Um ova!
Estive
atento ao que se passou no Parlamento (para lamento) e aos comentários que se
seguiram nos vários programas políticos aqui da praça. Tratava-se do acordo
entre membros do governo e o BE sobre as taxação das energias renováveis.
Não
houve um único desmentido à vergonhosa cambalhota do Governo quando num dia
votou favoravelmente a proposta do Bloco e dois dias depois voltou atrás e
votou contra (por imposição do Costa, dizem).
Era
vê-los, os dignos representantes do povo de cabeça baixa, mudos e quedos.
Estranhíssimo numa assembleia onde os insultos e as torpes insinuações não
faltam. Uma vergonha só ultrapassada pelas cenas de pancadaria que ocorrem de
vez em quando em parlamentos de outros países e que gostosamente a nossa
televisão retransmite.
O
líder parlamentar do PS (“his master voice”) bem clamou pela independência de
acção do seu partido, a qual, segundo ele, não é condicionada por nenhuma
empresa, por nenhum partido…
O
primeiro ministro com a lata que o caracteriza tocou exaltado uma melodia
semelhante e reafirmou com desfaçatez que “palavra dada, palavra honrada”.
Não
há vergonha neste país.
Já
nas cortes de Évora de 1391 ou de 1408 (?), o representante do povo dizia :
“…não sabem que cousa é
honra, nem quando deve a honra preceder o proveito, nem podem distinguir entre
as virtudes morais. Somente (, como homens atónitos,) com tumultos e vozes vãs,
dão clamores de ora escolherem e ora enjeitarem, e segundo as vozes andam,
assim andam…”
Nem mais, há 600 anos era a voz do povo.
Hoje, à falta de vergonha e à desfaçatez só a estalada.
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