sábado, 10 de janeiro de 2015

Je suis CHARLIE



Posições de esquerda e de direita? 
O Hesbollah e a entidade máxima no Irão condenaram o crime, assim como todos os Imans das comunidades muçulmanas europeias.
Depois da recusa em aceitar a presença do "Front National" (partido de extrema direita) na manifestação colectiva de repúdio e de algumas declarações de algumas personalidades da esquerda de cá sobre os motivos da barbárie ocorrida em Paris com o assassinato de caricaturistas, jornalistas e agentes da polícia, não sei se aquela interrogação é irrelevante porque poucos foram os daquela área que exprimiram um forte e claro repúdio pelo assassinato de civis e de agentes da ordem. Apenas repudiaram, e bem, o atentado à liberdade de imprensa que consideram agora, nesta específica e trágica circunstância, um valor essencial da democracia e da civilização europeias.
Aqueles bem pensantes não ouviram, provavelmente, as comovidas e revoltadas acusações de Jeanette Bougrabe (militante do partido de direita UMP e Secretária de Estado de François Fillon, Primeiro Ministro de 2007 a 2012 do governo nomeado por Sarkosy) mulher de Charb (militante comunista) director do “Charlie Hebdo”.  Tinham discutido a perigosa situação em que Charb vivia e ela queria sair de França por não acreditar na segurança que lhes tinha sido garantida.
No fim da entrevista televisiva exclamou “isto poderia ter sido evitado, isto poderia ter sido evitado!”
Claro que poderia ter sido evitado: um guarda-costas junto ao director do semanário, assistente às reuniões da redacção, apenas com um colega polícia presente num dos andares do prédio (que não o da redacção) é protecção suficiente? Veja-se, hoje, a protecção conferida às instalações do “Libération”: guardas armados à porta do edifício, com armas de assalto e não com pistolas como a que tinha o desgraçado polícia friamente assassinado, depois de ferido, por aqueles canalhas.
Acho, também, que infelizmente nada podia ser feito para prender vivos aqueles animais porque é certo que nada acabou e que é essencial conhecer o que vem a seguir, porque virá.
Hoje assiste-se a um rosário de justificações acompanhado, claro está, por declarações politicamente correctas da alguma “intectualidade” portuguesa.
Que não aprovam (era o que faltava!) mas que é preciso não esquecer os limites da crítica (na qual a blasfémia religiosa é uma linha vermelha), que a França é um país xenófobo, que discrimina os muçulmanos, que é necessário rever e corrigir os problemas sociais decorrentes da imigração, que a pobreza e a intolerância são realidades a não esquecer, etc.
Pois.
Disse Marie le Pen, líder do “Front National” que é necessário que a França denuncie o tratado de Schengen de modo a assegurar o controlo das fronteiras, que a Lei deve ser revista de modo a cancelar a nacionalidade francesa aos que a tenham comprovadamente efectuado viagens para “estagiar” com o “Exército Islâmico”, onde aprendem, na prática, como matar, crucificar, decapitar, aterrorizar todos os que não sejam puros muçulmanos (xiitas incluídos) e que, depois da “aprendizagem”, regressam ao território da sua “nacionalidade” para executar as ordens dos seus chefes do Exército Islâmico ou da Al-Quaeda no Ièmen, por exemplo, como declarou Chérif Kouachi a uma televisão francesa em pleno acto de guerra, porque trata-se de uma guerra.
Neste concreto domínio compreendo as propostas do “Front National” (cujos ideais estou longe de partilhar) e considero não haver quaisquer justificações para o acto selvagem e bárbaro praticado no passado dia 7 de Janeiro.
Como é que tal é possível para a bestialidade deste crime de sangue?

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