terça-feira, 27 de dezembro de 2016

Corrupção



As cabecinhas que nos governam quando chegam ao poder tiram sempre as cadeiras dos que dele saíram. Ficou tudo mal. Tudo o que eles na “brincadeira” anterior deixaram bem os “outros”, estragam, anulam, retrocedem. São meninos e meninas crescidos a brincar, a brincar connosco que assistimos a toda a espécie de desfaçatez e ouvimos as maiores barbaridades. Depois, há mais, muito mais do que brincadeiras no poder, há corrupção.


Assistimos, incrédulos, a roubos, aldrabices, falcatruas de toda a espécie, de gente que teve poder, que é importante e que poderia voltar a ser presidente disto ou daquilo sob a bandeira de um qualquer partido. Falcatruas praticadas durante anos, nas barbas de quem deveria fiscalizar e que montam a dezenas, centenas, milhares de milhões de euros.
As cadeias estão cheias de arraia miúda que roubou uns tostões, que bateu neste ou naquela, que traficou o proibido. A maltosa corrupta tem carros de alta cilindrada, aviões particulares, helicópteros pagos pelo mexilhão, vivendas de luxo, fortunas em paraísos fiscais e advogados do melhor que, mais ou menos rapidamente, os livram do castigo previsto na Lei.
A maltosa corrupta apareceu com a promiscuidade entre os mundos empresarial e político. É gentalha sem educação, deslumbrada com uma importância com que nunca sonhou e que vive numa sociedade política e económica que é o espelho delas.
A justiça é lenta com a dezena de anos como norma para a aplicação do que deveria ser logo. E há a “prova” tão difícil de ser obtida, o que se aceita; o “trânsito em julgado”; a “prescrição” que não deveria existir com tão curto prazo e graças à qual não vão presas desde que o tempo passe o suficiente; a “cumplicidade” e o “compadrio” que não envergonham; o “dinheiro” que paga tudo e todos.
Exemplos? Há tantos! São do conhecimento dos mais atentos na banca, na saúde, na justiça, no desporto: o BPP, o BPN, o BES, o BANIF, a Casa Pia, o assassinato no Brasil de uma viúva milionária, a fraudulenta venda de terrenos em Oeiras, o INEM, a “fraude do plasma” , para além dos que hão-de aparecer.
http://apodrecetuga.blogspot.pt/p/dos-crimes-de-corrupcao.html#.WGJWflz5Y2w

O polvo estende os seus tentáculos por todo o lado.
A corrupção não é nosso património exclusivo? Pois não, não é e até houve um ex-governante e actual banqueiro que teve o desplante, num programa televisivo e à laia de manifesta desculpa, de comparar Portugal com a Dinamarca apresentando como exemplo a história de uma série policial dinamarquesa. Talvez fosse interessante analisar o passado profissional da personagem.
Corrupção, impunidade e falta de vergonha estão intimamente associadas.
No antigamente isto existia com esta dimensão que a todos espanta? Não e é com revolta que se tem que o admitir. Havia a “cunha” e muito pouco mais. Hoje há a falcatrua seguida de lavagem de dinheiro no meio de um emaranhado de sofisticadas ligações só vistas numa ficção policial.
Que fazer?
Reforçar os meios humanos e materiais do sistema de justiça para que a prova seja mais rápida de obter? Reduzir os patamares de recurso? Eliminar ou aumentar os prazos de prescrição para evitar a manha saloia mas legítima de impossíveis defesas? Aumentar drasticamente as penas? Premiar a denúncia?
Possível? Suficiente?
Talvez os governos, as associações sindicais e as ordens profissionais (não só as da justiça) pudessem ajudar se lhes fosse conveniente.

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