D. Duarte foi
rei melancólico, bom cavaleiro e lutador, dedicando sobretudo um grande amor às
letras. Da descrição de Rui de Pina, surge-nos um monarca de agradável
proporção, rosto redondo, pouca barba e cabelo liso. Trajava vestes curtas e
ajustadas- próprias às actividades de cavalaria, tal como bem recomenda o
próprio, no seu Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela (3).
Homem alegre e de gracioso recebimento, deslocava-se com desenvoltura e
ar galante (4).
D. Afonso V
costumava usar chapéu à moda flamenga, de abas redondas voltadas para cima, pelote
curto e rodado, com os ombros subidos e enchumaçados, umas calças justas
e sapatos de bico (5). Este monarca, grande defensor dos velhos valores
medievais, era alto, de rosto redondo e barba preta, calvo a partir dos trinta
anos. No painel de S. Vicente de Fora, a suposta figura de D. Afonso V veste um
gibão de veludo verde, talvez liso e lavrado, ou cinzelado
a duas alturas.
D. João II era
homem de bom parecer e corpo de meia estatura, bem feito e proporcionado,
airoso e de tanta gravidade e autoridade, que entre todos era logo conhecido
por rei (7). Segundo as descrições, este monarca, pouco ousado no vestir, tinha
o rosto um pouco comprido, corado, os lábios bem desenhados, olhos negros e
graciosos. Usava barba preta e bem posta, e o cabelo liso acastanhado.
D. Manuel I era,
por volta dos vinte e seis anos, um
homem de boa estatura, de corpo mais delicado que grosso, a cabeça sobre o
redondo, os cabelos castanhos, a testa alevantada e bem descoberta deles, os
olhos alegres, entre verdes e brancos, alvo, risonho, bem assombrado
(8).Tinha os braços muito compridos com as mãos chegando aos joelhos.
D. João III, de
fisionomia forte, tinha um rosto alvo e com boa cor. Uma testa larga,
olhos entre verde e azuis, pestanudos e de lábios finos, pequenos e vermelhos.
Possuía uma figura proporcionada e airosa no andar, deslocava-se com um ar
composto e grave. D. Isabel, a mais esplendorosa das irmãs, mulher belíssima,
de rosto claro e um olhar azul-esverdeado, casou-se com o seu apaixonado
imperador Carlos V.
D. Sebastião no epitáfio
escrito por Faria de Sousa, é descrito como tendo figura alta e aspecto
majestoso, de uma cor muito branca, louro e olhos azuis. Na minha opinião é o resultado típico do cruzamento sucessivo de primos direitos, tios e sobrinhos que caracteriza as dinastias reais de Espanha (Castela, Aragão, Portugal...). Louco bonito como louco, cruel e deformado era o seu "mais do que" primo direito (tinham os quatro avós comuns...) D. Carlos que, por conspiração contra o seu pai Filipe II de Espanha, foi preso e morreu enclausurado.
(1) D. Duarte, Livro
da Ensinança de Bem Cavalgar Toda a Sela, ed. J. Piel, Lisboa, 1944. (2) Rui de Pina, Crónica de El-Rei D. Duarte, s. ed., Lisboa, 1901
(3) Iluminura de D. Afonso V, publicada em A. H. Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa, Sá da Costa editora, 4ª edição, Lisboa, 1981, fig. 65.
(4) Garcia de Resende, Ob. cit., ed. 1798, pág. 15.
(5) Damião de Góis, Crónica do felicíssimo rei D. Manuel, dir. Joaquim Carvalho e David Lopes, s. ed., Lisboa, 1926, parte IV, cap. LXXXIII.
(6) "Cópia e memória da doença e enterro de El-Rei D. Manuel" in António Caetano de Sousa, Ob. cit., Livro IV, tomo II, , pág. 309..
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