sexta-feira, 11 de março de 2016

A Ética e a loirinha




A ética na actividade humana, desde a “verdade desportiva” à  “promessa política” é frequentemente associada à corrupção.
Para que haja entendimento, o que se entende por ética em qualquer actividade humana?
É difícil nos tempos de hoje definir sem controvérsia o que caracteriza e é próprio da ética mas poder-se-á dizer que “Ética” é um conjunto de princípios morais que governam o correcto comportamento de um indivíduo ou de uma organização ou, mais concretamente, “é um conjunto de valores que definem o quero, o posso e o devo. Porque nem tudo o que eu quero eu posso, nem tudo o que eu posso eu devo e nem tudo o que eu devo eu quero”.  
A ética reconhece-se quando é vista e ou se a tem ou não se a tem e a reputação ou o bom-nome dependem dela.
Vem isto a propósito de uma recente contratação de um político no activo e ex-governante que é, na minha opinião, a negação da ética política, tal como a falta de “fair play” é a negação da ética desportiva . 
Alguns comentadores políticos equipararam o comportamento do político em causa não como uma infracção à ética mas como uma mera falta de bom-senso. É caso para dizer que alguns argumentos políticos são mais retorcidos do que a casca de um caracol.
Mas, para além do bom-senso, o comportamento ético é por vezes  aferido em função da observância da Lei: tal comportamento é conforme à Lei? Então nada há a apontar no domínio da ética. Não é assim e a utilização daquela dualidade é em si mesmo a tradução de uma cumplicidade com quem tem um comportamento éticamente reprovável.

Certamente que transparência nas decisões e honestidade nos comportamentos constam numa definição de ética e nada melhor para um entendimento parcial da questão do que elencar um pequeno e resumido conjunto do que é ou do que deveria ser.
“Ser” ético é:
- Ser honesto, imparcial e servir fielmente o bem-público;
- Ser exemplo de competência e de prestígio;
- Ter um comportamento honrado, íntegro e digno;
- Abster-se de  qualquer declaração, crítica ou argumento inspirados por interesses de terceiros;
- Evitar qualquer tipo de conflito de interesses recusando participar em circunstâncias que possam influenciar um seu juízo ou a idoneidade de um seu comportamento;
- Recusar qualquer compensação por mais do que uma das partes envolvidas numa mesma questão, nomeadamente quando nessas questões se têm ou se tiveram funções de responsabilidade;
- Não utilizar informação confidencial obtida na sua actividade profissional com o objectivo de obter lucro ou promoção pessoal , nomeadamente em detrimento do interesse público.
Os políticos deveriam ser exemplos de comportamento ético em todas as áreas da sua actividade. Mas, em geral, não o são (como é comprovado pelos processos jurídicos a que estão ou estiveram sujeitos políticos, desde autarcas a ministros) e, tal como em certas associações profissionais, os que desejam exercer cargos públicos deveriam ser submetidos a um exame de ética para efeitos de desempenho de funções. Não me admiraria que, mau grado o voto do cidadão eleitor, houvesse um considerável número de reprovações.
Ref. “A Ética hoje”, blog de 9/11/2015, "A loirinha do Schauble", blog de 26/02/2015.


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