quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

O "regresso aos mercados". Aleluia!


Os três “Dês” e os três “Efes”.
Sim, sim. Agora é que é. Agora, amanhã, Portugal voltará a crescer. Agora, amanhã, a “Troika” vai dar mais tempo. Vai dar 30 anos anos em vez dos cerca de 14, 6 para serem pagos 52 mil milhões de euros. Hoje o PSD dá a entender ao Zé Pacóvio que a “aflição” chegou ao fim, graças a ele PSDzinho (a Universidade Católica antecipa uma queda de 2,4% do PIB em 2013). O PS, raivoso, diz que sim mas que este pedido está atrasado e que ele já o tinha proposto há “anos”. Que é dele a ideia. O PSDzinho responde que não que o que irá acontecer nada tem a ver com o que o PSzinho propôz. E que, e que... amanhã voltamos aos mercados? E depois? E depois de amanhã? Daqui a dez, vinte anos? Ora gaita!

O que é hoje Portugal., ó PSDzinhos, ó PSzinhos?

Hoje, o dia-a-dia oferece-nos exemplos de aldrabice, corrupção, nepotismo, imbecilidade ou bacoca cultura, irresponsabilidade, ignorância, incompetência, mentira, prepotência, vaidade.
Tudo em adoração aos bezerros que não são só de hoje: o dinheiro, o poder.
 
Os famosos “ Três Dês “ dos cravos, passados quase 40 anos, não foram alcançados.
Desenvolvimento? Onde está ele esse desenvolvimento que nos equipararia à média dos países europeus ? (O PIB cresceu entre 1968 e 1973 a uma média de 7,5%, número superado apenas pela Grécia (8%) e Japão (9,5%), ou seja, em números absolutos, o PIB per capita saltou de 275 USD, em 1970, para 1217 USD em 1973; apesar do forte crescimento do país, o que reduziu o grande atraso relativamente aos países europeus ocidentais, Portugal continuava a ser o mais pobre da Europa*). No entanto e não é pouco, houve progressos enormes que o regime do 25 de Abril de 1974 promoveu nos campos da saúde (nomeadamente o Serviço Nacional de Saúde e a drástica redução da mortalidade infantil) e do ensino (49% da população com 14 ou mais anos não possuía ou frequentava o ensino primário). Mas, somos hoje um país de pedintes, sem soberania, sob fiscalização estrangeira.
Democracia? Não passa de corrupta libertinagem partidocrática sob a batuta de governos incompetentes “fiscalizados” por 230 “espertos”. 
Descolonização? Feita: total e rápida. Duas guerras civis que duraram mais de 20 anos e outra ainda em curso, mortos e estropiados em quantidade própria do horror, infra-estruturas vitais destruídas, dezenas de anos de retrocesso, uma minoria no poder que se banha na riqueza ao lado de populações na miséria. 
Os “Três Dês” são, excluindo a descolonização, uma sombra dos objectivos da "revolução dos cravos". 
Os odiosos “Três Efes“, qualificados nos ditos tempos do obscurantismo como “o ópio do povo”, como vão eles? 
Fátima é hoje uma Sodoma comercial com ostensiva construção, incentivada pelos poderes do estado democrático, que nela vê instrumento de sinalização nacional: atenção! existimos, estamos aqui, nós a fidelíssima, nós a exemplar nação multi-religiosa, multicultural, multi eteceteraetal.
 

O fado desapareceu para desespero dos seus amantes. E apenas uma minoria tem conhecimento de novos valores que rejuvenesceram a canção “património da humanidade”.
O futebol, cobertor para as desgraças e vergonhas que assolam este pobre país, é imbatível no tempo de televisão com professores e “misteres” a leccionarem matéria difícil e importante e é alarvemente considerado exemplo de competência e superioridade de nível mundial.  
No tempo da ditadura os “três Efes” eram o “ópio do povo" e hoje o que são? Bálsamos democráticos?   
Os “Três Efes” concentraram-se, volumosamente e na prática, no futebol. 
 
Vive-se num Portugal atado, impotente para solucionar soberanamente uma situação social, económica e financeira gravíssima. O governo age numa sucessão de trapalhadas, totalmente descoordenado. É a Europa que manda, que define e impõe o politicamente correcto sob a batuta de um ex-maoísta muito convencido da sua importância e da Alemanha...
Ironias e bizarrerias do destino. 
Um país pobre e que economicamente se converteu, quase totalmente, para o sector de serviços ficando ainda mais pobre e vulnerável pelo abandono da sua agricultura, pelo desmantelamento da sua frota de pesca, pela destruição ou venda ao estrangeiro da sua pequena e média indústria. Tudo a troco de “ajuda” europeia sob a forma de fundos “dados” ao “bom aluno” europeu. Tudo de forma “estudada”, consciente e frequentemente acompanhada por orgulhosa reclamação de direitos de autor. Toda uma ruinosa transformação sob a direcção de um Primeiro-ministro, hoje “venerando Chefe de Estado” e que descaradamente se esquece do que fez ou que incentivou a que se fizesse. Hoje, afirma ele, solenemente e “ex cathedra”, que para o necessário progresso económico é fundamental produzir e aumentar as exportações. Produzir onde? Na agricultura, nas pescas, na indústria, que ele destruíu? Exportar o quê? As autoestradas, rotundas e outras obras próprias de bacoco novo riquismo que sob a política dele se fizeram?   
O “venerando”, que não desgraçou mais devido ao que ele classificou como "forças de bloqueio", nunca tinha dúvidas e raramente se enganava... Vê-se.
*http://www.premioiberoamericano.cz/documentos/16taedicion/2doPremioXVI_MichalKovac.pdf 

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