quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

Luanda Leaks.


Angola país riquíssimo com o seu povo na miséria.
“De repente” descobriu-se o que era evidente e já denunciado por poucos, nomeadamente Ana Gomes.
Arguidos são apenas 4, mas há certamente muitos mais que o poderiam ser!
Em particular, políticos, embaixadores, banqueiros e bancários, ex-governantes cujos nomes são calados ou referidos apenas em surdina. Quase todos com um passado ligado a Angola ou com, hoje, dupla nacionalidade.
Não se denuncia o escândalo na sua total dimensão.
Porquê?
Lembre-se o caso “Casa Pia”. Uns foram presos e julgados, outros andam por aí sem vergonha.
Porquê?
Porque há, por um lado, filhos escondidos sob sombrinhas protectoras, protegidos com o poder dos “lobbies” (gay, financeiro, político e outros) e, por outro, enteados.
Não? Que se investigue a fundo os “Casa Pia”, o “Malta Leaks” e outros “leaks” e as “surpresas” serão muitas.
Hoje sabe-se que o “Luanda Leaks” se deve a Rui Pinto e aqui levanta-se uma questão controversa à qual corresponde uma interrogação: os “classificados” como denunciantes podem recorrer legalmente à pirataria informática? Parece-me que não.
Já existe legislação europeia relativa a “denunciantes” porque se entende que a sua acção é favorável ao interesse público. Rui Pinto e os seus advogados defendem que as acções por ele praticadas são desta natureza. Mas, pergunta-se novamente: é lícita a invasão de computadores públicos e privados?
Por exemplo do Benfica, F.C. Porto, Sporting, Federação Portuguesa de Futebol, Procuradoria Geral da República, sociedades de advogados, Doyen Sports e etc.
É lícito o acesso a documentos em segredo de justiça? Parece-me que não.
Rui Pinto entregou “(…) à Plataforma de Proteção de Denunciantes na África (PPLAAF) um disco rígido contendo todos os dados (…) sobre a fortuna de Isabel dos Santos, sua família e todos os indivíduos que podem estar envolvidos nas operações fraudulentas cometidas à custa do Estado angolano (…)".
São 715.000 ficheiros que revelam um desvio de mais de 100 milhões de dólares.
As interrogações aqui ficam.

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Bengaladas nos políticos.




Quem estudar a História de Portugal apercebe-se que o nosso povo trabalha melhor com regimes políticos nos quais a autoridade não se encontra dispersa mas centrada num líder eleito para governar, por exemplo um regime presidencialista.
Não encontro melhor exemplo na nossa história do que a antítese entre o reinado de D. Sancho II e o do seu irmão D. Afonso III.
Um, preocupado com as batalhas que se impunham, delegava a sua autoridade em terceiros e estava completamente ausente dos problemas do Estado. O outro, reinou para concentrar o Poder. Um era um esforçado guerreiro, displicente com os problemas que afectavam a sua governação (guerra civil, conflito com o Papado), o outro, seu benjamim, divorciou-se da sua 1ª mulher, a condessa de Bolonha, casou com uma castelhana (daí provêm os castelos do seu estandarte, presentes nas armas e Porugal) e acabou praticamente com a guerra civil. Sempre tive simpatia por um e alergia pelo outro, embora reconheça que um foi um fraco rei e o outro, mau irmão, uns dos melhores que Portugal teve.
Mas há outros exemplos, começando logo com D. Afonso Henriques. Afastou a influência da nobreza galega, para ser rei declarou-se subdito do Papa, alargou a Norte as fronteiras de Portugal que se perderam com o desastre de Badajoz. Depois, D. Afonso III que, pelo Tratado de Badajoz (1267), integrou na coroa portuguesa o Algarve, D. Diniz que terminou com a contestação ao poder real, e que, pelo tratado de Alcanizes (1207), confirma o Algarve como território de Portugal e define as actuais fronteiras. Portugal é, desde então o país europeu com as mais antigas fronteiras. Depois, há reis que não marcaram a história pelos seus feitos e chega-se a D. João I  iniciador da presença portuguesa no norte de África com a conquista de Ceuta e pai da ínclita geração. Salta-se quase de imediato, para o grande rei D. João II (“El hombre” segundo Isabel a Católica) seguindo-se (após D. Manuel “o venturoso” das mercearias e o louco “desejado” Sebastião) a desgraça com os castelhanos Filipes.
Restabelecida a independência, os reis são ricos mas fracos até D. José I que tem um forte 1º ministro, o Marquês de Pombal que combateu a aristocracia, eliminando toda e qualquer oposição, e cuja personalidade ainda hoje, passados mais de 250 anos, é discutida entre a repulsa e a admiração. Depois, quem? D. João VI? Mais ninguém.Veio a República. Em 16 anos (1910-1926) houve 7 parlamentos, 8 presidentes da República, 45 governos, 40 chefias de governo. Nela, destacou-se Afonso Costa que conseguiu, como ministro das finanças, um superavit nos orçamentos de 1913-1914 e 1914-1915.Leia-se:  
Mais outras personalidades? Sem dúvida Sidónio Pais e Salazar.

