A visita de Filipe VI de
Espanha - nome que só pode criar simpatias aos portugueses historicamente
incultos ou que tenham memória curta, esquecendo-se que só com o quarto daquele
nome terminou a desgraça do Portugal, espoliado pelos reis filipinos do seu império
na Ásia e não só… – suscitou muitos comentários que sublinhavam a natureza
fraterna dos dois estados (não digo “nações” porque nós por cá só temos uma e
por lá há muitas e muitas que reivindicam autonomia alargada e mesmo
independência).
Bourbon é a dinastia que reina
em Espanha apenas desde 1700 com a ascensão ao trono de Filipe V
(sucessor do rei espanhol Carlos II), neto do rei Luís XIV de França e cujo pai
era Filipe duque de Anjou filho do irmão do “Rei Sol”.
A casa real espanhola é, pois, recente, de origem francesa e utiliza o castelhano há relativamente pouco tempo (cerca de trezentos anos) quando comparado com a longevidade dos reinos de Leão e Castela que remontam ao século XI, aliás, como é o caso da antiquíssima monarquia portuguesa.
A casa real espanhola é, pois, recente, de origem francesa e utiliza o castelhano há relativamente pouco tempo (cerca de trezentos anos) quando comparado com a longevidade dos reinos de Leão e Castela que remontam ao século XI, aliás, como é o caso da antiquíssima monarquia portuguesa.
Embora republicano não deixo de ter muito
orgulho pela ascendência directa do actual pretendente ao trono de Portugal que
vem, directamente, da casa de Borgonha desde o conde D. Henrique (1066-1112), pai
do 1º rei de Portugal D. Afonso Henriques.
Por cá nunca houve rei que não fosse genuinamente
português.
Poucas casas reais europeias se podem gabar de igual antiguidade e de ascendência de natureza semelhante.
Assim, a actual realeza britânica é de ascendência germânica (da casa de Hanôver que substituiu a casa de Stuart em 1714), a casa real sueca descende de um marechal (ex-sargento) de Napoleão, Jean-Marie Bernadotte, que reinou sob o nome de Carlos IV, a casa real dinamarquesa é porventura a mais antiga da Europa (917, com o rei Canuto I) e a Holanda surge como reino com o fim da guerra dos oitenta anos (século XVI) e a sua independência da Espanha.
São apenas resumidos exemplos.
Poucas casas reais europeias se podem gabar de igual antiguidade e de ascendência de natureza semelhante.
Assim, a actual realeza britânica é de ascendência germânica (da casa de Hanôver que substituiu a casa de Stuart em 1714), a casa real sueca descende de um marechal (ex-sargento) de Napoleão, Jean-Marie Bernadotte, que reinou sob o nome de Carlos IV, a casa real dinamarquesa é porventura a mais antiga da Europa (917, com o rei Canuto I) e a Holanda surge como reino com o fim da guerra dos oitenta anos (século XVI) e a sua independência da Espanha.
São apenas resumidos exemplos.
Espanha foi criação de Isabel “a Católica” (1451-1504),
após a expulsão dos muçulmanos de Granada.
O seu neto Carlos V tratou da reunificação do território,
colocando sob a mesma coroa para além dos reinos de Leão e Castela e de Aragão
(Fernando rei de Aragão era o marido de Isabel de Castela), os de Granada, Catalunha
e Navarra. Depois, Filipe II tratou de ficar com Portugal. O duque de Alba invadiu Portugal, no âmbito de uma guerra de sucessão contra D. António Prior do Crato filho bastardo de D. Luís irmão do cardeal-rei D. Henrique.
Nos tempos de hoje as denominada províncias
espanholas são claramente contestatárias àquela unificação, em maior ou menor
grau e com particularidades próprias, nomeadamente a Catalunha, o País Basco, a
Galiza (esta última cuja língua própria – que faz parte da língua galaico
portuguesa - foi inexorável, planeada e paulatinamente “apagada” pelo
generalíssimo Franco quando chegou ao poder). A ignorância dos media é, neste
domínio como em tantos outros, confrangedora, chegando a afirmar que não, que
não, que o país irmão de Portugal é a Espanha e não o Brasil!
Ouvi isto dito por um desses “pivots” de uma
dessas cultas televisões. Ó meu Deus, com tanto desemprego que há por aí
porque é que não despedem esses “agentes da cultura” e não contratam um
competente desempregado?!
Poderão argumentar que esta antipatia é coisa do
passado, dos tempos de Aljubarrota, do ódio que Fernão de Magalhães sofreu dos
comandantes e tripulações das naus exclusivamente castelhanas cujo comando
Carlos V lhe confiou (a quem Fernão de Magalhães prestou lealmente vassalagem,
conforme os costumes da época, e que por isso foi perseguido ao longo da sua
viagem de circum-navegação pelas naus portuguesas a mando do rancoroso
“merceeiro” rei D. Manuel) e da invasão do Duque de Alba na guerra com D.
