terça-feira, 27 de outubro de 2015

Os fanáticos



Ultimamente há uma invasão de “mails” pró e contras “Passos/Paulo” versus A. Costa, desde montagens fotográficas a convenientes lembranças do passado.
Interessante é uma comparação entre os fanáticos comentadores do futebol e a maioria dos políticos.
As suas falas são igualmente uma mistura de cegueira, de facciosismo, de mentira, de hipocrisia  e de manipulação dos factos.
Ainda ontem assisti incrédulo aos insultos, aos gritos de fanáticos sportinguistas e benfiquistas nos programas desportivos dos canais televisivos de informação. Nem queria acreditar no comportamento daquelas  personalidades cegas pela “clubite”! Porque o árbitro assim e assado. "Cale-se, não me interrompa”. “Mentira, mentira”. “Agora sou eu que falo”. Etecetera. Uma falta de vergonha.
O pior é que o cidadão não tem  alternativa para onde se virar. As gritarias e os insultos continuam de canal informativo para canal informativo, dedicados no mesmo horário àquele ópio; duas ou mais vezes por semana.
Na política não é bem o mesmo porque a introdução é sempre laudatória: “tenho a maior cordialidade e  o maior respeito intelectual por si, mas...”  e seguem-se insinuações e  acusações mais ou menos educadas. Uma falta de pudor.
E nós, os que pagamos aquilo tudo, não podemos alterar nada excepto com eventuais manifestações (com a inevitavel associação parola à perigosa  esquerda) ou desligando a televisão  e perder, assim, o que a actualidade tem de interessante.
Parem com isso, parem com mentiras e insultos.Parem.
O mais grave é que o problema  não é o de saber se o pontapé nas partes baixas do jogador fulano teria que merecer um cartão amarelo ou não (para mim e naquela região seria vermelho), o problema não está no futebol  e nas suas patéticas misérias, o problema está sobretudo e imperdoavelmente na política e na governação,  nas mentiras e enganos dos partidos do “arco da governação” antes e depois das eleições.
Isto sim é grave e mereceria uma drástica legislação que conduzisse ao saneamento da vida política nacional a qual, há muitos anos, é uma autêntica pornográfica mistura de interesses pessoais e “institucionais”, nomeadamente com a finança e a maçonaria.
Não? Relembrem Costa e as suas declarações sobre o BE no programa “Quadratura do Círculo”. Não? Relembrem as promessas eleitorais de Passos Coelho nas eleições de 2011, quanto a salários e pensões. Não? Relembrem as promessas de anteontem  da coligação PáF (termo que lembra sonoramente “estalada”) quanto à redução da sobretaxa do IRS que, num só mês, se reduziu de 35.3% (antes eleições) para 9,7% (pós eleições).  “Que é porque isto e por aquilo,...que  a culpa é de...e não de...”.
Pois, fala que "minstróis"
 

