificações? Nenhumas.
Que se substituam, sem prejuízo das legítimas opções políticas, os “boys” da oligarquia do PS e do PSD por técnicos experientes sem quaisquer aproveitamentos pessoais. 
Mas assim é que não. Não ao ignorar, ao deitar fora (nós país tão pobre!) o ouro que temos, seja ele cobre, volfrâmio, petróleo ou lítio.
Se sim, é uma irresponsabilidade, que hoje já não espanta, ou um fundamentalismo ambiental que deve ter apenas a importância e a influência que merece.
                           

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