sexta-feira, 28 de março de 2014

Estratégias da manipulação



Todos os dias, ao lermos um jornal, ao vermos um noticiário ou um programa de informação na televisão (pública ou privada) somos os alvos de uma
estratégia de manipulação ao serviço dos mais variados e diferentes interesses.
O tema não é novo embora só recentemente tenha tido dele conhecimento. Data de 2010 e figura num livro de Noam Chomsky intitulado “Estratégias da 
Manipulação Mediática”.
Chomsky é um filósofo, cientista e comentador político norte americano no MIT (Massachusets Institute of Technology) no qual é Professor Emeritus. Publicou mais de 100 livros e numa sondagem de 2005 foi eleito como “world´s top public intellectual”.
Eis, segundo Noam Chomsky, dez das estratégias de manipulação mediática:
1 – Estratégia da Distracção: com o objectivo de desviar a atenção dos problemas importantes e das decisões das élites políticas e económicas, mantém-se o público ocupado sem nenhum tempo para pensar. Técnica? Inundação de distracção e de informação sem importância (exemplos: futebol, telenovelas, programas da manhã, a previsão do futuro pela cartomancia e astrologia ao alcance de cada um).
2 – Estratégia da Criação e Solução de Problemas: criar no público a súplica, a ânsia de medidas que por ele sejam desejadas e aceites. Técnicas? Divulgar a violência urbana para que seja o público a exigir leis de segurança  ou políticas em prejuízo da liberdade; criar crises económicas para que o povo aceite como mal necessário o retrocesso dos seus direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.
3 – Estratégia da Gradualidade: fazer com que mudanças radicais sejam gradualmente aceites sem revolta. Técnicas? Aplicar a conta-gotas, de um modo gradual e a longo prazo medidas objectiva e claramente inadmissíveis.
4 – Estratégia do Adiamento: provocar a aceitação de uma decisão impopular e apresentada como “dolorosa” e “necessária” mas apenas de aplicação futura.
Técnica? Amanhã tudo será melhor e o sacrifício exigido pode ser hoje evitado; acostumar o cidadão à ideia da mudança para aceitá-la amanhã com resignação.
5 –Estratégia do Público Infantil: o povo não tem maturidade para analisar e discutir os graves problemas da comunidade; provocar nele reacções desprovidas de sentido crítico. Técnicas? Utilizar nos discursos argumentos e personaqgens particularmente infantis a roçar a debilidade mental.
6 – Estratégia do Emocional sobrepõe a Razão: neutralizar o sentido crítico.
Tecnicas? Injectar desejos e medos; induzir comportamentos convenientes.
7 – Estratégia da Ignorância e da Mediocridade: criar a incapacidade de o público compreender a qualidade medíocre da informação prestada.
8 – Estratégia da Complacência pela Mediocridade: fazer com que a vulgaridade, a incultura, o desprezo pela intelectualidade, o culto do corpo sejam considerados pelo público como moda a seguir, a aplaudir.
9 – Estratégia do Sentimento de Culpabilidade: fazer crer ao indivíduo que ele é o único culpado pela sua desgraça por falta de inteligência, de capacidade ou de esforço.
10 – Estratégia da Intrusão: o sistema deve conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo se conhece;  o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos.
Tudo isto não vos diz nada sobre o regime em que vivemos? Não? Tenho pena.

quarta-feira, 12 de março de 2014

A reestruração da dívida



                     
Hoje, dia 12 de Março de 2014, foi divulgado um manifesto subscrito por mais de 70 personalidades dos mais variados sectores políticos, desde o CDS ao BES, mau grado defenderem estratégias diferentes para responder à crise económica e social que afecta Portugal de modo gravoso e preocupante.
Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente é o apelo do Manifesto que sublinha que tal tarefa deve ser feita  “no respeito das normas constitucionais” e “ocorrer no espaço institucional europeu”.
São apontados alguns números que caracterizam o problema português (no final de 2013: dívida pública de 129% do PIB, endividamento externo de 225% do PIB) e é referido o contragosto que um objectivo de reestruturação suscitará em instituições europeias, nomeadamente por parte dos responsáveis alemães.
A este respeito lembra factos que deveriam acordar consciências e moderar
eventuais oposições. Assim,  refere o Acordo de Londres sobre a Dívida Externa
Alemã, de 27 de Fevereiro de 1953 (há 61 anos).
Por ele a dívida externa alemã foi parcialmente perdoada: a anterior à 2ªGuerra Mundial em 46% e a posterior em 52%.
Mais, do remanescente  17% ficaram a juro zero,  38% a juro de 2,5 % e os
juros devidos desde 1934 (velhos de19 anos) foram igualmente perdoados. No
passado mês de Dezembro, a Irlanda e Portugal foram aos mercados procurar 3
mil milhões de euros, as taxas a dez anos foram, respectivamente, de 3,5% e
de 5,1%. 
Mas o tratado não se ficou por aqui.
Foi acordado um período de carência de 5 anos e as responsabilidades futuras
da Alemanha foram limitadas a 5% das suas exportações. Só após a
reunificação da Alemanha foi efectuado o último pagamento da dívida alemã e
isso 50 anos após o Acordo de Londres.
“Milagre económico alemão”? Milagre? Pois, mas não só e comentários para quê?
Quais as condições constantes no Manifesto para a reestruturação da dívida:
1ª Abaixamento da taxa média de juro;
2ª Alongamento dos prazos da dívida;
3ª Reestruturar a dívida pelo menos acima de 60% do PIB.
O cidadão eleitor achará, julgo, que são condições sensatas.
Há futuro para uma preparação da reestruturação da dívida portuguesa tendo em atenção a falta de consenso sobre a sua modalidade que caracteriza as posições políticas dos subscritores do Manifesto e a violenta oposição de organizações próximas do actual governo? E se sim, a Europa é una, como ficou provado em 1953 depois da mais sangrenta e destruidora guerra mundial provocada pela reincidente Alemanha, ou continuará a ser uma vergonhosa promiscuidade entre filhos e enteados?
Veremos.
E, já agora, o que é mais criticável: o “despesismo”, a “nonchalance”, a alegria
de viver dos irresponsáveis “pigs” ou a disciplinada economia (?), o
autoritarismo, a violência militar ou financeira dos que sempre quizeram ser os
donos da Europa?