"Arrogante na relação com os outros países e relutante em fazer a paz com os palestinianos"
A
questão da Grécia embora não tenha acabado (nem tão depressa isso acontecerá)
vai, pouco a pouco, abandonando as primeiras linhas dos jornais e os principais
temas de abertura das televisões.
Erràticamente, as graves situações no Médio Oriente (Exército Islâmico, situação no
Egipto e na Líbia, continuada guerra civil da Síria, questão nuclear iraniana) vão ocupando o lugar que
deveriam merecer no noticiário sobre a ordem internacional, em particular uma questão maior: o problema Israelo-Palestiniano.
No passado dia 2 de Março, o primeiro-ministro israelita deslocou-se inesperadamente a Washington, com o desconforto do presidente Obama e do partido democrata, para discutir a evolução do projecto nuclear do Irão. Também o que recentemente aconteceu na relação de alguns estados europeus com a Palestina é significativo.
No “Público “on line” de 2 de Março pode ler-se:
“Israel
fechou a torneira de água à cidade de sonho dos palestinianos (...) Rawabi (em
território palestiniano mas na Cisjordânia invadida por colonatos israelitas
que recebem bastante água) está pronta a ser habitada mas continua deserta
(...).”. O Presidente israelita, Reuven Rivlin, pediu aos responsáveis
israelitas para ligarem a água “deveríamos dar-lhes assistência no fornecimento
de água (...) não damos água aos colonatos?”.
Também o que recentemente aconteceu na relação de alguns estados europeus para com a
Palestina é significativo:
“(...)
O governo sueco reconheceu oficialmente
- 30 de Outubro – o Estado da
Palestina (...) Israel chamou o seu
embaixador em Estocolmo. O ministro dos Negócios estrangeiros recordou à sua
homóloga sueca que “A Suécia tem de perceber que as relações no Médio Oriente são
muito mais complicadas do que o sistema de montagem de móveis Ikea”. (...) A
ministra sueca respondeu “Terei muito prazer em enviar-lhe um móvel Ikea para
montar. Descobrirá que a tarefa requer um parceiro, cooperação e um bom manual”
(...).
Israel, a Palestina e o Irão voltaram às luzes da Ribalta e seriam estrelas de primeira grandeza nos media se não fossem as repetidas barbáries do Exército Islâmico (o que espera a coligação de cerca de 60 países para colocarem tropas no terreno para além dos actuais ataques aéreos?)
O
conjunto de artigos de Al-Arabiya (Dubai), Ha Aretz (Telavive), Finantial Times
(Londres), Mashallah News (Beirute) que o “Courrier Internacional” de Março de
2015 publica em 12 páginas fornece um muito interessante conjunto de informações
sobre a questão israelo-palestiniana.
“(...)
Nos últimos anos o Estado hebreu (considera-se) militarmente invencível e
invulnerável às críticas e pressões internacionais (...) Telavive
(convenceu-se) que pode prosseguir impunemente com a sua política (...) com a
expansão de colonatos, uma ocupação opressiva (...) a solução política de dois Estados
independentes torna-se mais distante e incerta (...) O Parlamento britânico
votou (13 de Outubro) a favor da independência da Palestina por uma maioria
esmagadora (...) outros parlamentos nacionais já se pronunciaram no mesmo
sentido: França, Espanha, (Itália, Irlanda), Portugal e Bélgica (...) sem uma mudança de orientação
rápida e radical da parte do Governo Israelita (...) o Estado hebreu vai sofrer
um confronto inevitável com o resto do mundo e um crescente isolamento (...) “.
Al-Arabiya.
Julga-se, assim, pertinente e eventualmente
interessante um brevíssimo resumo da História daquelas nações e povos.
Palestina:
Parte meridional da antiga região de Canaã (de Cham, neto de
Noé), de
fronteiras imprecisas a Nascente do
rio Jordão mas que a Sul e Norte, se pode considerar limitada, respectivamente, pelo Sinai e pelo rio Orontes. A antiga Canaã integra,actualmente, o que são,
territórios do Líbano,do Egipto, da Jordânia, da Siria e, claro, de Israel.