domingo, 25 de outubro de 2015

Fado e fadas



A palavra “ fado” vem do latim “fatum”, ou seja destino.
Esta sua raíz etimológica é a mesma de “fada”, ser mitológico. Têm o mesmo número de letras, as mesmas consoante e as mesmas duas vogais.
Em Portugal, fadas houve poucas, mau grado a nossa raíz celta, mas podem destacar-se, pelas suas acções, a raínha Isabel de Aragão (que sarcastica e santamente alumiava o caminho - dai a designação de Lumiar - das escapadelas do marido D. Dinis às freiras de Odivelas) que evitou uma guerra civil, Filipa de Lencastre mãe da “ínclita” geração,  D. Catarina de Austria regente e avó protectora do louco D. Sebastião mas que não conseguiu evitar o morticínio africano por oposição de subservientes e irresponsáveis cortezãos e D. Luísa de Gusmão mulher do timorato D. João IV sem cujo incentivo não teria havido a independência dos castelhanos filipes.
Quanto a fados, a história portuguesa é ela mesmo um fado que começou com D. Henrique de Borgonha no século XI.
O fado conduziu ao actual território de Portugal.
Inicialmente, era um condado entre o rio Douro e o rio Minho. Posteriormente, alargou-se até ao rio Mondego (Coimbra foi a capital de Portugal até 1255, ano em que D. Afonso III mudou a capital para Lisboa) e a norte prolongou-se efemeramente para além do rio Minho pela actual Galiza (ela sim nossa irmã, pelo povo e pela língua) até ao desastre de Badajóz.                             
Para sul,  D. Afonso III  conseguiu incluir, com o tratado de Badajóz (1267), o reino do Algarve no reino de Portugal.
O nosso território dá forma a uma nação com as mais antigas fronteiras na Europa pelo tratado de Alcanizes (1297) entre el-rei D. Dinis e D.Fernando IV de Castela.
Houve, também maus fados:                                                                     O desastre de Badajóz, a guerra civil entre D. Sancho II e o seu irmão D. Afonso III, o fatal embeiçamento de Fernando “o Formoso” pela belíssima Leonor de Teles, a bancarrota do beato D.João III, a catástrofe de Alcácer Quibir, a perda da independência com o desgraçado domínio dos filipes castelhanos, as invasões napoleónicas, a guerra civil entre os irmãos Pedro e Miguel, as trapalhadas do final da monarquia, as barbaridades da revolução republicana, o PREC, os actuais agentes políticos e as suas redes de interesses.
Vem tudo isto a propósito da actualidade política portuguesa que só o toque de uma varinha mágica teria o poder de alterar um desolador fado.
O Sr. Silva, garante do regular funcionamento das instituições democráticas, nas justificações que apresentou no passado dia 21 de Outubro sobre a nomeação do primeiro-ministro (decisão em si sem qualquer contestação e correcta mas que prescindia de quaisquer comentários) deitou petróleo na fogueira ostracizando cerca de um milhão de eleitores que votaram em partidos da esquerda e que estão para além do denominado “arco da governação”.
Caracterizou facciosamente e no limite da correcção política partidos da esquerda, excedeu os seus poderes constitucionais ao comentar programas partidários, apelou irresponsavelmente à violação da disciplina de voto no parlamento, acentuou as existentes fracturas partidárias e acordou preocupações de um exterior “adormecido” sobre o futuro de uma governabilidade à esquerda a qual, aliás, nem sequer é novidade na Europa de hoje e de ontem. 
Saíu-lhe o tiro pela culatra com o “toque a reunir” de toda a oposição, de que foi prova, logo no dia seguinte, a derrota dos partidos da direita com a eleição do Presidente da Assembleia da República,  segunda figura do Estado, na pessoa de um dirigente do PS que obteve por voto secreto o apoio de 120 dos 122 deputados da esquerda (dois votos em branco).
Com este fado e sem fadas, ó Bordalo, ó Bordalo, que falta fazem os teus desenhos para abrir os olhinhos à malta. 
 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

O camarada Arnaldo



Arnaldo Matos o “Grande educador da classe operária” (personagem política  exemplo de corajem,  seriedade e coerência política), preso pelo COPCON em Caxias após o 25 de Abril,  reapareceu agora.
Tenho dele viva memória dos tempos do PREC.
E o que vem agora decidir e declarar o camarada Arnaldo?
Decidiu (ele não, claro, os órgãos do partido) suspender Garcia Pereira e outros pelos maus resultados eleitorais do MRPP.
Que diz ele (assinado no editorial do passado dia 11 de Outubro do “Luta Popular”?
Que: 
“(...) o mentecapto presidente da república, que nos calhou ter em sorte nesta altura, bloqueia a norma do nº 1 do artº 187º da Constituição da República e está a sabotar a formação do governo que haverá de sair da assembleia eleita (...) Assim, já se passaram oito dias, e o palonso que temos em Belém nem sequer começou ainda a ouvir os partidos representados na Assembleia da República, nem nomeou ainda o primeiro-ministro, tendo em conta, como o reclama a norma constitucional, os resultados eleitorais.
(...) Cavaco vai para a rua, com a condecoração popular de indecente e má figura (...) e, se calhar, julga poder passar estes cinco meses que lhe faltam para ir pentear macacos a inventar pretextos para impor ao país um governo de maioria absoluta, juntando na mesma cama Passos, Portas e Costa, o que, diga-se de passagem e sem réstia de homofobia, é pouca mulher para tanto homem.
(...) Política de esquerda esta? Isto não é política de esquerda. Isto é tudo um putedo!” 
http://lutapopularonline.org/index.php/editorial/1767-a-classe-operaria-e-o-momento-politico-actual
Uma delícia.
Não saboreiam apenas: isto é tudo, de facto, um p..., termo que, embora não figure no dicionário da Academia das Ciências, tem entendimento bastante claro e que se ajusta perfeitamente e há anos à situação política portuguesa e aos seus principais protagonistas.



