sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Ora gaita!


Cartazes e outras imbecilidades.
Neste país (que ainda não saiu da crise, como a coligação de direita orgulhosamente apregoa, nem tem alternativa credível para dela sair, como o “principal” partido da oposição assegura desajeitadamente) em vez de se debaterem problemas vitais para o futuro do país, tais como o seu envelhecimento, o abandono das regiões interiores, a dramática falta de fontes produtivas, a defesa de um precioso e moderno “estado social” à beira da falência, as imprescindíveis, misteriosas e tão faladas reformas estruturais, nada.
Nada disto se debate e ocupa as discussões “intelectuais”.
Hoje as horas (e não só o “horário nobre”) das emissões televisivas são ocupadas (até ao enjoo) pelo futebol e por assuntos menores como o dos cartazes da campanha eleitoral ou como querelas sobre heranças do passado ou as variações das décimas (!) dos valores das estatísticas do crescimento ou do desemprego. É mau, é péssimo mas é assim.
E é vê-los e ouvi-los, jornalistas e comentadores. Todos pela defesa do estado democrático sufocante da voz do povo, todos pela cordial e amistosa querela partidária. Fulano? Tenho o maior respeito intelectual, mas. Sicrano? Como estão lembrados sempre elogiei o seu carácter…mas. Ora gaita, fulano e sicrano deveriam ocupar o lugar real que têm na mente do falante (aldrabão, mentiroso, eteceteraetal). Mas, sob a capa de um politicamente correcto, a personalidade é afagada e retribui o “afagamento”. Não há vergonha.
Cartazes? Ora, m…! E o desemprego? E a segurança social? E os recorrentes escândalos financeiros (agora paira uma sombra pelo Montepio)? E a produtividade e o crescimento económico? E os fogos que devoram floresta sobretudo, por deficiente prevenção, negligência e crime?
Tudo isto e mais serão menos importantes do que cartazes com figurantes estrangeiros alugados ou caras nacionais enganadas?
No entretanto, o número 44 de Évora vendeu o seu apartamento de luxo em Lisboa com grandes parangonas nos jornais. E “ós pois”’? Não pode? Só os muitos aldrabões que estão cá fora é que podem?
No entretanto, o Jesus andou em baldrocas com o Jonas, envia sms aos seus antigos jogadores e o Victória que se prepare se os encarnados voltarem a perder. Preocupante.
No entretanto houve facadas em Alguidares de Baixo e tiros em Bringelas de Cima.
Estes são alguns dos revelantes entretantos para não referir a magna questão da eventual candidatura à Presidência de Maria de Belém (os senhores Nóvoa, de Sousa, Santana e Rio ficaram muito preocupados).
Tudo acontecimentos importantíssimos.
“Silly season”? De que maneira, mais do que “silly”, mais do que estúpida em bom português.

Ora gaita!  


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