terça-feira, 3 de março de 2015

Israel e a Palestina



"Arrogante na relação com os outros países e relutante em fazer a paz com os palestinianos"  
 
A questão da Grécia embora não tenha acabado (nem tão depressa isso acontecerá) vai, pouco a pouco, abandonando as primeiras linhas dos jornais e os principais temas de abertura das televisões.
Erràticamente, as graves situações no Médio Oriente (Exército Islâmico, situação no Egipto e na Líbia, continuada guerra civil da Síria, questão nuclear iraniana) vão ocupando o lugar que deveriam merecer no noticiário sobre a ordem internacional, em particular  uma questão maior: o problema Israelo-Palestiniano.
No passado dia 2 de Março, o primeiro-ministro israelita deslocou-se inesperadamente a Washington, com o desconforto do presidente Obama e do partido democrata, para discutir a evolução do projecto nuclear do Irão. Também o que recentemente aconteceu na relação de alguns estados europeus com a Palestina é significativo.
No “Público “on line” de 2 de Março pode ler-se:
“Israel fechou a torneira de água à cidade de sonho dos palestinianos (...) Rawabi (em território palestiniano mas na Cisjordânia invadida por colonatos israelitas que recebem bastante água) está pronta a ser habitada mas continua deserta (...).”. O Presidente israelita, Reuven Rivlin, pediu aos responsáveis israelitas para ligarem a água “deveríamos dar-lhes assistência no fornecimento de água (...) não damos água aos colonatos?”.
Também o que recentemente aconteceu na relação de alguns estados europeus para com a Palestina é significativo:
“(...) O governo sueco reconheceu oficialmente  - 30 de Outubro – o Estado da
 Palestina (...) Israel chamou o seu embaixador em Estocolmo. O ministro dos Negócios estrangeiros recordou à sua homóloga sueca que “A Suécia tem de perceber que as relações no Médio Oriente são muito mais complicadas do que o sistema de montagem de móveis Ikea”. (...) A ministra sueca respondeu “Terei muito prazer em enviar-lhe um móvel Ikea para montar. Descobrirá que a tarefa requer um parceiro, cooperação e um bom manual” (...).
Israel, a Palestina e o Irão voltaram às luzes da Ribalta e seriam estrelas de primeira grandeza nos media se não fossem as repetidas barbáries do Exército Islâmico (o que espera a coligação de cerca de 60 países para colocarem tropas no terreno para além dos actuais ataques aéreos?)

 
O conjunto de artigos de Al-Arabiya (Dubai), Ha Aretz (Telavive), Finantial Times (Londres), Mashallah News (Beirute) que o “Courrier Internacional” de Março de 2015 publica em 12 páginas fornece um muito interessante conjunto de informações sobre a questão israelo-palestiniana.
“(...) Nos últimos anos o Estado hebreu (considera-se) militarmente invencível e invulnerável às críticas e pressões internacionais (...) Telavive (convenceu-se) que pode prosseguir impunemente com a sua política (...) com a expansão de colonatos, uma ocupação opressiva (...) a solução política de dois Estados independentes torna-se mais distante e incerta (...) O Parlamento britânico votou (13 de Outubro) a favor da independência da Palestina por uma maioria esmagadora (...) outros parlamentos nacionais já se pronunciaram no mesmo sentido: França, Espanha, (Itália, Irlanda), Portugal e Bélgica (...) sem uma mudança de orientação rápida e radical da parte do Governo Israelita (...) o Estado hebreu vai sofrer um confronto inevitável com o resto do mundo e um crescente isolamento (...) “. 
Al-Arabiya. 
Julga-se, assim, pertinente e eventualmente interessante um brevíssimo resumo da História daquelas nações e povos.


