quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Uma ova!

Palavra dada, palavra honrada?
Um ova!


Estive atento ao que se passou no Parlamento (para lamento) e aos comentários que se seguiram nos vários programas políticos aqui da praça. Tratava-se do acordo entre membros do governo e o BE sobre as taxação das energias renováveis.
Não houve um único desmentido à vergonhosa cambalhota do Governo quando num dia votou favoravelmente a proposta do Bloco e dois dias depois voltou atrás e votou contra (por imposição do Costa, dizem).
Era vê-los, os dignos representantes do povo de cabeça baixa, mudos e quedos. Estranhíssimo numa assembleia onde os insultos e as torpes insinuações não faltam. Uma vergonha só ultrapassada pelas cenas de pancadaria que ocorrem de vez em quando em parlamentos de outros países e que gostosamente a nossa televisão retransmite.
O líder parlamentar do PS (“his master voice”) bem clamou pela independência de acção do seu partido, a qual, segundo ele, não é condicionada por nenhuma empresa, por nenhum partido…
O primeiro ministro com a lata que o caracteriza tocou exaltado uma melodia semelhante e reafirmou com desfaçatez que “palavra dada, palavra honrada”.
Não há vergonha neste país.
Já nas cortes de Évora de 1391 ou de 1408 (?), o representante do povo dizia :
“…não sabem que cousa é honra, nem quando deve a honra preceder o proveito, nem podem distinguir entre as virtudes morais. Somente (, como homens atónitos,) com tumultos e vozes vãs, dão clamores de ora escolherem e ora enjeitarem, e segundo as vozes andam, assim andam…” 
Nem mais, há 600 anos era a voz do povo.
Hoje, à falta de vergonha e à desfaçatez só a estalada.

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