António de Portugal, Prior do Crato.
Pois, coisas de um longínquo passado se nos esquecermos da muito recente tese do caudilho Franco no início da 2ª Guerra Mundial “Ocupação de Lisboa e da costa portuguesa”. (http://www.publico.pt/temas/jornal/decidi-preparar-a-invasao-de-portugal-18069506).
Por morte de D. Sebastião, os candidatos ao Trono
de Portugal eram:
- D. António de Portugal,filho legitimado de D. Luís, neto de D. Manuel e que por a sua mãe ser de baixa linhagem foi afastado pela nobreza da linha da sucessão;
- O Cardeal D. Henrique, filho de D. Manuel I;
- Catarina, Duquesa de Bragança (filha mais nova de D. Duarte, neta de D. Manuel I);
- Rainúncio I Farnésio, Duque de Parma (neto de D. Duarte, filho mais novo de D. Manuel I);
- Filipe II de Espanha (filho de D. Isabel, filha de D. Manuel I), o qual a troco de ouro subornou quem o poderia nomear;
- Emanuel Felisberto de Sabóia (filho de D. Beatriz, filha de D. Manuel I);
- João, Duque de Bragança (marido de D. Catarina, bisneto de D. Isabel, irmã de D. Manuel I).
Em Santarém o povo aclamou D. António como Rei de Portugal. Este, surpreendido, precavia-se contra a revolta da nobreza e do clero pedindo para limitarem a aclamação a apenas Regedor e defensor do Reino. A situação era melindrosa, já que se antecipava à decisão dos governadores nomeados pelo cardeal D. Henrique que tinham por missão designar o herdeiro legítimo da coroa.
A 24 de Julho seria coroado e governaria o continente durante cerca de vinte dias, até ser derrotado pelos exércitos do Duque de Alba que a mando de Filipe II de Espanha invadiu Portugal. Passaria a governar o país a partir da Ilha Terceira nos Açores até perder a batalha naval de Vila Franca ao largo da Ilha de S. Miguel em Julho de 1582. A resistência popular à ocupação castelhana, corporizada por D. António durou, assim, mais de dois anos.
- D. António de Portugal,filho legitimado de D. Luís, neto de D. Manuel e que por a sua mãe ser de baixa linhagem foi afastado pela nobreza da linha da sucessão;
- O Cardeal D. Henrique, filho de D. Manuel I;
- Catarina, Duquesa de Bragança (filha mais nova de D. Duarte, neta de D. Manuel I);
- Rainúncio I Farnésio, Duque de Parma (neto de D. Duarte, filho mais novo de D. Manuel I);
- Filipe II de Espanha (filho de D. Isabel, filha de D. Manuel I), o qual a troco de ouro subornou quem o poderia nomear;
- Emanuel Felisberto de Sabóia (filho de D. Beatriz, filha de D. Manuel I);
- João, Duque de Bragança (marido de D. Catarina, bisneto de D. Isabel, irmã de D. Manuel I).
Em Santarém o povo aclamou D. António como Rei de Portugal. Este, surpreendido, precavia-se contra a revolta da nobreza e do clero pedindo para limitarem a aclamação a apenas Regedor e defensor do Reino. A situação era melindrosa, já que se antecipava à decisão dos governadores nomeados pelo cardeal D. Henrique que tinham por missão designar o herdeiro legítimo da coroa.
A 24 de Julho seria coroado e governaria o continente durante cerca de vinte dias, até ser derrotado pelos exércitos do Duque de Alba que a mando de Filipe II de Espanha invadiu Portugal. Passaria a governar o país a partir da Ilha Terceira nos Açores até perder a batalha naval de Vila Franca ao largo da Ilha de S. Miguel em Julho de 1582. A resistência popular à ocupação castelhana, corporizada por D. António durou, assim, mais de dois anos.
(“Que o cardeal-rei D.
Henrique fique no Inferno muitos anos por ter deixado em testamento Portugal
aos castelhanos” – Quadra popular).
Pois, coisas de um longínquo passado se nos esquecermos da muito recente tese do caudilho Franco no início da 2ª Guerra Mundial “Ocupação de Lisboa e da costa portuguesa”. (http://www.publico.pt/temas/jornal/decidi-preparar-a-invasao-de-portugal-18069506).
Também Franco, quando cadete da Academia Militar
de Saragoça, elaborou uma tese: “Conquistar Portugal em 28 dias”.
Mas para o historiador Fernando Rosas, tal como o
"perigo espanhol" é "uma ideia sempre presente no nosso
imaginário", a anexação de Portugal é uma constante na cultura da elite
espanhola, desejosa de "corrigir os lapsos que, nos séculos XIV e XVII,
tinham permitido a independência de Portugal".
"Hermanos”? Vou ali e já volto.
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