quarta-feira, 1 de janeiro de 2020

Porta dos Fundos


“Porta dos fundos” é sempre um caminho maléfico-esperto. Por ele, talvez se entre e talvez um problema se resolva. “Pela Porta dos Fundos” é a firma produtora do filme “A Primeira Tentação de Cristo”, de 2016, mal classificado pela crítica porque, de facto, é mauzote.

Nesse filme, retrata-se Jesus como homosexual acompanhado pelo namorado na sua estadia de 40 dias no deserto e desafiando a mãe, que fuma haxixe e engana José, para ir para a cama com ele, os apóstolos passam o tempo em orgias.
Edificante.
A questão levantou e continua a levantar enorme e violenta polémica no Brasil. Desde abaixo-assinados com mais de 2 milhões de assinaturas até ao lançamento de “cocktails Molotov” contra a sede da firma produtora, houve de tudo.
Se há liberdade de expressão para defender os caricaturistas de Ala como troglodita com uma bomba na cabeça (“Je suis Charlie”) porque é que a mesma não é legítima quando Jesus é retratado como maricas? Sim “maricas” como eram educadamente apelidados os “gays” no meu tempo de juventude. Quando não havia educação, eram apelidados fabricantes de panelas.
Mas hoje é socialmente admitido fazer parte de uma comunidade mais abrangente, a dos “LGBT”, ou seja Lésbicas + Gays + Bisexuais + Transgénicos.

Enormes diferenças não discriminatórias porque diluídas naquela designação, a qual é, também, politicamente muitíssimo correcta.
No passado, os membros daquela comunidade eram discretos e, na sua enorme maioria tinham vergonha de o proclamar.
Hoje, afirmam-se como tal publicamente e quanto mais luz houver, melhor. Desde o vestir, as mãos dadas, os olhares, os beijos.

Lindo.
Se permitirem que eu também tenha liberdade de expressão sem ofender ninguém, chegamos ao segundo ponto: não se deve forçar ninguém a seguir as nossas convicções e deve-se respeitar as convicções dos outros. Sou cristão por educação e considero, porque estudei a sua história e não a da catequese, Jesus como uma das personalidades mais marcantes da história da humanidade.
Não é pelo facto de Alexandre o Grande ter chorado a morte do seu amante Héfestion ou porque as tropas do grande César cantavam nos seus triunfos que ele era “o homem de todas as mulheres e a mulher de todos os homens” (historicamente falso) ou porque a arma mais temível do exército grego, o  Batalhão Sagrado de Tebas, ser constituído por 150 pares de amantes homossexuais (historicamente verdadeiro), que esta catacterística pode ser praticada sem pudor ou reserva ou não ser criticável hoje, mais de 2000 anos depois.
Nada do que é invocado para dar estatuto social ao LGBT justifica qualquer ofensa aos cristãos e às suas crenças e a “Pela Porta dos Fundos” foi inaceitavelmente insultuosa o que não é justificável à luz de qualquer tipo de liberdade.
Não sou hindu mas nunca troçaria do desmesurado respeito que eles têm pelas vacas. Não sou muçulmano mas nunca troçaria do modo das suas rezas, virados para Meca. Nunca troçaria das vestimentas e penteados dos judeus ortodoxos, etecetera.
No fundo, é tudo uma questão de educação, no seu sentido mais lato, e de respeito pelos outros.
Pela porta dos fundos? Nunca. 

                        

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