terça-feira, 26 de janeiro de 2016

O esperado e as surpresas.



O resultado final das eleições presidenciais que conheci na passada 2ª feira não constituiram na sua conclusão uma surpresa: uma muito elevada abstenção (51,16%) – a 2ª da U.E. - e a victória de MRS (51,99% que correspondem a 2.403.764 votos) que não precisou de uma 2ª volta, como para mim era evidente.
Era um desejo da esquerda essa 2ªvolta, cega à realidade durante toda a campanha e que perdeu em toda a linha, diga o que se disser.
Surpresas houve sim mas noutros campos:
O 3º lugar para o BE (10,13% que correspondem a 468.406 votos), o desatroso resultado de Maria de Belém (4,24%), o inesperado porque humilhante resultado obtido pelo PCP e a fabulosa (de “fábula”) votação no Tino (3,29%: 151.933 votos!).
O que dizer, o que pensar?
Espera-se que o futuro - muito complicado e problemático na economia gobal, na política europeia - não seja um inultrapassável entrave à intervenção de MRS que pode ser um “catavento” para o PSD nas palavras do seu supremo líder Passos Coelho (o que este negará a pés juntos ou “enquadrará” em circunstâncias...) mas que é um homem preparado e sério para as funções que vai desempenhar. Cumprirá o que prometeu em campanha e, sobretudo, no seu brilhante discurso de vencedor. Para bem de Portugal, para bem de todos os portugueses sejam eles o que forem.
Na esquerda, a que MRS não pertence, o PS está, após uma estratégia eleitoral incompetente e suicidária e no meio de um fraccionamento interno que os resultados eleitorais só irão agudizar, numa grande e perigosa encruzilhada de que o Bloco é, julgo, o principal beneficiário. 
Quanto ao PCP, sofreu uma inesperada e pesada derrota. É um sinal do início de uma insignificância social e eleitoral como aconteceu aos partidos comunistas de França, Espanha, e Itália? De um “desaparecimento”? Ou a sua arma sindical conduzirá a uma recuperação da sua passada força política? Não sei, mas o que me parece evidente é que o PCP perdeu uma significativa fatia do seu eleitorado tradicional com as camadas jovens a desempenharem funções de sapadores (https://pt.wikipedia.org/wiki/Sapador) políticos substituindo, de acordo com a lei da vida, o eleitorado tradicional mais velho. Vejam-se os resultados nos distritos “bastiões”:
Évora (11,52% PCP, 10,77% BE), Beja (15,58% PCP, 11,30% BE), Portalegre (7,13% PCP; 10,05% BE), Setúbal (9,5% PCP, 12,97% BE)...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Assim vamos.



E assim vai uma campanha presidencial com dez candidatos, sem ideias políticas, pobre e pouco mobilizadora.
Ora leia-se este muito pouco repescado nos media: 
- “(agradeço) o apoio assumido pelo líder (...); em Roma quando alguém apelidava de “marcelo” queria significar importante”, Marcelo Rebelo de Sousa (vencedor antecipado e com campanha heterodoxa porque desnecessária) numa das suas múltiplas e simpáticas viagens de contacto com o eleitor e que à política diz nada. O líder dele?...
- “A alternativa sou eu (...) soldados rasos somos todos nós (...) não comi vichissoise (...)”, Sampaio da Nóvoa (sem qualquer passado político ou governativo) num comício com 1.600 pessoas no Casal Vistoso em Lisboa.  - “Socialista sou eu (...) com gosto e com honra”, Maria de Belém (de discurso confrangedoramente pobre) no almoço comício na Figueira da Foz. - “Não dou a minha confiança ao governador do BdP Carlos Costa”, Marisa Matias na SEDES. E depois? Uma retirada de confiança que legalmente não tem quaisquer consequências.
- “Não basta apupar, é preciso mobilizar para derrotar a direita” , Edgar Silva (sem surpresas, seguindo o habitual modelo do PCP) após os apupos a MRS no comício de 6.000 apoiantes na ex-FIl. Vetaria tudo que fosse contra os trabalhadores.  
- “(...) mundo viciado com regras pouco claras (...); Sócrates “vendedor de automóveis”? Um desastre (...); a dívida está a ser empurrada com a barriga(...)”, Henrique Neto– em cheio no alvo – crítico consciente do “estado a que isto chegou” mas que, infelizmente, tem muito pouca audiência.
- “(...) Corrupção, (...) corrupção “ refrão de Paulo de Morais (é uma verdade grande como uma catedral, mas já chega e haveria muito mais para denunciar e corrigir).
- “(...) antes de partirem não atirem a toalha ao chão (...)”, disse Tino de Rans (a simpatia em pessoa mas porquê, como é possível? O que aconteceria se, por absurdo, ganhasse a eleição na qual vai gastar 50.000 euros?), em Bruxelas no meio de emigrantes e de febras com picante."Não vim aqui para a intrigalhada", exclamou ele no debate na RTP 1. Ah ganda Tino!

A esquerda dividida não conseguirá ganhar (mais de 50% dos votos) à direita unida na 1ª volta. Que as sondagens não querem dizer nada. Olhem que sim, olhem que sim... 

“Lá vamos chorando e rindo... Levados, levados sim.”
Reveja o resumo do debate telivisivo de ontem 19 de Janeiro na RTP 1:

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Presidenciais. 9 a 1.



