quarta-feira, 12 de julho de 2017

O paiolzito



Ouvi com curiosidade e atentamente as declarações do Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas no final da reunião tida ontem, dia 11 de Julho, entre o Primeiro Ministro e os chefes dos três ramos das forças armadas.
Disse ele entre confrangedoras e rudimentares banalidades que, após avaliação muito detalhada (?!) as armas roubadas têm um valor de 34.000 euros, que é possível referir (agora) que os lança-granadas foguete estavam selecionados para serem abatidos à carga e que não têm a “relevância de” quem os tem.
Resumindo: pode haver roubos desde que o material seja “baratucho” ou obsoleto. 
Como é possível isto ser transmitido em directo por um dos generais mais graduados do exército, os quais, segundo ele, levaram um murro no estômago? E nós? Continuamos a levar palmadas próprias para parvos?
Enfim, o que poderá ter algum interesse são as várias hipóteses que começam agora a despontar das declarações de comentadores ou de ditos peritos em assuntos militares ou de segurança.
À hipótese de assalto surge em alternativa outra provável: o roubo ter sido feito ao longo do tempo, aos poucos. E outra ainda: o material dito roubado nunca o foi porque nunca lá foi armazenado, o assalto foi uma encenação para resolver um problema de material roubado. Claro que estas hipóteses necessitam de clara explicação e de indiscutíveis provas que os ingénuos julgam que surgirão no relatório de uma comissão de inquérito.
Mas o que me importa e a todos deveria importar é esclarecer como foi possível só haver rondas de vigilância de 20 em 20 horas realizadas por apenas dois homens, as rondas se efectuarem, desde 2008, com armas descarregadas "para evitar acidentes” (!), estar um sistema de videovigilância avariado desde 2012, haver uma vedação que necessita com urgência de obras de reabilitação e, certamente, etecetera.
Por outro lado, a mais do que provável hipótese de ser um trabalho com cumplicidade interna tem que ser cabalmente esclarecida e a punição deverá ser exemplar.
O resto é em grande parte uma nuvem de fumo para escamotear o importante.
Esta do paiol não passar, afinal, de um mero paiolzito por só ser uma espécie de grande caixa de fósforos e, por isso, o seu roubo não ser relevante é de bradar aos céus. 

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