Hierarquia, do grego “hierarkhes”, é
a organização de entidades em diferentes níveis (“acima”, “abaixo”, “igual”).
Numa hierarquia directa aqueles níveis conduzem a entidades “superiores”,
“subordinadas” ou “iguais” consoante o seu grau de autoridade, importância,
complexidade.
No passado recente a hierarquia da sociedade era muito clara nos vários
domínios de actividade como, por exemplo, a familiar ou a profissional.
Assim, havia o pai e o filho, o professor e o aluno, o chefe e a equipa. Hoje
em dia, na sociedade, com excepção da instituição militar, a autoridade e o
respeito atenuaram-se ou mesmo desapareceram. Por exemplo, na relação pai-filho
ou na do professor-aluno.
Na família, as cabeças pensantes de sociólogos e pedagogos eliminaram os
degraus da autoridade e do respeito e reforçaram, dando-lhes uma importância
que não têm, a camaradagem e a fraterna igualdade.
O difícil e importante problema da autoridade foi substituído pela fácil e
afectuosa explicação mesmo que incompatível com os graus de experiência e de
maturidade de cada um.
Modernos conceitos da educação, nascidos nos anos 50, louvavam a
tolerância, a permissividade, a compreensão e a desculpa do claramente
censurável.
Benjamim Spock foi o expoente duma nova e revolucionária teoria da relação
entre pais e filhos. O seu livro “The
Common Sense Book of Baby and Child Care”, publicado em 1946, foi um dos maiores
“bestseller” de todos os tempos com
50 milhões de exemplares vendidos até 1950.
Entrou pelas casas alterando o tradicional relacionamento entre pais e
filhos. Em novos moldes criou uma nova geração. Foi um desastre.
Mais tarde, face ao evidente fracasso, Spock foi levado a justificar-se
afirmando que os seus críticos não tinham bem interpretado os seus escritos.
Na escola, a autoridade e, sobretudo, o respeito desapareceram praticamente,
embora sem haver ainda uma clara contestação à “explicação” dos problemas e aos
modos de “transmissão do saber”.
Alguns professores da geração “spokiana”, criados numa época cheia de
facilitismos com muitos direitos e poucos deveres e aparentemente tecnicamente
bem preparados, têm comportamentos próprios da má educação e não podem constituir
exemplo para os seus alunos. Basta vê-los e ouvi-los nas suas manifestações
transmitidas em reportagens de televisão.
Resumindo, deixou de haver professores e alunos, pais e filhos. É tudo um
molhe de amigos.
Assiste-se, incrédulo, ao que se pode designar como uma hierarquia
invertida e cujos efeitos se fazem sentir a todos os níveis.
Incompetência e grosseria são algumas das consequências daquela inversão
nos comportamentos diários.
Infelizmente, na política, que deveria ser uma das mais nobres actividades
públicas, assiste-se incrédulo ao compadrio (que substituiu a competência), à
corrupção (que a Justiça deixa ficar impune), ao profissionalismo (exercido em
proveito próprio e que ignora o dever do serviço público devido à comunidade
que os paga).
O que falta? Educação, e o que escandaliza e choca o cidadão do antigamente
é a falta de educação de agora.
O respeito pela hierarquia natural é importante na educação? É, muito.
Há alternativa? Não há e aquilo a que se recorre é mau:
Tudo ao molhe e… fé em Deus.
Tudo ao molhe e… fé em Deus.
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