No seu livro “O ano de
2000” o escritor Herbert Khan previu que não mais haveria “guerras mundiais” (no
sentido de um confronto directo entre duas ou mais potências militares do
planeta, como foram no século XX as 1ª e 2ª Grandes Guerra), mas sim conflitos
regionais e, em particular, guerras urbanas (de que o actual terrorismo é
exemplo, quer na Europa quer no Médio Oriente).
A sua previsão
revelou-se correcta, embora exista hoje o preocupante problema da disseminação
das armas nucleares (a questão da Coreia do Norte é exemplo) e, num meio termo,
o conflito que actualmente afecta o Médio Oriente, com a Rússia e o Irão xiita
de um lado e a sunita Arábia Saudita, o “Ocidente” europeu e os EUA do outro. O
armamento nuclear está lá como dissuasor com Israel como potência regional.
Na altura da publicação
do referido livro (pelos anos 60 do século passado) resolvi não o ler e
aguardar pelo ano 2000. Assim foi e, em resumo, nos diversos domínios estimei
que a equipa de Khan acertou em cerca de 10% das suas previsões. Falhou na
evolução tecnológica, nomeadamente no que respeita à medicina e à informática e
acertou na guerra, embora sumariamente. Foi pena que não tivesse desenvolvido
suficientemente o tema.
Na minha opinião, um
“novo” míssil ou a “invisibilidade” de aviões ou mesmo de tanques como
recentemente anunciado, são inovações militares menores. São ambas comparáveis à
invenção da metralhadora, que matava mais e muito mais rapidamente do que
qualquer arma de fogo do seu tempo.
Hoje, embora se mantenha
a “moderna” arma química (sucessora do gás de mostarda do tempo da guerra das
trincheiras) a “guerra” é a “net” na sua acepção mais lata, os sistemas de
informação, a “miniatura” difícil de localizar mas fácil de introduzir, a
substituição do homem pela máquina.
Já acontece…
A alegada interferência
nas eleições americanas, as “inexplicáveis” perturbações em redes eléctricas,
de comunicação e de abastecimento de água, o “crash” de sistemas informáticos,
a notavelmente precisa e comandada à distância destruição de objectivos através
de “drones” (que já não são apenas evoluídos brinquedos), a substituição dos
tradicionais e volumosos ramos militares por pequenas mas altamente
especializadas “forças especiais” e, provavelmente num futuro mais longínquo, a
utilização de soldados-máquina.
No mar é que nada foi
divulgado de inovador o que não deixa de ser estranho considerando a
superioridade histórica das potências marítimas e a importância que o mar tem
em termos estratégicos, quer de um ponto de vista puramente militar (a anexação
da Crimeia, por exemplo), quer no domínio económico onde o transporte de
matérias primas tem um papel dominante (é o caso da guerra na Síria).
Não, a guerra de amanhã
não será um conflito nuclear global. Não será necessário. Terá na sua base a tecnologia
e como principais ferramentas a informática, a miniaturização e a robótica.
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