sexta-feira, 29 de junho de 2018

Marcelices


Esta deslocação do Presidente Marcelo aos EUA teve uma natureza relâmpago. Pelo que foi dito, a “entrevista” teve uma duração de 30 minutos.
Fiquei maravilhado com os comentários dos nossos crânios e “homens do tacho” políticos.
Dizem que foi um grande feito da diplomacia portuguesa, que foi mais uma demonstração da invulgar maestria cultural e malabarista do presidente da república.
Para nós, miserável público, não foram divulgadas as questões maiores, tais como a base dos EUA nas Lajes, a NATO e o problema da emigração.
E o que se soube pelos media? Que Marcelo deu uma lição de história e de apertos de mão a Trump, o que, dizem, foi estudado. O francês Macron e o japonês Shinzō Abe devem estar a roer as unhas de inveja.
Soubemos que Marcelo sublinhou (com caretas) a política trumpista sobre a emigração, que referiu que, apesar da mais antiga aliança de Portugal ser com a Grã Bretanha, Portugal foi o primeiro país a reconhecer a independência dos EUA o que foi feito com um brinde com vinho da Madeira, que CR7 é o melhor jogador de futebol do Mundo, que há 1 milhão e 400 mil portugueses e lusodescendentes nos EUA, etc.
E, “the last but not the least”, que Putin lhe tinha pedido para mandar cumprimentos. Ridículo.
Uma teatral tristeza a contrastar com o curto, infantil e também ridículo diálogo que Marcelo teve no ano passado com a Raínha de Inglaterra.
Também soubemos que Marcelo, após ter sublinhado o papel de Portugal como potência mundial futebolística e respondendo a uma interrogação de Trump, não recear uma candidatura de Cristiano Ronaldo à presidência da República. Comentou que “Portugal não é como os EUA”.
Também vi, no final, Marcelo refastelado na cadeira tal como macho alfa, numa pose que “de estado” nada tinha, e Trump sentado com a sua gravata vermelha caída, inclinado para a frente e de mãos cruzadas pendentes, desanimadas. Elucidativo.
Afortunadamente, há uma visita presidencial à China para confirmarmos a realidade marcelista a qual se reflecte na “implausibilidade” (Vasco Pulido Valente dixit) de ele ter sido eleito como mais alto magistrado da Nação.
Uma evitável ridicularia foi o que foi a visita de Marcelo a Trump.
No comportamento, Trump, representante de um país com mais de 300 milhões de habitantes, deu cartas ao ser educado e contido com o “chefe” de mundialmente insignificantes 10 milhões (na economia, no poder militar, na influência política).
D. Pedro I “o cru” cantava e dançava por Lisboa ao som de "longas" com a populaça. Marcelo “o beijoqueiro” baila e tira “selfies” com o povo. Passados 650 anos os tempos não mudaram.