Túmulos dos reis de Portugal




Em Portugal existem como panteões os mosteiros de St.ª Cruz em Coimbra, o mosteiro de Alcobaça, o mosteiro da Batalha, o mosteiro dos Jerónimos e o mosteiro de S. Vicente de Fora. De um modo geral, a eles estão associadas dinastias reais.
A dinastia Afonsina é a dinastia cujos reis têm as suas sepulturas mais dispersas: no mosteiro de St.ª Cruz em Coimbra estão D. Afonso Henriques e D. Sancho I;
Túmulo de D.Sancho I na igreja de Stª Cruz em Coimbra.

O mosteiro de Alcobaça alberga D. Afonso II, D. Afonso III e D. Pedro I;
O rei D. Sancho II estará eventualmente sepultado na catedral de Toledo, tendo resultado infrutíferas as tentativas efectuadas para uma sua comprovação;
O rei D. Dinis tem a sua sepultura no convento de Odivelas;
Os restos mortais do rei D. Afonso IV estão na Sé de Lisboa;
O corpo do rei D. Fernando I encontra-se na igreja de S. Francisco em Santarém.


A Dinastia de Avis (rei D. João I ao cardeal-rei D. Henrique) tem as suas sepulturas divididas pelos mosteiros da Batalha:
D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João II;
e dos Jerónimos:
D. Manuel I, D. João III, D. Sebastião, D. Henrique. 
A dinastia de Bragança (D. João IV a D. Manuel II) tem as sepulturas dos seus reis no designado Panteão Nacional na igreja de S. Vicente de Fora, com excepção de D. Pedro IV cujo corpo se encontra na catedral de Petrópolis no Brasil e de D. Maria I com sepultura na basílica da Estrela em Lisboa.
27 reis (1140 - 1910) 770 anos, qual o povo que não ficaria orgulhoso? Haverá, talvez, muito poucos.), apenas 3 dinastias e 11 locais (incluindo três "desconhecidos": Odivelas, Sé de Lisboa e Santarém).