Palestina:  Parte meridional da antiga região de Canaã (de Cham, neto de
Noé), de fronteiras imprecisas a Nascente do rio Jordão mas que a Sul e Norte, se pode considerar limitada, respectivamente, pelo Sinai e pelo rio Orontes. A antiga Canaã integra,actualmente, o que são, territórios do Líbano,do Egipto, da Jordânia, da Siria e, claro, de Israel.
O primeiro povo de Canaã, os canaanitas, era cultural e religiosamente heterogéneo com influências do Egipto, da Mesopotamia, da Anatólia, do Egeu. Dizem que lá se estabeleceu por volta de 2000 a.C.
A  Palestina deve o seu nome ao povo dos Filisteus, povo originário de Creta, que invadiu a parte meridional de Canaã cerca de 1300 a.C, assim como outro povo: os Hebreus.
 . 
Hebreus:  Designação que vem de “heber“,que designa  “do lado de lá“ porque vieram do outro lado do rio Eufrates, de Nascente do rio Jordão. O povo, que a ele próprio se denominava “ben-Israel“, era constituído por 12 tribos (10 de Jacob e 2 de José) agrupadas em 4 famílias as quais, posteriormente (em 928 a.C) e no seguimento de uma guerra civil, deu origem a dois reinos, o de Israel (a Norte entre Jafa e Sidon e com capital em Samaria) e o de Judeia, cujo nome vem da tribo preponderante no território, a de Judas, (a Sul entre o Egipto e Jafa e com capital em Jerusalém).
No sec. IX (a.C.) as relações entre os dois estados eram hostis, tendo a Judeia beneficiado do apoio militar de Damasco (Assíria).

A conquista : Os hebreus levaram 3 séculos a conquistar a terra aos povos 
aborígenes, Idumenos e Amalecitas a Sul, Moabitos, Ismaelitas e Amonitas a Este. A maior oposição foi dada pelos Filisteus que bloquearam a expansão para S.O. A ocupação, iniciada por Joshua,foi sempre feita com base na soberania das tribos, as quais devido à forte oposição dos filisteus, reuniram-se numa monarquia cujo primeiro rei foi Saul (1006 a.C.).      

Os reis :     A Saul sucedeu David o qual, após ter submetido os povos aborígenes, criou o 1º estado hebreu. David abandonou a capital da sua tribo (Hebron) e conquistou, 300 km a Norte, a fortaleza de Sion capital dos autoctones cananitas, os jebuseanos. Sion seria baptizada como Jerusalém (965 a.C).
A David sucedeu o seu filho Salomão que mandou construir o “Templo“.
O filho de Salomão, Rahoboam, não conseguiu manter a unidade entre as tribos e a guerra civil estalou entre judeus (que incluia as tribos mais populosas de Judas, de Benjamim, de Isau e de Simão) e israelitas.
Depois de Rhoboam, foram 20 os reis da Judeia até Sedécias (587 a.C.).     

O estado de Israel : A desunião e conflitualidade com a Judeia, assim como o
poder crescente dos Assírios, conduziu ao enfraquecimento do estado de Israel, o qual no sec.VIII era um reino vassalo do império assírio com capital em Samaria.
Em 727 a.C. uma revolta conduzida por Hoshea foi esmagada. Israel foi anexado e a sua população deportada para território assírio.

O estado da Judeia : Em 701 a.C., o império Assírio conquistou, tambem, a
Judeia. Em 612 dá-se a queda do Império e a Judeia fica sob domínio do Egipto. Por pouco tempo, já que em 605 o rei Nabucodonosor captura Jerusalem e, anos mais tarde, deporta os judeus para a Babilónia.
Em  539, o grande rei Cyrus da Pérsia destrói a Babilónia e autoriza o
regresso dos judeusao território entre a fronteira com o Egipto e
Jerusalem. Era o início da Diáspora. 
Acima estão factos históricos podendo os mais relevantes serem resumidos nos seguintes pontos:
               1 -  Os hebreus invadiram um território que não era o deles em
                     1300 a.C.
               2 -  Os hebreus eram 12 tribos desavindas.
               3 -  Os hebreus organizaram-se em dois estados distintos,
                     Judeia e Israel.
               4 -  Há que considerar na História duas capitais: Jerusalém
                    (chamada Sion) e Samaria.
               5 -  O que se pode designar como “ Grande Israel “, não durou mais
                     do que 80 anos (de David a Rahoboam).
               6 -  O regresso de judeus no sec. VI a.C limitou-se, até ao sec XX
                     d.C, ao território entre a peninsula do Sinai e Jerusalém.                                                     

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