quarta-feira, 29 de maio de 2019

As europeias de 2018


Obtiveram-se os resultados das eleições europeias e neles o que é mais impressionante e que deveria ser motivo de reflexão, é o nível da abstenção. Quase 70%. Só votaram (incluindo votos brancos e nulos) cerca de 30% dos portugueses (a 3ª maior abstenção nas eleições europeias deste ano).
Os crânios políticos cá do sítio adiantaram logo explicações: que as campanhas de hoje não podem ser organizadas como o eram há meia dúzia de anos (quais arruadas quais quê), que não foram utilizadas como deveriam ser as “redes sociais”, que os discursos de campanha ignoraram os problemas da Europa e estiveram centrados na política nacional, que se usou e abusou do ataque partidário e pessoal. Enfim, que isto e que aquilo.
Mas, e se fosse o caso do cidadão de cá não só encolher os ombros à Europa mas também não se tivesse esquecido da penosa, exagerada e não estudada austeridade que ela lançou sobre os pobres países do Sul? E se o potencial votante se tenha interrogado sobre o dispensável papel do deputado europeu, nomeado pelo partido como recompensa da sua lealdade. Ganhando, assim, para além de um fátuo prestígio, mais uns “dinheiritos” (20.000 euros por mês mais ajudas de custo, mais reformas, mais eteceteretal). Ou, então, ser nomeado como degrau no escadote da ascensão política do seu chefe para um alto cargo na Comissão Europeia?
Foram “dispensados” competentes e dedicados deputados como Ana Gomes e Francisco Assis. “Fora com eles porque não são dos nossos”?
Sara Cerdas (ex-campeã nacional e natação) e José Marques (especialista de renome em infraestruturas) têm perfil para as funções? Julgo, claramente, que não.
E qual o próximo futuro de António Costa?
Na política nacional? Na próxima legislatura, talvez. Depois, por cá só o lugar de Presidente da República o que me parece, dado o seu perfil político, não o interessar. Então onde? Na Comissão Europeia.
Não? Veremos.
O nosso mundo político está cheio de surpresas e a súbita simpatia entre o socialista Costa e o liberal Macron suscita interrogações.
Mas o discurso dos analistas não ficou por aqui.
Referiu-se e repetiu-se o perigo que é para a democracia a invasão da extrema direita pela Europa dentro, qual Átila dos tempos de hoje. Na Hungria? Na Polónia? Na Áustria, berço do hitlerismo? Talvez. Mas em Portugal? Valha-me Deus!
Não, nenhuma daquelas causas justifica o total falhanço das eleições europeias em Portugal.
Os portugueses estão-se nas tintas para a Europa e, acompanhados pela sabedoria popular, estão muitíssimo mais preocupados com a época de incêndios que se aproxima, com a degradação do Serviço Nacional de Saúde, com as reformas e os subsídios, com o ensino e, a outro nível muito mais preocupante, com a corrupção, a morosidade da justiça, a injustiça tributária, a falta de educação (atenção: entre “instrução” e “educação” há uma diferença abismal), a incompetência dos governantes e de outros agentes do Estado, o nepotismo (que hoje se designa por “a praga das famílias na política”).
Enfim, o que este povo sofre com as incompetências e as ladroagens dos tempos de hoje! Povo que brava e dificilmente chegou à Índia, com meios e condições técnicas rudimentares longe das sofisticadas e avançadas técnicas do homem no século XX que com elas aterrou, com muito menos perigos e incertezas, na Lua e hoje explora o espaço a milhões de anos-luz.
A quem se deve a fenomenal viagem de circum-navegação do século XVI? Ás qualidades de chefia e aos conhecimentos únicos geográficos e marítimos de Fernão de Magalhães. Naqueles tempos mandavam os competentes, os homens-grande, não ignorando as enormes diferenças sociais e políticas entre o ontem e o hoje.
Passados 500 anos surgiram como cogumelos homens pequeninos que mandam. Pomposos com os seus galões, facciosos nas suas opções políticas e, claro, intelectualmente pequeninos.

                            

terça-feira, 21 de maio de 2019

Isto não é um país é um sítio.



Muito se tem falado e escrito sobre a atitude do Sr. José Berardo (Joe) na Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia da República sobre a questão das suas dívidas à banca, nomeadamente à Caixa Geral de Depósitos.
Mas quem é Joe?
É madeirense, nasceu no Funchal em 1944 de família humilde. Teve que emigrar muito novo para a África do Sul, em Joanesburgo. Aí começou uma carreira a qual, graças à sua ambição e trabalho, o conduziu a negócios financeiramente relevantes nos mais diversos domínios.
Ganhou muito dinheiro.
Agraciado, em 1985, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique (a categoria mais baixa da Ordem) pelo Presidente Ramalho Eanes, recebeu em 2004 do Presidente Jorge Sampaio a Grã Cruz dessa mesma Ordem (a categoria mais elevada). É, ainda, Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra, a condecoração mais importante da República Francesa instituída por Napoleão Bonaparte.
Condecorações não lhe faltam mas à banca faltam 1.000 (mil) milhões de euros que ele deve à CGD, ao BCP e ao Novo Banco.
Para a banca, ele era, segundo a afirmação de um dos seus gestores responsáveis “um cliente especial à margem das regras”.
Mas, o que deveria incomodar mais o cidadão e suscitar o interesse dos jornalistas não é ele ser um palhaço, é haver uma cambada de outros devedores a quem a Justiça nada ou muito pouco faz.
     
