quarta-feira, 18 de novembro de 2015

A Besta e a Guerra hoje



“Em três séculos de progresso, os povos do Ocidente realizaram quatro “feitos”: ser egoísta, matar outros, ter pouca integridade e ter pouca-vergonha”.
Em 1970 comprei a tradução brasileira de um livro que é, segundo o prefácio do autor, “Uma estrutura para a Especulação”. O livro tem como título “O Ano 2000”, os seus autores são Herman Kahn e Antthony J. Wiener e foi editado em Julho de 1967. Das suas 508 páginas detive-me, sobretudo, nos capítulos respeitantes à ciência e tecnologia e às possibilidades e natureza das guerras.
Reli partes do livro em 1990 quando da reunificação da Alemanha, em 2003 por causa da situação no Médio-Oriente em geral e no Iraque em particular e, mais recentemente, pelo deflagrar do terrorismo na Europa Ocidental.
Fiz uma avaliação das previsões feitas por Kahn e Wiener há quase 50 anos. Considero notável o resultado: 30% das “especulações” revelaram-se correctas. 
Passo a apontar, pela sua actualidade, algumas previsões.
- “Será que a organização mundial acarretará o fim das guerras ou, pelo contrário, produzirá uma série variada de guerras civis mais mortíferas, em extensão e âmbito, em consequência da maior eficácia das armas, do automático envolvimento do mundo todo e da confusão que resultará da falta de organização territorial?
- “Parece bem provável um regresso à guerra limitada e um recuo em relação à guerra total” (…) “O Mundo será perturbado e violento mas não ocorrerá nenhuma guerra central” (que se traduz por uma vasta guerra entre grandes potências envolvendo os respectivos territórios) (…) A ausência de uma guerra internacional não significará uma ausência de conflitos ou de violência. (…) Ocorrerão oportunidades para assassínios, sabotagem, terror e subversão, mas tudo será tolerável por comparação com uma guerra nuclear.”
- ” O terceiro mundo será em grande parte política e militarmente impotente ao passo que as instituições internacionais serão utilizadas para preservar o status quo conveniente às potências industriais”.
- “O terceiro mundo poderá ser de novo desmantelado por pressões externas (...)”.
- “Poderá haver um colapso de algumas nações com nova intervenção “neocolonialista” para restaurar a ordem, efectuadas pelas maiores potências ou por agentes secundários”.
E eu pus-me sobre a areia do mar, e vi subir do mar uma besta (...).
 Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela? (...) e deu-se-lhe  poder sobre toda a tribo, e língua, e nação.
(...) Se alguém tem ouvidos, ouça.
(...) Se alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto.(...).Apocalipse 13:1-18.

Comentários para quê?
Factos muitos: o tráfego de humanos por bestas, a compra de petróleo à Besta por bestas (40 milhões de dólares por mês. A organização produzirá tanto crude como o Qatar, o Equador e a Líbia juntos e quase tanto como Angola ou a Nigéria, que é o maior produtor de África. ), e não só (**), o fornecimento de armas à Besta por bestas, as conveniências de grandes potências, a proliferação de guerras civis mortíferas, a incompetência de governos e de organizações internacionais, o matar muito, a falta de vergonha.
Tudo previsto há 50 anos como “especulações” prováveis.
Estamos em guerra com a Besta e com as bestas / “agentes secundários”. “Quem tem ouvidos que oiça”.
“Necessário é que…”.

(**) http://visao.sapo.pt/actualidade/economia/2015-11-18-A-economia-da-jihad
 

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

A Ética hoje.





Hoje em dia, nos órgãos de comunicação social, a palavra "ética" é raras vezes utilizada na caracterização de comportamentos objecto de crítica social ou de acções judiciais, como sejam, por exemplo, na justiça, na política, no desporto, nas finanças, na medecina.Porquê? Será por medo do peso da palavra e das consequências de uma sua utilização?
Pode dizer-se que a ética (do grego "ethos" que significa "caracter") é o conjunto de valores que induz um procedimento em conformidade com as normas sociais e com os princípios morais definidos pela sociedade onde se vive.
A ética reconhece-se quando é vista e, quando tudo parece igual, é ela que faz a diferença. Na avaliação de um comportamento, a importância do preto e do branco é menor e os cinzentos revelam-se dominantes quando realçados pela ética.
No fundo, ou se tem ou não se tem ética porque não há como no passado um seu ensino informal. A ética deixou de fazer parte da educação na família, na escola, na profissão, embora a sua falta tenha consequências não só no domínio da justiça mas, também, na reputação dado que a ausência de ética é reconhecida, registada, lembrada e inapagável no futuro. 
 A ética é ignorada para proveito pessoal, seja ele financeiro, de prestígio social ou de promoção profissional.
Exemplos recentes? As falcatruas no sistema financeiro português; o rosário de mentiras, corrupção, compadrio e nepotismo nas acções e comportamentos políticos; as falsificações industriais como é o caso da fraude das emissões poluentes dos automóveis; os escândalos nas mais altas instâncias do desporto; a displicência mortal e criminosa de alguns agentes da medecina. Curiosamente, a prática dos princípios da “ética” manteve-se praticamente inalterada até meados do século XX. 
A pópria guerra tinha até ao século XIX regras de ética que nos dias de hoje seriam consideradas imbecis e justificativas da derrota. Era o “cavalheirismo” elevado à sua máxima potência: ou a vida ou a morte mas com honra (outra noção desconhecida ou muito difusa nos tempos de agora).
Nos tempos que correm, os códigos de ética (que existem estatutariamente nas ordens profissionaia) são ignorados e quanto menos ética houver melhor. As tarefas tornam-se mais fáceis, mais rápidas, mais convenientes para as partes envolvidas e maiores serão os resultantes lucros. A procura do lucro é soberana, não olha a meios mas tem medo da palavra "ética" e, por isso, manda que a ignorem. 
Interroguem por aí o que é a ética. Não me admiraria que uma resposta fosse sorridentemente:
“é quê?”.