quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Trapalhadas e Trumpalhadas

                               
“Portugal está claramente a deixar a crise económica para trás (...) está a recuperar, está a reformar, a Comissão Europeia estará ao seu lado neste caminho “ (Pierre Moscovici, Comissário Europeu dos Assuntos Económicos).

“Portugal está a mudar, eu sempre disse que era uma mudança lenta, demorava tempo e não era igual para todos, mas que está a mudar, está a mudar” (Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República).

Um já manifestou muito recentemente dúvidas em contrário quando da questão dos fundos estruturais e da aplicação de sanções resultantes da situação económica portuguesa.
O outro, o “sempre disse”, o “eu não dizia?”, o “fala sobre tudo e sobre nada” incapaz de se manter calado, colocou galões de especialista em economia ao lado dos de reputado jurista (que é) quando se pronunciou sobre a legalidade/constitucionalidade das condições que rodeiam a nomeação dos administradores da CGD.
Mas o importante seria ter indicadores auditados, consistentes e seguros de uma recuperação económica num cenário financeiro de enorme dívida (224.000 milhões de euros em Setembro deste ano, cerca de 130% do PIB, a 3ª pior percentagem da Europa e a 5ª pior do Mundo):
http://pt.tradingeconomics.com/country-list/government-debt-to-gdp
e com juros que são os piores da Europa (3,25% versus 1,13% em Espanha e 1,29% em Itália, por exemplo).
Depois, as cabeças luminosas deste país (economistas, políticos, entre outros) dizem que sim, dizem que não, e a estratégia fica-se em negociações partidárias que continuem a garantir a viabilidade governamental. 
Veja-se, como exemplo as questões que mais aqueceram o debate parlamentar (para lamentar seria o termo mais correcto): abordados princípios consistentes de uma estratégia económico- financeira? Não, nada de relevante ou de proactivo. Claro que não foram esquecidas as cruciais questões do aumento das pensões mínimas (que dá vontade de chorar) e do salário mínimo.
A tudo isto as manadas assistem envergonhadas e caladas ou triunfantes e exultantes, conforme as conveniências, mas “mainada”.
O teatro que envolve a CGD é outra trapalhada com segredos, mentiras e desavergonhadices.
E não vou referir-me aos “futeboleses” que monopolizam até à nausea a programação televisiva noticiosa, todos os dias, às mesmas horas.
Mas não é só por cá que o estupor e os estupores imperam.


No democrático EUA aconteceu o considerado improvável pelas sondagens: a odiada Hilary, embora tenha recolhido mais 2 milhões de votos, perdeu em número de representantes democratas (232) e o seu opositor republicano com a nomeação de mais 74 representantes republicanos (306) será o próximo Presidente dos EUA. O seu ideário expresso na campanha eleitoral é verdadeiramente preocupante, tanto no que respeita à política interna como externa.
Já nomeou o senador Jeff Sessions, responsável pela deportação de imigrantes ilegais e por legislação antimuçulmana, para procurador-geral; nomeou outro declarado opositor do Islão como novo conselheiro de segurança nacional (Michael Flynn, um general de três estrelas); nomeou como novo director da CIA um membro do Tea Party, de seu nome Michael Pompeo; como seu conselheiro aparece um Stephen Bannon, responsável pelo “site” Breibart News defensor da supremacia branca. Tem, como seria de esperar, o apoio da KKK.
Isto é o que sabe de certo porque boatos houve muitos, desde uma nomeação da imbecil Sarah Palin até a uma nepótica invasão (filhos e genro) dos vários gabinetes governamentais. Avizinham-se trumpalhadas.
Aqui trapalhadas, lá trumpalhadas. Mas que trampalhada.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os bandalhos na política

(Bandalheira: pouca vergonha; desrespeito de regras, leis, princípios; desregramento moral).

No passado recente e ainda quase hoje, a falta de ética e de vergonha têm marcado a vida política portuguesa na qual cada vez mais se acentua a ausência de decência e o não faças o que digo e faz o que fiz.
Verdade verdadinha, não é de hoje, e até admito, para meu desconforto, que é fenómeno colado à prática do “regime democrático” (designação utilizada a torto e a direito nas altas esferas partidárias e governativas).
Tudo começa nos “jotinhas” que, não querendo perder tempo na seriedade dos estudos para obtenção de emprego honroso, frequentam as “universidades de verão” partidárias e são jovialmente lacaios das cliques do poder para um ganho fácil, rápido e vergonhoso.
Um licenciamento para quê? Dá tanto trabalho. É obrigatório em concurso público? Então por que não inventar, aldrabar, confiando na displicência de avaliadores de 3ª linha que talvez sejam como eles? Ninguém se importa, ninguém vai saber.
Vamos a isso: ele é licenciado pela Escola Superior das Relvas de Cima (verdade, verdade), engenheiro de línguas técnicas (verdade, verdade), mestre por correspondência em recursos hídricos pela Universidade do Colorado (verdade, verdade), é aquilo que lhe convier ser e que se lixem e os verdadeiros licenciados, engenheiros e mestres.
E, depois, na casa das bestas do lado que ele insulta em debates políticos e abraça em privado, fazem exactissimamente o mesmo e, por isso, não haverá sérias investigações para os efeitos previstos na Lei mas apenas muito barulho. Além disso, as funções para que ele foi nomeado e que jurou desempenhar com lealdade ficarão na sua folha de serviços, o que no futuro poderá ser muito útil quando o tempo apagar quase tudo.
Ele sempre lutou pelo interesse público. É talvez um imbecil ou um pinoquiano narcisista ou um beberolas perdido no Sahara ou um “galpiano sem - querer” mergulhado na ignorância dos conflitos de interesses ou um carinhoso defensor de refugiados ou olheiro do futebol germânico. E “óspois”? Pensa ter carisma e ser um líder. Ele até foi primeiro ministro, líder partidário, ministro, secretário de estado, chefe de gabinete!
Mas, para mim, o que mais me preocupa é a falta de caracter resultado de uma total ausência de educação. É a falta de ética que eles não sabem o que é. Os outros, os sérios, para além de imbecis, são uma cambada de invejosos. Umas bestas.