                 
Por exemplo: 
Zeinaldo Bava (condecorado com a Ordem do Comércio Comercial), Armando Vara (preso com a Ordem do Infante), Camilo Mortágua (assaltante de bancos e Oficial da Ordem da Liberdade), Nuno Vasconcelos (gestor de sociedades falidas e com uma dívida de 23 milhões de euros ao BCP), Paulo Portas (tendo às costas o muito duvidoso negócio dos submarinos), Oliveira e Costa (banqueiro preso que levou à ruína o BCP), João Rendeiro (banqueiro livre que esteve na base da falência do BPP), Manuel Fino (empresário devedor de 20 milhões de euros ao BCP), Dias Loureiro (espertalhão “desaparecido em combate” pelo muito que sabe), Henrique Granadeiro (cúmplice de José Pinto de Sousa - também conhecido como engenheiro de inglês técnico e filósofo da escola socrática - na ruína da PT).
E nas ruinosas Parcerias Público Privadas?
Teixeira dos Santos (ex-ministro das Finanças), Mário Lino (ex-ministro das Obras Públicas), António Mendonça (idem), Paulo Campos (ex-Secretário de Estado das Obras Públicas) e...?
Repete-se, o que deveria revoltar o cidadão é esta maltosa estar, na sua enorme maioria, cá fora e um desgraçado com fome ser preso, julgado e castigado por roubar num supermercado um pacote de batatas fritas.
Os responsáveis pela Justiça deveriam ter vergonha de como esta funciona em Portugal. "Shame on you!".
Como diria Almada Negreiros “Isto não é um País é um sítio, ainda por cima mal frequentado.”

          


quarta-feira, 15 de maio de 2019

Marcelo o Presidente "Papa Léguas"-Visita de Estado à China.

Visita de Estado à China porquê? 
De acordo com o próprio MRS, a China não é um aliado nem comunga dos mesmos interesses de Portugal na política internacional. Apenas é um país amigo, disse ele.
A China está a desenvolver uma estratégia própria, de poder económico, militar político. Quer voltar a ser potência imperial.
Xi-Jing Ping, o seu líder máximo, é o sucessor ideológico de Mao Tse Tung e os seus ideais são, confessadamente, antidemocráticos e antiocidentais. Em Portugal promoveu a compra de várias grandes empresas. Nas finanças, na energia, por exemplo.
O seu pai era amigo íntimo de Mao e, durante a Revolução Cultural, foi expulso do partido acusado de corrupção . O seu filho Xi foi exilado para o campo e o seu comportamento valeu-lhe o lugar que hoje ocupa. Não quiz vingar, como seria de esperar, as malvadezas que fizeram ao pai, quiz demonstrar no dia-a-dia que era um leal seguidor de Mao e um obediente militante do Partido. Assim, chegou onde chegou.
A China é um enorme perigo para o Ocidente e nós, com Marcelo à frente, ignoramos essa realidade e ele efectua incompreensíveis visitas de estado. Simples turismo com a desculpa de ir reforçar o interesse nacional. Ora, ora, pois, pois.
Não resisto em republicar o meu blog de 2016. Aqui vai ele:

