segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A Ética hoje.





Hoje em dia, nos órgãos de comunicação social, a palavra "ética" é raras vezes utilizada na caracterização de comportamentos objecto de crítica social ou de acções judiciais, como sejam, por exemplo, na justiça, na política, no desporto, nas finanças, na medecina.Porquê? Será por medo do peso da palavra e das consequências de uma sua utilização?
Pode dizer-se que a ética (do grego "ethos" que significa "caracter") é o conjunto de valores que induz um procedimento em conformidade com as normas sociais e com os princípios morais definidos pela sociedade onde se vive.
A ética reconhece-se quando é vista e, quando tudo parece igual, é ela que faz a diferença. Na avaliação de um comportamento, a importância do preto e do branco é menor e os cinzentos revelam-se dominantes quando realçados pela ética.
No fundo, ou se tem ou não se tem ética porque não há como no passado um seu ensino informal. A ética deixou de fazer parte da educação na família, na escola, na profissão, embora a sua falta tenha consequências não só no domínio da justiça mas, também, na reputação dado que a ausência de ética é reconhecida, registada, lembrada e inapagável no futuro. 
 A ética é ignorada para proveito pessoal, seja ele financeiro, de prestígio social ou de promoção profissional.
Exemplos recentes? As falcatruas no sistema financeiro português; o rosário de mentiras, corrupção, compadrio e nepotismo nas acções e comportamentos políticos; as falsificações industriais como é o caso da fraude das emissões poluentes dos automóveis; os escândalos nas mais altas instâncias do desporto; a displicência mortal e criminosa de alguns agentes da medecina. Curiosamente, a prática dos princípios da “ética” manteve-se praticamente inalterada até meados do século XX. 
A pópria guerra tinha até ao século XIX regras de ética que nos dias de hoje seriam consideradas imbecis e justificativas da derrota. Era o “cavalheirismo” elevado à sua máxima potência: ou a vida ou a morte mas com honra (outra noção desconhecida ou muito difusa nos tempos de agora).
Nos tempos que correm, os códigos de ética (que existem estatutariamente nas ordens profissionaia) são ignorados e quanto menos ética houver melhor. As tarefas tornam-se mais fáceis, mais rápidas, mais convenientes para as partes envolvidas e maiores serão os resultantes lucros. A procura do lucro é soberana, não olha a meios mas tem medo da palavra "ética" e, por isso, manda que a ignorem. 
Interroguem por aí o que é a ética. Não me admiraria que uma resposta fosse sorridentemente:
“é quê?”.







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