Hoje, vive-se num regime semi-presidencialista (que só o é porque os partidos receiam a existência de um presidente poderoso), um parlamento repleto de compadres, filhos, tios e sobrinhas e com gente que nunca fez nada na vida, que nunca teve profissão que merecesse esta designação e que auferem de um belíssimo salário e de diversas benesses. Desinformam com uma arrepiante iliteracia, deseducam pela ignorância e pelo exemplo, legislam no completo desconhecimento da realidade e com a preocupação de deixar marca histórica, tratam as contas do Estado com precisão imbecil, erram cálculos e construções, enganam o consumidor, atendem por favor os contribuintes.
Tudo impunemente ou a esclarecer oportunamente, por uma comissão de inquérito.
Há muitos boys e girls, por vezes arrogantes, descobrindo-se, depois de saírem do cargo, que alguns sofreram da praga da corrupção.
Que fazer, então, para além de impossíveis bengaladas como os camponeses dão às bestas?
Talvez:
Descentralizar, reformar o sistema eleitoral para aumentar a contribuição dos cidadãos e eliminar o monopólio dos partidos (o sistema britânico poderia ser inspiração), adoptar um sistema presidencialista (como em França e na Alemanha mas não como na Rússia de Putin).
Três passos (haveria mais) que mudariam muito o regime político garantindo a democracia e que podem ser indispensáveis para uma efectiva implementação de reformas que são tão necessárias.
Mas são necessárias algumas bengaladas.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

As bestas e as vítimas colaterais.




A besta do Trump é um dos responsáveis. O Governo do Irão outro.
A besta do Trump destabilizou toda a zona do Médio-Oriente. Começando pela Síria. Lá a besta do Daesh tinha sido derrotada com o importante apoio das milícias curdas, do Hezbolah (Xiita) e dos russos.
O chamado Ocidente não deve meter a colher no conflito milenar entre sunitas e xiitas. Eles que tratem uns dos outros, tal como por cá entre católicos e protestantes.
Ali, no Yemen, no Iraque, etc. a besta do Trump deixou de ter interesse na estabilidade política dos produtores de petróleo. Para quê se hoje os EUA podem extrair toneladas de petróleo do xisto?
Interesses que entram em conflito com os seus apoios militares ao país que lhes der mais jeito? Apoiaram, armaram, os curdos. Apoiaram, armaram um general iraniano para depois o assassinarem.
Enquanto servirem, servem.
Depois? Já não interessam: “kaput” embrulhado em papel higiénico.
  
“Shame on you!”.
Há poucos dias, mais de 170 iranianos embarcaram de Teerão num avião de fabrico americano (Boing 373) para regressarem aos seus países de acolhimento. Passados 3 minutos o avião era abatido por 2 mísseis iranianos.
Morreram todos com o carimbo de “baixas colaterais”. O raio que os parta.
Precipitação de quem carregou o botão? Certamente. Mas quem o ordenou premir o fatal botão?
Honra seja feita ao supremo “ayatola” que, publicamente, esclareceu que não era só ele, o do botão, o culpado. Eram todos, em particular os ordenantes e que todos seriam julgados e castigados. Veremos.
Que diferença com o vôo da Malaysia Airlines entre Amsterdão e Kuala Lumpur (!):
“(…) em 17 de julho de 2014, um Boeing 777-200ER, caiu perto de Grabove, no oblast de Donetsk, no leste da Ucrânia, a 40 km da fronteira com a Rússia, transportando 283 passageiros e 15 tripulantes de vários países. (…)
Relatos iniciais do governo ucraniano informaram que a aeronave foi abatida a uma altitude de 10 000 m por um míssil terra-ar disparado utilizando o sistema de mísseis Buk. As duas partes envolvidas na rebelião no leste da Ucrânia, a princípio, negaram responsabilidade pelo incidente, acusando-se mutuamente. (…) Este foi o maior incidente da Malaysia Airlines superando o voo 370, que resultou na morte de 227 passageiros, e que não foi encontrado.
Nenhuma semelhança: uns, passados uns dias, batem no peito, os outros, atá hoje, assobiam para o lado…
Comentários para quê?
Tudo vítimas colaterais de mísseis mandados por irresponsáveis bestas.