Neste local aplaudiu-se a decisão do Sr. Alexis Tsipras de enfrentar a
prepotência do governo alemão que se considera dono da União Europeia invocando
tratados, como, por exemplo, o “Tratado Orçamental”, que nada têm a ver com os órgãos
e princípios constitucionais da U.E.
Aqui também se louvou a decisão do actual governo grego em referendar, ou
seja em dar a voz ao povo, aquilo que tinha sido imposto por um “Eurogrupo”
(outra aberração no que diz respeito às instituições que dirigem a U.E.).
Ñão devemos esquecer que a U.E. foi criada sem consulta aos seus povos
excluindo escassíssimas excepções como as da França, da Dinamarca e da Irlanda.
Estranho e caricato foi que as reuniões daquele “grupelho” tenham sido
interrompidas, hora sim hora não, para reuniões laterais entre o governo grego
e os responsáveis alemães e franceses. Depois das “conversações” a reunião do
“grupelho” continuava. Espantoso mas muito significativo.
Mas há um facto que não pode ser escamoteado:
O Sr. Tsipras não teve em conta, quando interrompeu a reunião e anunciou a
convocação de referendo, as conclusões de um estudo encomendado meses antes
pelo seu partido Syrisa sobre as consequências de uma saída do euro e um
regresso ao dracma. O resultado seria catastrófico e foi este senhor que
invocou no parlamento grego a catástrofe para dar o “nai pelo oxi dito” e fazer
aprovar condições muito mais gravosas do que as que conduziram poucos dias
antes ao referendo por ele declarado! A invocação de chantagem (facto
gravíssimo numa União de Estados) e a afirmação de não concordar com as
condições impostas para a concessão de um terceiro resgate não justificam a
reviravolta “tsiperiana”.
Irresponsabilidade, total inexperiência política, leviandade? O facto
incontornável e indesculpável é que o Sr. Tsipras marcou um referendo, na
respectiva campanha discursou ao seu povo apelando ao “oxi” para poucos dias depois
defender no parlamento o “nai”.
Tsipras mentiu e enganou o seu povo.
Por outro lado, o discurso no parlamento do ex-ministro das finanças
Varoufakis na sua declaração de voto (um “não” ao acordo) é muitíssimo
relevante ao comparar a situação da Grécia à da Alemanha no final da guerra de
14-18: uma estúpida imposição e uma completamente desnecessária humilhação que
conduziu trinta anos depois a uma catástrofe com a destruição de países, de
património e milhões de mortos.
Para além da chantagem invocada por Tsipras, esta humilhação é também gravíssima,
inesquecível e não augura nada de bom para o projecto europeu.
Adeus União Europeia.
A gravíssima situação económica e financeira da Grécia conduzirá muito
provavelmente e no médio-curto prazo à sua saída da zona Euro. A reestruturação
da dívida? Esta hipótese considerada ontem aberrante é hoje avançada claramente
pelo FMI e pelo BCE embora, como seria de esperar, rejeitada pelo beneficiário
das medidas de austeridade: o “boss” alemão.
Na sua última entrevista o Passos Rabbit voltou a manipular a estatística e
a manifestar a sua confiança nos bons e sólidos (?) resultados das medidas de
austeridade que o seu governo implementou. Uns dias antes teve o orgulho de
afirmar que o acordo entre a Grécia e o “grupelho” do Eurogrupo se deveu a uma
sua divinamente inspirada sugestão (presunção e água benta cada um toma a que
quer) quando, de facto, se veio a descobrir que a ideia foi de Mark Rutte,
primeiro-ministro holandês.
Passos Coelho voltou a mentir.
Que seria de Portugal, da Grécia, da Alemanha, da França, sem o pinóquio do
Passos Rabbit?
Hoje estamos, nós e não só a Grécia, como sempre infelizmente estivemos e estaremos:
pobres, dependentes de terceiros e à beira do abismo. A Grécia foi por ele
engolida.
Será que o glorioso líder e arguto político Passos Rabbit conseguirá
convencer os britânicos a permanecerem na U.E. ou, após o referendo, haverá um
“Britexit”?
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