domingo, 18 de outubro de 2015

Ventos e tempestades



No próximo dia 21 de Outubro o Sr. Presidente da República, para efeitos do disposto no art.º187 da Constituição da República, vai iniciar a audição dos partidos com representação parlamentar.
Amanhã, 2ª feira, vai ter uma reunião com Pedro Passos Coelho.
Tendo em atenção as características políticas e pessoais de Sua Excelência e as declarações por ela proferidas no decurso do processo eleitoral no que respeita à indigitação de um novo governo, a curiosidade é nenhuma.
De facto, o seu manto protector dos interesses do PSD esteve sempre presente, a sua inesquecível confissão de ter muito reflectido sobre todos (todos) os cenários - ao ponto de não ter comparecido às comemorações da instauração da República no passado dia 5 de Outubro -  e as suas comunicações ao país (“soluções governativas construídas à margem do Parlamento, dos resultados eleitorais e dos partidos políticos” não serão admissíveis; “os portugueses têm o direito e o dever de exigir um Governo estável em duradouro“, “é extremamente desejável que o próximo Governo tenha um apoio maioritário e consistente na Assembleia da República”; “que fique claro: nos termos da Constituição, o Presidente da República não pode substituir-se aos partidos no processo de formação do governo e eu não o farei”) suscitam poucas interrogações sobre o desfecho daquelas reuniões. “Tínhamos imaginado todas as possibilidades (…) estamos a seguir os passos que mais ou menos tinham ficado delineados” (atente-se no “nós” majestático). Isto no que respeita ao Aníbal.
Quanto ao António, lançou-se numa impossibilidade orçamental: o aumento da despesa, a redução da receita e a diminuição da dívida e do deficit. É a quadratura co círculo. O desfecho das suas negociações com a CDU e o BE não é tão claro como por aí se anuncia.
Finalmente, no que respeita à dupla Pedro/Paulinho, é inevitável estarem a sofrer as consequências da sabedoria popular: “quem semeia ventos colhe tempestades”. O mau semeador é o responsável pela qualidade da colheita e as tempestades são o resultado da natureza ou da irresponsabilidade ou da incompetência humanas.
Portugal vive hoje na incerteza política e na certeza (que só cegos mentais não admitem) de se manifestarem no curto prazo as consequências de uma não curada doença financeira. Prenúncio? As recentes preocupações da CE sobre o Orçamento de Estado para 2016.
Porquê incerteza? Porque se semearam ventos.
Ventos de arrogância e de ameaça. Arrogância numa governação de quatro anos que foi cega, surda e muda a qualquer tipo de entendimentos e que, por facciosismo ideológico ou por incompetência política, acordou muito tarde para essa necessidade. Resultado? O actual impasse com o maior partido da oposição.
Ventos de ameaça do “nós ou o caos”, de “nós ou o regresso da Troika”, de “nós os que resolveram uma grave crise com o povo e o seu pacífico sacrifício” (suprema e despudorada hipocrisia). O “flop” financeiro continua à sombra da dissimulação e da mentira com a conivência dos cérebros europeus: o deficit e a dívida pública continuam presentes e cada vez maiores. Existe uma crise do sistema bancário português, de que o escândalo do BES é apenas uma ponta a descoberto. A soberania financeira não se recuperou, contrariamente ao repetidamente afirmado do só agora europeísta vice-primeiro-ministro PP.
Ventos de subserviência e de perda de soberania, confirmados pela recente exigência da Comissão Europeia para a apresentação das linhas do orçamento de 2016, independentemente dos indiscutíveis constrangimentos políticos que Portugal hoje vive, ao recusar a proposta que lhe foi comunicada pelo o ministro das finanças a Sr.ª Dr.ª Maria Luís: as principais medidas do orçamento “têm que” ser-lhes comunicadas “já” e não após a constituição do novo governo.
Seja como for, o ainda governo que as apresente, no âmbito das suas actuais responsabilidades, não para satisfação da exigência da CE ou do pedido do PS mas, sobretudo, para informação do cidadão português.
Tanta hipocrisia, tanto jogo de cintura, tantos interesses, tanta mentira.
Uma tristeza.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Soltura




Libertada a fera política.
Hoje, agora, o Sr. Pinto de Sousa (porque de engenheiro nada tem, de acordo com a sua prática profissional e as acreditações da Ordem dos Engenheiros) foi libertado, embora impedido de contactar outros arguidos no processo de que é o principal arguido e noutros (Grupo Lena, Vale de Lobo e CGD) e de saír do país sem autorização.
Esteve mais de 9 (nove) meses preso na cadeia de Évora (desde 25 de Novembro de 2014) e em prisão domiciliária desde o mês de Setembro do corrente ano.
Porquê? Por suspeição de fraude fiscal qualificada, branqueamento de capitais e corrupção (atente-se  à natureza dos crimes), cujos indícios, recolhidos nos autos, o Ministério Público considera, também hoje, que “se mostram consolidados”.
A “fera” foi Primeiro-Ministro de Portugal acompanhando na vergonha outras figuras europeias,  suspeitas, por exemplo, de tráfego de influências e de corrupção.
O Sr. Pinto de Sousa, juntamente com o Sirisa, foi um veneno eleitoral para o PS, utilizado como arma pelo PáF nas eleições legislativas que tiveram ontem o seu fim com a os resultados de todos os círculos eleitorais.
O Sr. Pinto de Sousa pode ser uma “fera política” mas o seu curriculum é uma sequência de vergonhas profissionais.
Eventuais qualidades de liderança podem superar o comportamento ético? A História está cheia de interrogações desta natureza  e, em geral, a resposta é não.
Veremos se o cidadão não terá que pagar mais uma factura.