domingo, 25 de outubro de 2015

Fado e fadas



A palavra “ fado” vem do latim “fatum”, ou seja destino.
Esta sua raíz etimológica é a mesma de “fada”, ser mitológico. Têm o mesmo número de letras, as mesmas consoante e as mesmas duas vogais.
Em Portugal, fadas houve poucas, mau grado a nossa raíz celta, mas podem destacar-se, pelas suas acções, a raínha Isabel de Aragão (que sarcastica e santamente alumiava o caminho - dai a designação de Lumiar - das escapadelas do marido D. Dinis às freiras de Odivelas) que evitou uma guerra civil, Filipa de Lencastre mãe da “ínclita” geração,  D. Catarina de Austria regente e avó protectora do louco D. Sebastião mas que não conseguiu evitar o morticínio africano por oposição de subservientes e irresponsáveis cortezãos e D. Luísa de Gusmão mulher do timorato D. João IV sem cujo incentivo não teria havido a independência dos castelhanos filipes.
Quanto a fados, a história portuguesa é ela mesmo um fado que começou com D. Henrique de Borgonha no século XI.
O fado conduziu ao actual território de Portugal.
Inicialmente, era um condado entre o rio Douro e o rio Minho. Posteriormente, alargou-se até ao rio Mondego (Coimbra foi a capital de Portugal até 1255, ano em que D. Afonso III mudou a capital para Lisboa) e a norte prolongou-se efemeramente para além do rio Minho pela actual Galiza (ela sim nossa irmã, pelo povo e pela língua) até ao desastre de Badajóz.                             
Para sul,  D. Afonso III  conseguiu incluir, com o tratado de Badajóz (1267), o reino do Algarve no reino de Portugal.
O nosso território dá forma a uma nação com as mais antigas fronteiras na Europa pelo tratado de Alcanizes (1297) entre el-rei D. Dinis e D.Fernando IV de Castela.
Houve, também maus fados:                                                                     O desastre de Badajóz, a guerra civil entre D. Sancho II e o seu irmão D. Afonso III, o fatal embeiçamento de Fernando “o Formoso” pela belíssima Leonor de Teles, a bancarrota do beato D.João III, a catástrofe de Alcácer Quibir, a perda da independência com o desgraçado domínio dos filipes castelhanos, as invasões napoleónicas, a guerra civil entre os irmãos Pedro e Miguel, as trapalhadas do final da monarquia, as barbaridades da revolução republicana, o PREC, os actuais agentes políticos e as suas redes de interesses.
Vem tudo isto a propósito da actualidade política portuguesa que só o toque de uma varinha mágica teria o poder de alterar um desolador fado.
O Sr. Silva, garante do regular funcionamento das instituições democráticas, nas justificações que apresentou no passado dia 21 de Outubro sobre a nomeação do primeiro-ministro (decisão em si sem qualquer contestação e correcta mas que prescindia de quaisquer comentários) deitou petróleo na fogueira ostracizando cerca de um milhão de eleitores que votaram em partidos da esquerda e que estão para além do denominado “arco da governação”.
Caracterizou facciosamente e no limite da correcção política partidos da esquerda, excedeu os seus poderes constitucionais ao comentar programas partidários, apelou irresponsavelmente à violação da disciplina de voto no parlamento, acentuou as existentes fracturas partidárias e acordou preocupações de um exterior “adormecido” sobre o futuro de uma governabilidade à esquerda a qual, aliás, nem sequer é novidade na Europa de hoje e de ontem. 
Saíu-lhe o tiro pela culatra com o “toque a reunir” de toda a oposição, de que foi prova, logo no dia seguinte, a derrota dos partidos da direita com a eleição do Presidente da Assembleia da República,  segunda figura do Estado, na pessoa de um dirigente do PS que obteve por voto secreto o apoio de 120 dos 122 deputados da esquerda (dois votos em branco).
Com este fado e sem fadas, ó Bordalo, ó Bordalo, que falta fazem os teus desenhos para abrir os olhinhos à malta. 
 

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Túmulos dos reis de Portugal




Em Portugal existem como panteões os mosteiros de St.ª Cruz em Coimbra, o mosteiro de Alcobaça, o mosteiro da Batalha, o mosteiro dos Jerónimos e o mosteiro de S. Vicente de Fora. De um modo geral, a eles estão associadas dinastias reais.
A dinastia Afonsina é a dinastia cujos reis têm as suas sepulturas mais dispersas: no mosteiro de St.ª Cruz em Coimbra estão D. Afonso Henriques e D. Sancho I;
Túmulo de D.Sancho I na igreja de Stª Cruz em Coimbra.

O mosteiro de Alcobaça alberga D. Afonso II, D. Afonso III e D. Pedro I;
O rei D. Sancho II estará eventualmente sepultado na catedral de Toledo, tendo resultado infrutíferas as tentativas efectuadas para uma sua comprovação;
O rei D. Dinis tem a sua sepultura no convento de Odivelas;
Os restos mortais do rei D. Afonso IV estão na Sé de Lisboa;
O corpo do rei D. Fernando I encontra-se na igreja de S. Francisco em Santarém.


A Dinastia de Avis (rei D. João I ao cardeal-rei D. Henrique) tem as suas sepulturas divididas pelos mosteiros da Batalha:
D. João I, D. Duarte, D. Afonso V e D. João II;
e dos Jerónimos:
D. Manuel I, D. João III, D. Sebastião, D. Henrique. 
A dinastia de Bragança (D. João IV a D. Manuel II) tem as sepulturas dos seus reis no designado Panteão Nacional na igreja de S. Vicente de Fora, com excepção de D. Pedro IV cujo corpo se encontra na catedral de Petrópolis no Brasil e de D. Maria I com sepultura na basílica da Estrela em Lisboa.
27 reis (1140 - 1910) 770 anos, qual o povo que não ficaria orgulhoso? Haverá, talvez, muito poucos.), apenas 3 dinastias e 11 locais (incluindo três "desconhecidos": Odivelas, Sé de Lisboa e Santarém).