terça-feira, 4 de julho de 2017

Major-General dentro, Ex-Ministro fora.



Ora até que enfim!

No âmbito da “Operação Zeus” foram detidos 12 militares da força aérea e quatro empresários por associação criminosa, corrupção activa e passiva e falsificação de documentos.
O esquema que durava há dezena de anos (trinta segundo confissão de um sargento preso em Novembro de 2016) consistia em triplicar o valor facturado na comercialização de bens alimentares fornecidos às messes da força aérea. O Estado foi lesado em 10 milhões de euros. 


Mas a novidade, é ter sido detida uma alta patente militar, nada mais nada menos do que um major-general. Que maravilha: de Novembro passado até hoje passou-se de um sargento para um oficial general. Aqui, não se o pode negar, o progresso foi relevante e não foi só “mexilhão”. Muito bem.
Mas, nunca se sabe o que um maravilhoso advogado poderá conseguir.
Ainda ontem um deles afirmou, em entrevista televisiva, que a situação de arguido de um seu cliente, muito conhecido ministro de um governo do Sr. Pinto de Sousa, era inaceitável e que iria requerer a nulidade da mesma.
O Sr. Ex-Ministro foi constituído arguido no âmbito de uma investigação de um alegado esquema de corrupção que envolve a EDP mas foi autorizado a saír do país para ir dar aulas para a China.
Em 2007, o mesmo senhor deu o seu aval, como ministro da economia, aos novos valores que a EDP viria a receber como compensação por vender a sua energia em condições de mercado. Uma queixa apresentada a Bruxelas apontou a possibilidade de o Estado ter sido lesado em milhões de euros com esse acordo.
Em 2009, o ex-ministro, que nesse ano se demitira, é contratado para dar aulas na Universidade de Columbia, aulas essas patrocinadas pela EDP…
O quadro é maravilhoso. Aulas nos EUA em condições muito pouco claras envolvendo, segundo a acusação pública, “participação económica em negócio” e aulas na China onde a corrupção é uma praga e drasticamente punida, independentemente da posição política ou relevância económica do arguido.


Claro que vivemos num estado democrático, embora desgovernado e onde é absolutamente normal que a responsabilidade assumida seja apenas de natureza política e não se traduzir em absolutamente nada.
Também é verdade que cada um dá aulas do que sabe e pratica e nas condições que lhe forem oferecidas.

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