A ética na actividade
humana, desde a “verdade desportiva” à
“promessa política” é frequentemente associada à corrupção.
Para que haja
entendimento, o que se entende por ética
em qualquer actividade humana?
É difícil nos tempos de
hoje definir sem controvérsia o que caracteriza e é próprio da ética mas
poder-se-á dizer que “Ética” é um conjunto de princípios morais que governam o
correcto comportamento de um indivíduo ou de uma organização ou, mais
concretamente, “é um conjunto de valores que definem o quero, o posso e o devo.
Porque nem tudo o que eu quero eu posso, nem tudo o que eu posso eu devo e nem
tudo o que eu devo eu quero”.
A ética reconhece-se
quando é vista e ou se a tem ou não se a tem e a reputação ou o bom-nome dependem
dela.
Vem isto a propósito de
uma recente contratação de um político no activo e ex-governante que é, na
minha opinião, a negação da ética política, tal como a falta de “fair play” é a
negação da ética desportiva .
Alguns comentadores
políticos equipararam o comportamento do político em causa não como uma
infracção à ética mas como uma mera falta de bom-senso. É caso para dizer que
alguns argumentos políticos são mais retorcidos do que a casca de um caracol.
Mas, para além do
bom-senso, o comportamento ético é por vezes aferido em função da observância da Lei: tal
comportamento é conforme à Lei? Então nada há a apontar no domínio da ética. Não
é assim e a utilização daquela dualidade é em si mesmo a tradução de uma
cumplicidade com quem tem um comportamento éticamente reprovável.
Certamente que
transparência nas decisões e honestidade nos comportamentos constam numa
definição de ética e nada melhor para um entendimento parcial da questão do que
elencar um pequeno e resumido conjunto do que é ou do que deveria ser.
“Ser” ético é:
- Ser honesto, imparcial
e servir fielmente o bem-público;
- Ser exemplo de
competência e de prestígio;
- Ter um comportamento
honrado, íntegro e digno;
- Abster-se de qualquer declaração, crítica ou argumento
inspirados por interesses de terceiros;
- Evitar qualquer tipo
de conflito de interesses recusando participar em circunstâncias que possam
influenciar um seu juízo ou a idoneidade de um seu comportamento;
- Recusar qualquer
compensação por mais do que uma das partes envolvidas numa mesma questão,
nomeadamente quando nessas questões se têm ou se tiveram funções de
responsabilidade;
- Não utilizar
informação confidencial obtida na sua actividade profissional com o objectivo
de obter lucro ou promoção pessoal , nomeadamente em detrimento do interesse
público.
Os políticos deveriam
ser exemplos de comportamento ético em todas as áreas da sua actividade. Mas,
em geral, não o são (como é comprovado pelos processos jurídicos a que estão ou
estiveram sujeitos políticos, desde autarcas a ministros) e, tal como em certas
associações profissionais, os que desejam exercer cargos públicos deveriam ser
submetidos a um exame de ética para efeitos de desempenho de funções. Não me
admiraria que, mau grado o voto do cidadão eleitor, houvesse um considerável
número de reprovações.
Ref. “A Ética hoje”, blog
de 9/11/2015, "A loirinha do Schauble", blog de 26/02/2015.