quinta-feira, 14 de março de 2013

O Papa Francisco



Ontem, dia 13 de Março, um colégio de cardeais, ao fim de apenas o segundo dia do
Conclave, elegeu o 266º Papa da igreja católica. Assisti ao facto pela televisão.
Não sou católico mas a atitude do novo Papa impressionou-me muito. 
Quiz conhecer mais factos da sua vida e por este meio pretendo transmitir alguns, na esperança de quem os ler concorde com a minha impressão: o novo Papa é uma personagem invulgar na igreja católica.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Francisco; http://www.tribunahoje.com/noticia/57687/mundo/2013/03/13/papa-francisco-i-e-engenheiro-quimico-e-so-tem-um-pulmo.html
Tendo nascido em 1936, licenciou-se não em filosofia, nem em teologia mas em engenharia
química pela Universidade de Buenos Aires. Por esta universidade obteve o grau de mestre e
só abandonou a sua profissão de engenheiro químico por motivos de grave doença nos finais
da década de 50. 
Em 1958 ingressou na Companhia de Jesus e foi ordenado sacerdote em 1969. Exerceu
funções académicas de relevo na  Faculdade de Filosofia e Teologia de San Miguel.
Doutorou-se na Alemanha. O Papa João Paulo II nomeou-o em 1992 bispo auxiliar de Buenos
Aires e em 1998 era seu arcebispo. Tornou-se cardeal em 2001. 
A sua atitude durante o regime ditatorial argentino de 1976-1982 é hoje objecto de polémica
sendo, também, recordada a sua frontal oposição ao governo de Cristina Kirchner quando
este apoiou a lei relativa ao casamento entre pessoas do mesmo sexo:  "Não vamos ser
ingénuos: não se trata de uma simples luta política; é uma tentativa de destruição do plano de
Deus", escreveu ele ao Congresso. Seja como for, não se deve esquecer a sua proximidade
e a sua solidariedade efectiva para com os pobres do seu país natal. 
O Papa Francisco é sul-americano, é jesuíta e adoptou o nome de Francisco. 
Um Papa não europeu, não oriundo de qualquer país ou continente com pretensões hegemónicas ou disputado pelo Islão e franciscano por coração é um factor de esperança como o foi João XXIII com o concílio Vaticano II. Ser sul-americano é estar longe das intrigas e interesses da cúria romana, é constituir um garante de um “um novo rosto” para a igreja de Roma como a isso apelou o cardeal português D.José Policarpo. 
Ser jesuíta (ordem religiosa intelectual por excelência) é garantia de ortodoxia para quem na
cúria se possa opor a qualquer transformação que ponha em causa a primazia da Roma
católica e é qualidade que a alguns lembra talvez injusta e erradamente, a Inquisição. Inquisição que, desde o século XII e confiada aos dominicanos, preencheu as páginas mais negras da igreja católica e cujo nome sofreu várias alterações ao longo da história até ficar com o de “Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé”, com Paulo VI. Lembro-me, como exemplo de arrogância desta congregação, que em tempos recentes um Papa, muito louvado e admirado, ter tido a presunção de reabilitar Galileu condenado pela Inquisição. Como se ele, Papa, fosse um científico, um Newton,  um Descartes, contemporâneos de Galileu, ou um Einstein, génio contemporâneo. Deveria, sim, ter pedido desculpa em nome da igreja, como esta fez em relação aos judeus. 
Ter escolhido o nome Francisco, de Francisco de Assis crítico da Igreja de Roma no tempo de
Urbano III – 1209 – e que tinha como ideais a pobreza, a humildade e a simplicidade, é
desejo que a igreja de Roma siga aqueles princípios da ordem franciscana, esquecidos
durante os últimos 800 anos. A atitude e as primeiras palavras de ontem do Papa Francisco
são um fiel exemplo de como, nas coisas mais simples e, simultaneamente, mais grandiosas
aquelas regras franciscanas podem e deveriam ser seguidas pela igreja católica.
Confesso, para eventual escândalo de alguns, que gosto de ver como novo chefe da igreja
católica um ex-engenheiro (como eu), um amador de tango (como eu) e um atento espectador
de futebol (como o é o povo português a que pertenço).


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