Marcelo Rebelo de sousa (MRS), o jornalista, o político, o professor, o comentador televisivo procedeu como seria de esperar da parte de um homem inteligente.
Começou por “limpar” a direita do espectro político marcando o tempo: candidaturas só após as legislativas. Assim, deixou pelo caminho Santana Lopes e Rui Rio.
Depois, esperou pacientemente pela posição de António Guterres porque se este avançasse ele recuaria.
Finalmente, optou por uma campanha muitíssimo discreta e “apartidária”; diria mesmo mais, por uma campanha afastada do PSD e do CDS, partidos que só na recta final, com muita contrariedade por parte de Passos Coelho e Paulo Portas, foram politicamente obrigados a formalizar um apoio.
Definiu assim um cenário que lhe é muito favorável: é ele e nove outros. Já ganhou, vai ser um passeio.
MRS não necessita de debates ou de “arruadas”, embora nos debates tenha que ser muito cauteloso como ficou provado com Marisa Matias e Sampaio da Nóvoa, os quais, com mais ou menos papas na língua, descobriram a sua careca e comprovaram, para além de quaisquer dúvidas, contradições ou “esquecimentos”.
E os outros? Paulo Morais o obcecado pela corrupção (o que o torna incontornável e notável); Henrique Neto, com ideias e propostas (mas sem qualquer espaço); Cândido Ferreira (cânquem?); Tino de Rans (está tudo dito); Jorge Sequeira (o “orador motivacional”); Edgar Silva (a cassette com paramento religioso); Maria de Belém (na saúde e nos pastéis tem algumas cartas); Sampaio da Nóvoa o académico (de discurso de um vazio políticamente confrangedor, redondo). Mas, também, só bastam 7.500 assinaturas...
Quem sobra? MRS que lava muito mais branco. Quais obsessões, oratórias motivacionais, pastéis, quais credenciais académicas, quais quê? Ele tem isso tudo (inclusivé pastéis politicamente saborosíssimos mas sem o discurso aberto, coerente e claro de Henrique Neto).
MRS mete-os todos no bolso.
9 a 1.
Quanto a “arruadas”, para quê? Para quê se não necessita de uma popularidade que criou ao longo de 15 anos de comentários televisivos? Bastam muitas beijocas e beijinhos aqui e acolá e uma presença por quase todo o país (muito antes do início de qualquer campanha) em lares, feiras, infantários, lugares de desgraça, etecetera.
MRS já ganhou mau grado não ter, de facto, o perfil que é de exigir a um Presidente da República. É inteligente, sério, competente, trabalhador, culto, simpático e engraçado? É isso mas não tem a seriedade e a confiabilidade, a postura e a compostura, o distanciamento e a imparcialidade, a altura e a seriedade, a coerência e a constância de acções e pensamentos, exigidas a um Chefe Supremo das Forças Armadas, ao Representante Máximo do Estado.
A campanha em curso, não é um concurso de beleza ou de simpatia, no qual MRS seria ganhador indiscutível, é de eleições para o mais alto cargo do Estado Português e aqui residem muitas (e baseadas em indiscutíveis e muito criticáveis comportamentos passados), fortes e relevantes interrogações e dúvidas sobre MRS, o criador de factos políticos, o zigzazeante, o “hoje é isto (que eu nunca afirmei)" e o "amanhã é aquilo (o que sempre disse)”, o “chico esperto” como na minha tropa se dizia.
MRS vai ganhar porque não há alternativas melhores ou mesmo comparáveis, o que diz tudo do estado a que isto chegou.
Vivó Tino!

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Pra atrapaiá

A partir deste ano entra em vigor no Brasil o aborto ortográfico. 
Entra-se mal no Ano Novo. Tornará teoricamente reprovável mas conforme a redacção do texto que segue.


É verdade matemática que ninguém pódi negá,

que essa história de gramática só serve pra atrapaiá.

Inda vem língua estrangêra ajudá a compricá.

Meió nóis cabá cum isso pra todos podê falá. 
Na Ingraterra ouví dizê que um pé de sapato é xu.

Desde logo já se vê, dois pé deve sê xuxu.

Xuxu pra nóis é um legume que cresce sorto no mato.

Os ingrêis lá que se arrume, mas nóis num come sapato.



Na Itália dizem até, eu não sei por que razão, que como mantêga é burro,

se passa burro no pão.

Desse jeito pra mim chega, sarve a vida no sertão,

onde mantêga é mantêga, burro é burro e pão é pão.



Na Argentina, veja ocêis, um saco é um paletó.

Se o gringo toma chuva tem que pô o saco no sór.

E se acaso o dito encóie, a muié diz o pió:

''Teu saco ficô piqueno, vê se arranja ôtro maió'...



Na América corpo é bódi. Veja que bódi vai dá.

Conheci uma americana doida pro bódi emprestá.

Fiquei meio atrapaiado e disse pra me escapá:

Ói, moça, eu não sou cabra, chega seu bódi pra lá! 



Na Alemanha tudo é bundes. 

Bundesliga, bundesbão. Muita bundes só confunde, disnorteia o coração.

Alemão qué inventá o que Deus criou primêro.

É pecado espaiá o que tem lugar certêro.


No Chile cueca é dança de balançá e rodá.

Lá se dança e baila cueca inté a noite acabá.

Mas se um dia um chileno vié pro Brasir dançá,

que tente mostrá a cueca pra vê onde vai pará. 

Uma  gravata isquisita um certo francês me deu.

Perguntei, onde se bota? E o danado respondeu.

Eu sou home confirmado, acho que num entendeu,

Seu francês mar educado, bota a gravata no seu!



Pra terminar eu confirmo, tem que se tê posição.

Ô nóis fala a nossa língua, ô num fala nada não.

O que num pode é um povo fazê papér de idiota,

dizendo tudo que é novo só pra falá poligrota.



("O poligrota" de autor desconhecido)