quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Inconseguimento



Palavra não encontrada nos dicionários da língua lusobrasileira e que talvez só figure em exclamações populares espalhadas pela net (sim, a palavra pode encontrar-se lá, como, talvez, imbecis neologismos como “Inférias, ingoverno, inobre, inexistenciado, desimbecilamento,...etecetera”. Só que a sabedoria popular, que em todos nós deve existir, não  se deve confundir com imbecilidade vocabulária tão frequente, infelizmente, em notícias e comentários dos media como, pior ainda, em pomposas e intelectuais afirmações e discursos políticos.
Vem o assunto a propósito das afirmações da Sr.ª Dr.ªAssunção Esteves numa entrevista à Radio Renascença: 
 http://www.youtube.com/watch?v=dvkYf8xFWm0 
O imbecil neologismo não teria qualquer importância se não tivesse sido proferido, no meio de outras imbecilidades, pela segunda figura do Estado Português.
Como lá chegou seria fácil mas discutivelmente de adivinhar, por exemplo o lobby feminino, em toda a sua fanática obsessão pelo princípio da “paridade” ou a recompensa partidária por serviços prestados.
No meio de 230 deputados, fraccionados em dois blocos, uma eleição para o primus inter pares de todos teria que ser políticamente correcta e à la mode. Foi-o ao eleger uma mulher. Por outro lado, deveria reconhecer-se que uma lei ou princípio baseado na paridade entre sexos é uma imbecilidade. De facto, é imbecil partir-se do princípio que 50% de machos se confrontam com 50% de fêmeas competentes, ou pior ainda 100% e zero.
Porque não 80% versus 20% ou o inverso, por exemplo, 40% de competentes machos versus 60% de fêmeas? “Why not?”. Porque a exclusão e a descriminação que as mulheres foram objecto até ao 1º quartel (digamos) do século XX ainda estão nas cabecinhas de muita gente, sobretudo nas de algumas ressabiadas do século XXI (!). Claro que 50-50 é o politicamente correcto, "cela va sans dire"...
Mas voltemos ao discurso da Assunção:

           
“(...) O meu medo é o do inconseguimento, em muitos planos: o do inconseguimento de não ter possibilidade de fazer no Parlamento as reformas que quero fazer, de as fazer todas, algumas estão no caminho; o inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social frustracional derivado da crise (...). “um não conseguimento ainda mais perverso: o de a Europa se sentir pouco conseguida e de não projectar para o mundo o seu 'soft power sagrado', a sua mística dos direitos, a sua religião civil da dignidade humana. E não conseguirá se não for capaz de agilizar as suas instituições políticas (...)Tenho medo do egoísmo, do egoísmo que nos deixa de certo modo castrados em termos pessoais e nos deixa castrados em termos colectivos.”
E estas frases relativas a “medos de inconseguimento”, que para  serem respeitáveis mau grado o assassinato da língua por parte de uma licenciada em direito, deveriam ser coerentes como os “conseguimentos” e não o são.
Ora vejamos:
A presidente (e não como algumas delas querem "presidenta") da Assembleia da República, Assunção Esteves, recebe 7.255 euros de pensão por dez anos de trabalho como juíza do Tribunal Constitucional. Por não poder acumular esse valor com o ordenado de presidente do Parlamento, Assunção Esteves abdicou de receber pelo exercício do actual cargo, cujo salário é de 5.219,15 euros. Mantém, no entanto, o direito a ajudas de custo no valor de 2.133 euros.
Assunção Esteves pôde reformar-se muito cedo, aos 42 anos, porque a lei de então contemplava um regime muito favorável para todos os juízes do Tribunal Constitucional, que se podiam aposentar com 12 anos de serviço, independentemente da idade, ou com 40 anos de idade e dez anos de serviço.
Que conseguiu, conseguiu e que tem revelado que inconsegue também.
                     
                    
Pobre país que tem criaturas destas à frente dos seus destinos.
Uma cúmplice pandilha.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Eleições europeias e tachos


Olhem p´ra eles: a dormir, a espreguiçar, a bocejar,  a ler revistas “softcore”...Não me digam que não é uma lindeza. E para quê? Para receber, analisar e resolver questões importantérrimas para a União Europeia, ou seja para nós.
Exemplos do importantérrimo? A normalização de sanitas (ou pias,ou...), a calibração das bananas, eteceteretal. 
À ”borliu”? Nem pensar! Os vencimentos, incluindo ajudas  de custo de todas as espécies, que estas criaturas auferem são  “faraónicos” (vejam o esplendor das máscaras de Tutankhamon e terão uma ideia da opulência de 1300 a.C, época de escravos). E quem paga hoje os bocejos, as leituras, etc, dos deputados europeus? Nós cidadãos contribuintes. Nós cá e lá.
A Alemanha tem um  enorme saldo positivo resultado directo da pirataria por ela feita aos países europeus . Ninguém bate um murro na mesa  pelos perdões das dívidas das  guerras de 14-18 e de 39-45 e pelos custos da reunificação da Alemanha em 1989. Extraordinário, no mínimo.
E aqui está ela outra vez: a Alemanha com o seu imperialismo e a sua prepotência! E no parlamento europeu, cujas eleições são “amanhã” nunca ninguém disse nada, tudo de joelhos frente à Merkl e e ao Wolfgang Schäuble. Vergonhoso. “Shame on you” José Manuel Barroso (putativo – adjectivo de sonoridade  admirável! -  candidato a Presidente da República Portuguesa).
Votar proximamente nas listas para o parlamento (para-lamento) europeu? Listas feitas pelas direcções partidárias como recompensa pela disciplina, sabujice e favores próximos da corrupção? O PS “com uma victória esmagadora” e o PSD/CD “castigados”? Devíamo-nos estar nas  “tintas tintorum” para o resultado e regozijarmo-nos por um astronómico número de abstenções ou de votos brancos ou nulos. Porquê? Muito simplesmente porque toda aquela cambada  faz parte da mesma pandilha do “saca-e-foje” (para Cabo Verde, por exemplo, ou, merecendo mais reflexão embora sejam evidências, para empresas públicas, organismos governamentais e municipais, representantes do povo (!) na AR).
O “cacau” vai, na sua quase totalidade, para os seus bolsos (com a honrosa excepção do PCP cujos eleitos devolvem ao partido a maior parte do que recebem).
Ter-se o trabalho, a maçada, de votar em “boys” e “girls” cujo objectivo não é o de defender os interesses de Portugal mas sim os definidos pelos craniozinhos (em idade e competência) que mandam, que controlam as máquinas partidárias e que, sobretudo, o que querem é ganhar “o seu”? 
Era o que faltava.
Por mim,  “jamais” (como diria um ignorante ex-governante), nem pensar.