terça-feira, 21 de maio de 2019

Isto não é um país é um sítio.



Muito se tem falado e escrito sobre a atitude do Sr. José Berardo (Joe) na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia da República sobre a questão das suas dívidas à banca, nomeadamente à Caixa Geral de Depósitos.
Mas quem é Joe?
É madeirense, nasceu no Funchal em 1944 de família humilde. Teve que emigrar muito novo para a África do Sul, em Joanesburgo. Aí começou uma carreira a qual, graças à sua ambição e trabalho, o conduziu a negócios financeiramente relevantes nos mais diversos domínios.
Ganhou muito dinheiro.
Agraciado, em 1985, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (a categoria mais baixa da Ordem) pelo Presidente Ramalho Eanes, recebeu em 2004 do Presidente Jorge Sampaio a Grã Cruz dessa mesma Ordem (a categoria mais elevada). É, ainda, Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra, a condecoração mais importante da República Francesa instituída por Napoleão Bonaparte.
Condecorações não lhe faltam mas à banca faltam 1.000 (mil) milhões de euros que ele deve à CGD, ao BCP e ao Novo Banco.
Para a banca, ele era, segundo a afirmação de um dos seus gestores responsáveis “um cliente especial à margem das regras”.
Mas, o que deveria incomodar mais o cidadão e suscitar o interesse dos jornalistas não é ele ser um palhaço, é haver uma cambada de outros devedores a quem a Justiça nada ou muito pouco faz.
     
                 
Por exemplo: 
Zeinaldo Bava (condecorado com a Ordem do Comércio Comercial), Armando Vara (preso com a Ordem do Infante), Camilo Mortágua (assaltante de bancos e Oficial da Ordem da Liberdade), Nuno Vasconcelos (gestor de sociedades falidas e com uma dívida de 23 milhões de euros ao BCP), Paulo Portas (tendo às costas o muito duvidoso negócio dos submarinos), Oliveira e Costa (banqueiro preso que levou à ruína o BCP), João Rendeiro (banqueiro livre que esteve na base da falência do BPP), Manuel Fino (empresário devedor de 20 milhões de euros ao BCP), Dias Loureiro (espertalhão “desaparecido em combate” pelo muito que sabe), Henrique Granadeiro (cúmplice de José Pinto de Sousa - também conhecido como engenheiro de inglês técnico e filósofo da escola socrática - na ruína da PT).
E nas ruinosas Parcerias Público Privadas?
Teixeira dos Santos (ex-ministro das Finanças), Mário Lino (ex-ministro das Obras Públicas), António Mendonça (idem), Paulo Campos (ex-Secretário de Estado das Obras Públicas) e...?
Repete-se, o que deveria revoltar o cidadão é esta maltosa estar, na sua enorme maioria, cá fora e um desgraçado com fome ser preso, julgado e castigado por roubar num supermercado um pacote de batatas fritas.
Os responsáveis pela Justiça deveriam ter vergonha de como esta funciona em Portugal. "Shame on you!".
Como diria Almada Negreiros “Isto não é um País é um sítio, ainda por cima mal frequentado.”

          


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