segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O maralhal.




Recebo com alguma frequência mails de amigos e de meus familiares franceses  sobre as asneiras do PR francês François Hollande. Não é de admirar. No entanto, não recebo semelhantes missivas sobre o PR de cá dos meus amigos e conhecidos de cá, quase todos apoiantes desta direita fundamentalista. Também não é de admirar.
Contrariamente à esquerda (sem credível liderança) que conseguiu ao fim de 40 anos acordar (muito fragilmente) num mínimo de questões para a viabilização parlamentar de um governo do PS, a direita tem a inteligência de se agrupar para a defesa de um presidente que manifestamente está gaga no despudorado apoio ao governo do Passos Rabbit e para o apoio de uma candidatura presidencial protagonizada por um académico sério, inteligente, que de política não precisa de lições mas que não tem,  na minha opinião, pelo seu modo de estar,  perfil para desempenhar o cargo de mais alto magistrado da nação. Vai ganhar à 1ª volta.
A gaguice do PR é manifesta por actos, omissões e palavras e se estes não se devem a senilidade, pior porque só justificáveis por interesses pessoais e institucionais. Ele não tem dúvidas e raras vezes se engana (presunção). Estuda tudinho tudinho, sabe logo qual a solução e depois fica imobilizado pela gaguês e pelo vacilante convencimento. Lembra-me a fábula do sapo e do boi: tanto inchou que acabou por rebentar.
Quanto ao ex-governo, depois de ter declarado que a solução encontrada para o BPN não traria qualquer despesa para o contribuinte, os resultados dos testes de stress levados a efeito pelo BCE traduzem-se na necessidade de uma injecção de capital da ordem dos 1.400 milhões de euros. Pergunta-se: quem vai pagar?
Depois de um processo muito pouco transparente, a TAP foi privatizada. O contrato foi assinado por um governo demitido e hoje tem-se conhecimento que, segundo o clausulado contratual, o Estado assume o risco de a enorme dívida da empresa não ser aos bancos. Se assim for, uma eventual reversão da venda  na figura de uma nacionalização trará outros custos. Pergunta-se: quem irá pagar?
A promessa eleitoral da coligação PSD/CDS de devolução da sobretaxa do IRS era de 35% antes das eleições, passou para 9% duas semanas depois das eleições e é hoje de 0%. Manifesto embuste eleitoral com manipulação das contas públicas. Interrogado sobre esta questão na sua última entrevista à RTP, Passos Rabbit respondeu (imperturbável na sua costumada mentira) que era matéria da responsabilidade da Autoridade Tributária, que só no final do ano é possível uma estimativa do valor da devolução e que não tinha elementos para uma resposta mais detalhada. Pergunta-se: de quem a responsabilidade deste êrro, desta nova mentira? Do governo? Nunca. 
Provavelmente da mulher-a-dias ou do porteiro do Ministério das Finanças. 
Este é o maralhal que governa portugal: gagás, negociatas no limite da fraude, convictos mentirosos.
Portugal viveu assim nestes últimos anos: mentiras e promessas não
cumpridas.
Infelizmente a saga não terminou com a prisão do superpinóquio. Num almoço (25 euros por cabeça)  de homenagem (!) a criatura reuniu no passado Domingo mais de 500 apoiantes (estiveram na fila desde as 10h da manhã para garantia de um lugar) dos quais se destacaram, para além de antigos ministros, os “senadores”  M. Soares e Almeida Santos. Lindo.
Com o ex-governo a situação melhorou? Com algumas dúvidas e excluindo o aspecto social diria que sim. Solidamente? Receio bem que não e que seja infelizmente uma situação transitória que nunca será assumida pela dupla Pedro/Paulo.
Um próximo governo, seja ele qual for, faria bem em mandar efectuar auditorias para que o país em geral e os contribuintes em particular soubessem o verdadeiro estado em que o governo do Rabbit, com a benção do Sr. Silva, deixou o país.
Problemas e interrogações  não faltam.
Passou o tempo e a idade infantil dos papões: nunca haverá outro PREC e as criancinhas já não se deixam comer como a direita extrema não se cansa de figurativa e pateticamente apregoar. O que vai continuar é o maralhal que só pensa no dele.
Nem cinco Salazares endireitariam isto (nunca pensei desejar– mesmo que só por desespero- um seu regresso). 


Sem comentários:

Enviar um comentário