O primeiro povo
de Canaã, os canaanitas, era cultural e religiosamente heterogéneo com
influências do Egipto, da Mesopotamia, da Anatólia, do Egeu. Dizem que lá se estabeleceu por volta de 2000 a.C.
A Palestina deve o seu nome ao povo dos
Filisteus, povo originário de Creta, que invadiu a parte meridional
de Canaã cerca de 1300 a.C, assim como outro povo: os Hebreus.
.
Hebreus:
Designação que vem de “heber“,que designa “do lado de lá“ porque vieram do outro lado do rio Eufrates, de Nascente do rio Jordão. O
povo, que a ele próprio se denominava “ben-Israel“,
era constituído por 12 tribos (10 de Jacob e 2 de José) agrupadas em 4 famílias as
quais, posteriormente (em 928 a.C) e no seguimento de uma guerra civil, deu
origem a dois reinos, o de Israel (a Norte entre Jafa e Sidon e com capital em Samaria) e
o de Judeia, cujo nome vem da tribo preponderante no território, a de Judas, (a Sul entre o Egipto e Jafa e
com capital em Jerusalém).
No sec. IX (a.C.) as
relações entre os dois estados eram hostis, tendo a Judeia beneficiado do apoio
militar de Damasco (Assíria).
A conquista : Os hebreus levaram 3 séculos a conquistar
a terra aos povos
aborígenes, Idumenos e Amalecitas a Sul,
Moabitos, Ismaelitas e Amonitas a Este. A maior oposição foi dada pelos Filisteus que
bloquearam a expansão para S.O. A ocupação, iniciada por Joshua,foi sempre feita com
base na soberania das tribos, as quais devido à forte oposição dos filisteus, reuniram-se numa monarquia
cujo primeiro rei foi Saul (1006 a.C.).
Os reis : A Saul sucedeu David o qual, após ter submetido os
povos aborígenes, criou o 1º estado hebreu. David abandonou a
capital da sua tribo (Hebron) e conquistou, 300 km a Norte, a fortaleza de Sion capital dos autoctones cananitas, os
jebuseanos. Sion seria baptizada como Jerusalém (965 a.C).
A David sucedeu o seu filho
Salomão que mandou construir o “Templo“.
O filho de Salomão,
Rahoboam, não conseguiu manter a unidade entre as tribos e a guerra civil estalou entre
judeus (que incluia as tribos mais populosas de Judas, de Benjamim, de Isau e de Simão) e israelitas.
Depois de Rhoboam, foram 20 os reis da Judeia até Sedécias (587 a.C.).
O estado de
Israel : A desunião e
conflitualidade com a Judeia, assim como o
poder crescente dos Assírios,
conduziu ao enfraquecimento do estado de Israel, o qual no sec.VIII era um reino
vassalo do império assírio com capital em Samaria.
Em 727 a.C. uma revolta
conduzida por Hoshea foi esmagada. Israel foi anexado e a sua população
deportada para território assírio.
O estado da Judeia : Em 701 a.C., o império Assírio
conquistou, tambem, a
Judeia. Em 612 dá-se a queda do Império e a Judeia
fica sob domínio do Egipto. Por pouco tempo, já que em 605 o rei Nabucodonosor
captura Jerusalem e, anos mais tarde, deporta os judeus para a
Babilónia.
Em 539, o grande rei Cyrus da Pérsia destrói a
Babilónia e autoriza o
regresso dos judeusao
território entre a fronteira com o Egipto e
Jerusalem. Era o início da
Diáspora.
Acima estão
factos históricos podendo os mais relevantes serem resumidos nos seguintes
pontos:
1 - Os hebreus invadiram um território que não era o deles em
1300
a.C.
2 - Os hebreus eram 12 tribos desavindas.
3 - Os hebreus organizaram-se em dois estados distintos,
Judeia e Israel.
4 - Há que considerar na História duas capitais: Jerusalém
(chamada
Sion) e Samaria.
5 - O que se pode designar como “ Grande Israel “, não durou mais
do
que 80 anos (de David a Rahoboam).
6 - O regresso de judeus no sec. VI a.C limitou-se, até ao sec XX
d.C, ao território entre a peninsula do Sinai e
Jerusalém.