                                     
" Muito recentemente uma figura do poder afirmou que o Presidente Marcelo não era nenhum Papa do Governo. Também eu acho que não e, por isso, o título deste meu escrito nada tem a ver com dominância política ou religiosa mas sim com apetite.
A acção do Presidente Marcelo, mantendo a característica de simpatia, ambição e de populismo, está a revelar outra faceta.
Marcelo quer beijar mais do que o Paulinho e alarga o leque muito para além das feiras. Marcelo quer visitar e apertar a mão a figuras que marcaram e marcam a História contemporânea.
Se Mandela fosse vivo ele já teria ido à África do Sul e não entendo porque não vai à Índia abraçar o Dalai Lama que para lá teve de fugir quando da incorporação forçada do Tibete na R.P. da China. Seria um verdadeiro acto de defesa da liberdade e de apoio à democracia, contrariamente ao que se passou na sua visita a Cuba. Mas, infelizmente, os interesses económicos parecem não o permitir.
A este ritmo vai bater Mário Soares em milhas, quilómetros, léguas ou voltas ao Mundo.
Quem paga este gosto? Marcelo sabe que não ficou esquecida a sua ida ao Euro em avião do estado, viagem que se apressou a pagar. Assim, será, mais uma vez, o contribuinte a pagar em nome dos superiores interesses da nação portuguesa. Interesses quais? Políticos? Económicos? Nada o permite afirmar, nem a História, nem a situação de Portugal no mundo actual.
As personagens visitadas e a visitar estão quase todas no ocaso da vida política, como é o caso do Papa Francisco, de Fidel de Castro e da raínha Isabel II e julgo que talvez por isso Marcelo tenha pressa, embora a pressa seja uma característica muito sua.
O caso do rei Mohamed VI de Marrocos foi para mim uma enorme surpresa nos domínios da História e da religião. O reinado deste descendente do profeta vai durar provavelmente muito tempo, como o do seu pai o rei Hassan (que Mário Soares também condecorou, o que só adensa o mistério da reincidência de Marcelo).
O que se passa em Marrocos nada tem a ver, bem pelo contrário, com liberdade ou democracia. Eliminadas estas duas hipóteses, o que levou o Presidente de Portugal a condecorar o rei de Marrocos com o Grande Colar da Ordem de Santiago da Espada? Ao peito de Mohamed ficou uma Cruz no lugar do Crescente!
Afinidades históricas existem muitíssimas mas todas elas com o oficial carimbo da guerra e da permanente hostilidade “(...) Marrocos, série de praças fortes, escola de soldados, fonte de permanentes conflitos, esteril em proveitos (...)”. As conquistas são particularmente violentas com terríveis massacres da população. Ceuta, Alcácer Ceguer, Arzila, Tanger, Stª. Cruz do Cabo Guer (perdida em 1541 com a chacina dos portugueses), Safim, Azamor, Mazagão...Portugal ocupou militarmente Marrocos durante 354 anos, desde 1415 até 1769. A presença portuguesa nunca foi aceite, a guerra foi constante desde a conquista de Ceuta em 1415 até à saída de Mazagão em 1769, passando pelo desastre de Alcácer Quibir em 1580.
Condecorar o representante máximo de um país que foi um dos maiores inimigos de Portugal é acto estranho que necessitaria, eventualmente, de uma pequena explicação. Condecorar um descendente do Profeta com uma cruz é quase insultuoso para ele e para a comunidade religiosa de que faz parte, ultrapassando neste domínio uma mera prenda de presunto pata negra.
Marcelo caiu de uma cadeira? Não.
Para quem o conhece, alia a inteligência à vaidade, a seriedade cultural ao discursivo jogo de cintura.
Marcelo que disse considerar-se um homem sensato, nunca o foi, ontem como candidato à C.M de Lisboa mergulhando no Tejo e, hoje, como máximo representante da diplomacia portuguesa.
Mohamed de Marrocos? Fidel de Castro? Meu Deus que mais irá acontecer e quantas mais léguas vai ele papar para satisfação da sua vaidade? "


domingo, 12 de maio de 2019

Calou-se!


Se, na presidência de Marcelo, há processo mais invulgar do que este, vou ali e já volto.
Calou-se. Calou-se como nunca o tinha feito.


Quais comentários qual quê.
O assunto (dos professores) era difícil e muito delicado e o homem não tendo qualquer alternativa da qual ressaltasse a imagem de alguém super sabedor e sensato, calou-se. Ou melhor, decidiu ficar calado e atirar a bola para canto. 
Mudo e quedo até hoje.
Como interpretar esta invulgar atitude por parte de quem adora “selfies”, beijocas e interferências dos mais variados tipos na esfera governamental e parlamentar?
Francamente sei: ele não é nenhum parvo e acima de tudo pensa em si e na sua imagem.
Quando as águas passarem (o que é diferente de “acalmarem”, porque mais calmas do que estão não o estarão) ele, eventualmente, poderá dizer num longínquo futuro: “como disse”…
Como é que esta personagem, presidente da República Portuguesa, tem, ou parece ter o “amor” do votante de todos os quadrantes? Ele é, sem qualquer dúvida e na minha opinião, um enorme “engano”. Que engane votantes, não me incomoda porque estes reagem com as entrevistas televisivas, com os artigos de opinião, com os cartazes (que no caso presente ainda não existem porque ele aguarda um sinal de lá de cima ou, de cá debaixo, de um “check-up” à sua saúde: estará bem, “aguentará” na sua provecta idade e em todos os domínios? Circulatório, cardíaco, cerebral, etc?
Espero que sim porque não lhe desejo mal.
Ele é apenas é o que é: inteligente, culto, vaidoso mas mais nada.
Um desgosto para ele quando disso tiver consciência (muito difícil) e uma desilusão para os votantes quando disso se aperceberem. 
Acreditem em mim que o conheço muito bem.