terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O frio



“Hélas ! Cette pauvreté de l´âme à deux !... “ F. Nietzche.

“Sous le Pont Mirabeau / Coule la Seine / Faut-il qu´il m´en souvienne / de 

nos amours/ Ou après la joie / Venait toujours la peine?" Apollinaire.


        
Lembro-me do frio que tive numa gelada noite no reino da Dinamarca e como ele e a quase constante noite eram para os nativos motivo para fins-de-semana de bebedeiras monumentais.
Lembro-me do frio que por vezes por mim passou depois de uma frase, de um gesto, de um esquecimento infelizes.
Lembro-me, com infinita pena, do frio que sofrem apaixonados corações.
Paixão, coisa estúpida e só própria dos humanos.
Paixão que quer que dois seja igual a um, coisa matemática e, também, materialmente impossivel. Paixão que é só e apenas uma das imagens do humano sexo.
Paixão nos animais? Não existe.
Paixão nos homens? Sim, aí está ela.
Ao princípio com idiota felicidade e prazer. Depois, quase sempre, com desilusão e, por vezes, com morte, egoísmo, maldade e sofrimento.
Parvoíces de uma humana paixão.
Um meu saudoso amigo, que para sempre desapareceu (nas Bahamas ou no Afganistão, não sei) com esse humano sentimento sofreu muito, como me confessou envergonhadamente e de olhos molhados.
Coitado, querendo ser filósofo era apenas pobremente matemático. Acreditava na ciência mas desconhecia os homens. Acreditava nos grandes sentimentos mas desconhecia a mesquinha realidade.
Pobre dele, era um utópico.
Coitado do meu saudoso amigo.

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