3.577 milhões de euros (cerca de 2% do PIB de Portugal) é o prejuízo
anunciado pelo BES, considerado o maior banco privado português.
Uma vergonha é o que isto é. Isto do BES/GES, “Novo Banco”, “Mau Banco”.
E perante esta calamidade o cidadão depara-se com olhos baixos ou com a
irresponsável sobranceria de quem nos deveria governar. Digo “deveria” porque
sendo o cidadão contribuinte paga para tal. Está-se como num avião em queda
ouvindo “chá, café ou laranjada ou salgados”.
Vergonha para uma família cujo patriarca já falecido, deve estar a dar
voltas na tumba, vergonha para o Banco de Portugal (BP) que deu explicitamente
“luz verde” para que pequenas poupanças desaparecessem num aumento de capital,
realizado há pouco mais de um mês, vergonha para a Comissão do Mercado de
Valores Mobiliários (CMVM) que deveria ter proibido tal operação e que segundo
agora afirma foi “forçada” (!) a autorizá-la, vergonha para um governo que
mentiu aos portugueses ao assegurar a solidez do sistema bancário português e
cujo responsável se refugia a banhos sacudindo a água do capote, vergonha para
um homem que durante vinte anos foi o responsável pela segurança das poupanças
de milhares de portugueses, vergonha para esse homem que traiu as promessas
feitas ao governador do BP e que em quinze dias colocou “a recato” (diz-se que
algures em Singapura) cerca de mil e quinhentos milhões de euros, vergonha para
a justiça portuguesa que ainda hoje ainda não colocou em prisão efectiva
Oliveira Dias (BPN), João Rendeiro (BPP), Ricardo Salgado e outros que
beneficiam da vergonhosa promiscuidade entre o poder financeiro (conjunto de
malandros) e o poder político (outro bando de malandros).
Enfim, vergonha, vergonha, vergonha.
O Dr. Ricardo Salgado, indiciado por burla, branqueamento de capitais,
abuso de confiança, e falsificação de documentos (!), proibido pelo tribunal de
vários contactos e acções e sujeito a uma caução de três milhões de euros (não
se iludam, tem-nos e vai pagá-los dentro do prazo fixado pelo tribunal) emitiu
um comunicado (perdão, os advogados dele emitiram um comunicado) segundo o qual
nada tem a dizer até serem conhecidas as conclusões da auditoria mandada
realizar pelo BP.
É de quem não tem vergonha na cara. Ou calava-se, ou explicava-se (como fez
recentemente em situação menos clara) ou, simplesmente, fazia um “mea culpa”.
Todas estas hipóteses são muito difíceis para um “DdT” (dono de tudo) como era
conhecido nalguns meios.
O Dr. Ricardo Salgado, bisneto de José Maria Espírito Santo, mandou, mesmo assim, a
honra centenária da família às ortigas. E não foi só agora em Julho de 2014,
mas também nas três rectificações da sua declaração de IRS do ano de 2011,
rectificações essas num total de 4,3 milhões de euros. “Peanuts”.
Uma vergonha para ele, para a sua família e para os seus amigos que muito
dificilmente (se forem pessoas de bem) conseguirão falar com ele sobre o
assunto de olhos nos olhos.
“Shame on you”, Dr.
Ricardo Salgado!
“Novo Banco”? Pois pois, “fala que minstróis”.
Não me espantaria que, brevemente, muita coisa suja aparecesse debaixo deste
novo tapete.
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