Desconhecia o tema, em particular o “Tratado da Gratidão” (mais correctamente “Suma Teológica” pelo que aprendi) de S. Tomaz de Aquino, e fiquei maravilhado, não só com os “níveis” da gratidão mas, também, com a cultura do Professor o qual, no início da sua intervenção dá a entender, com modéstia, que seria tema do conhecimento da assistência.
Resolvi consultar a Net e descobri com estupefacção que tratando-se do que consta num tratado religioso não passa, também e muito explicitamente, de um plágio de um texto do Prof. Jean Lauand da Universidade de S. Paulo. “Ipsis verbis”. www.jeanlauand.com/AntonioNovoa.html
Este académico publicou em 1998 (nº 1 da revista “Notandum”) o que Sampaio da Nóvoa
declamou em 2014 e, novamente, em 2005 (nº 2 da revista
“Língua Portuguesa” - “A gratidão inscrita na língua”). É uma desfaçatez,
indigna das altas qualificações do ex-candidato a Presidente da República.
Para quem prefira prescindir de uma consulta mais
aprofundada, aqui deixo o resumo dos três níveis de gratidão e a sua
correspondência nas línguas europeias. - O nível mais superficial é de natureza cognitiva (intelectual) e corresponde ao reconhecimento (ut recognoscat) do benefício recebido. Em inglês é o “thank you” (interessante seria relacionar o “thank” com o “think”) e em alemão é o “zu danken”.
- No nível intermédio, a gratidão traduz-se por louvar e dar graças (ut gratias agat). Em francês é o “merci”, em castelhano o “gracias” e em italiano o “grazie”.
- O nível mais profundo é a gratidão na forma de vínculo, de comprometimento, do dever de retribuir . A língua portuguesa é a única que isso exprime com a palavra “obrigado” (ob-ligatus).
À única palavra única, só nossa, “saudade” veio unir-se
outra tão bela como aquela: “obrigado”.
O discurso de António da Nóvoa aos seus colegas brasileiros, por não citar a sua verdadeira fonte (oriunda, imagine-se de um colega!) é, repito, uma vergonha para um académico. Mas, como não me tenho cansado de repetir, o desconhecimento da ética, o desprezo por esta é um mal geral que, aparentemente, não poupa sequer os que por profissão e formação deveriam conhecer a importância da referência das fontes do seu saber.
Aqui fica um castigo ao professor:
Escreva, menino feio, 100 vezes no quadro preto: “O seu a seu dono. Não volto a plagiar”.
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